Os meus problemas Pop, ou The Great Pretenders, o álbum novo dos Mini Mansions

Houve tempos em que eu achava que a música se podia encaixotar em gavetas com rótulos. E que o Pop era uma designação estática para músicas que passavam na radio, daquelas que toda a gente canta e abana um pezinho. Graças a Deus que há coisas que mudam.

A verdade é que, o próprio conceito de Pop (se entendermos Pop como Popular) não ajuda muito à definição seja do que for, sendo, para mim, muito restritivo. 

E, o problema é que, se analisarmos bem este The Great Pretenders, o segundo álbum dos Mini Mansions não o consigo dissociar do tal Pop. E que eu não acho que isso tenha nada a ver com o Popular, ou com o "toda a gente gosta" ou mesmo com a parte de ele ser um álbum com muito hype



Não o consigo dissociar é do Pop dos Beatles. Nem do dos Beach Boys. Ou do de Elliot Smith, ou mesmo do do Bowie. É isso para mim não é de todo o Pop restritivo da definição inicial, sem contudo deixar de pertencer a essa mesma definição, por mais estranho que isso possa parecer à primeira vista.



De dizer aqui também que, a única grande razão que me fez ouvir este álbum não foi o facto de o baixista ser Michael Shuman dos Queens of The Stone Age, nem mesmo o facto de o próprio Trent Reznor (sim o dos Nine Inch Nails) fazer parte da produção dele. 

Foi mesmo "só" a presença de Alex Turner (sim, sempre Alex Turner), que aparece aqui a dar uma mãozinha na que eu acho que é a "música mais sexy do mundo" desde "Do I Wanna Know" de AM, "Vertigo"




A música que é um momento quase "á parte" deste The Great Pretenders
Que me arrepia sempre que a ouço e que me arranca sempre uns sorrisinhos meio nervosos dada a intensidade da coisa. (Culpa quase integral de Alex Turner e do seu cantar sussurrado...? ou talvez da própria letra...? Não sei. Propavelmente é tudo. E mais alguma coisinha.)

"Vertigo" que, na realidade, não se poderia chamar mais coisa nenhuma. "Vertigo" cuja definição é nem mais nem menos do que "substantivo, uma sensação de tontura e falta de equilibrio, associada particularmente ao medo das alturas...; tontura." E, digo eu que  sim, no meu caso, tenho quase estes sintomas todos quando a musica começa a tocar.


De qualquer forma isto acaba por ser uma coisa algo redutora em relação ao próprio álbum. E porquê? 
Simples: porque se não fosse "Vertigo" eu não teria ouvido The Great Pretenders
E nem era da opinião de os Mini Mansions eram mesmo bons. 
E que o álbum é um álbum diferente do que normalmente se faz nesse tal Pop de que eu falei à bocado. (Porque não o consigo achar de mais sítio nenhum a não ser do Pop. Por mais que o ouça e re-ouça e volte a ouvir.)

Mas há mais a destacar sem ser "Vertigo". 
Começo por "Creeps", que tem para mim, uma das melhores melodias do álbum, apesar do seu ar mais "baladeiro". 
"Creeps" com o seu tema cruelmente real, com uma toada mais old-school do que estaríamos à espera e com um ar pseudo-dramático que contrasta com a parte mais "doce" do tom de voz de Tyler Parkford. 



Destaco também "Any Emotions", com a ajuda de Brian Wilson dos Beach Boys. Não pela ajuda em si mas pelo tom da música e pelas fantásticas distorções que ela tem. Também não posso deixar de fora "Mirror Mountain", num registo mais rock, ainda que sem descolar do registo rock dos anos 80, (que está presente em todo o álbum), mas, aqui com a presença de muitos samplers usados de forma muito interessante é muito bons. 



The Great Pretenders é um álbum Pop, reafirmo o que já disse ali em cima. 
Mas de um Pop "novo" e diferente do que passa na radio. Quase a roçar o psicadélico e cheio de influências dos anos 70 e 80, que estão em quase cada nota do álbum.

A mim, The Great Pretenders, lembra me sempre uma daquelas bandas sonoras de um qualquer filme indie ou de serie B. 
Daqueles que ninguém sabe se viu mesmo ou sequer de onde veio, e nunca ninguém se lembra do nome, ou mesmo se se aguenta ver até ao fim. 
Mas daqueles que tem uma banda sonora tão mas tão fantastica que quando começa a tocar toda a gente a canta e que fica nas nossas memórias auditivas, por mais que a tentemos tirar de lá.

Na realidade é mesmo "só" por isso (por isso e pela presença de Alex Turner, claro!) que eu o acho assim mesmo bom. A ele e aos proprios Mini Mansions. E isso a mim chega-me.


"... Send her something sunset coloured, Let's Make love to one another. Run for cover...." em "Vertigo"

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