Uma trilogia feminina de fim de verão. Capitulo 2 - Fake Sugar de Beth Ditto

O segundo capitulo da minha trilogia traz uma das minhas pessoas preferidas da musica, Beth Ditto, que se estreou em álbum com Fake Sugar, algures este ano, antes do verão, o que nos fez andar a ouvi-la por toda a época estival, e o que também faz com que, para mim, seja um assunto difícil de falar.

Há muito tempo que a persona de Beth Ditto se tornou independente do seu trabalho musical, tornando-se ela por ela, um ícone, não só musical, mas também na moda (com participações enquanto modelo em varias semanas de moda e com participações com vários criadores de renome, mas também com o lançamento da sua própria linha de roupa para pessoas XXL), bem como na luta pelos direitos LGBT e mesmo pela afirmação que ela faz de que o seu "super-poder" é o de ser diferente e "estranha", a parte da defesa de que todos somos diferentes uns dos outros, e a própria expressão individual dessas diferenças, que davam para mil e uma dissertações extra musica e que não são para aqui chamadas.



Beth lançou, então, o seu primeiro álbum a solo, Fake Sugar, depois de um hiato de 5 anos (mais coisa menos coisa), depois de um EP muito mais electrónico e que soube a muito pouco, digo eu. Esta "pausa" deu-lhe tempo para todos os outros projectos e colaborações extra musicais, mas deu-lhe tempo também para se redescobrir, para ir às raizes, para pensar mais sobre a vida. Senão, porque raio é que Fake Sugar seria tão real, tão mais despido de sintetizadores e de beats?

Fake Sugar, que começa com o maravilhoso "Fire", que foi também a primeira musica que se ouviu do álbum e o seu primeiro single. A forma como a musica encaixa na voz de Beth, ou como Beth se encaixa na própria musica se preferirem, mostra-nos uma força delicada própria dela, e é uma excelente forma de começar um álbum que teria tudo para ser mais do que genial. "Fire" traz-nos uma nova visão daquilo que Beth pode fazer, depois da atitude mais "punk" do movimento Grrrl Riot onde se encaixaram os Gossip. "Fire" tem todos os elementos que eu mais gosto no trabalho de Beth, especialmente o refrão, mais do que poderoso, que ela canta como mais ninguém, com aquela força que lhe sai das entranhas quando nos diz "... Blessed my soul, that's the way it is..." como se, de facto não pudesse ser de mais forma nenhuma.

Fake Sugar traz-nos uma nova Beth Ditto, uma Beth mais contida às vezes, mas sempre poderosa. Uma Beth mais ligada as suas raizes e à musica de Nashville e o tal afastamento de que falei ali em cima do trabalho dos Gossip, havendo uma predominância das "guitarras dos cowboys", com toda a intensidade que se espera delas, mas perdendo a raiva. Afinal, Fake Sugar é sobre amor, não sei se ja tinha dito isto... 



Uma das minhas musicas preferidas do álbum é "Savoir Faire". Adoro a entrada, que nos leva a um mundo muito mais disco sound do que rock, ou seja, muito mais daquilo que eu esperava de Fake Sugar. Linhas de baixo e guitarras poderosas, que tem aqui um papel quase tão importante como a própria voz de Beth Ditto. E isto é muito melhor do que o que acontece em "We Could Run" ou com as ultimas musicas do álbum, que são baladas, e que, a única valia que acrescentam aqui são as letras, que Beth faz questão de que sejam sempre assim tão boas. Voltando a "Savoir Faire", adoro a forma como ela canta a estoria, com um tom maravilhoso que eu acho que sempre a caracterizou de "Don't fuck with me" e que eu gosto particularmente. 




E é isto mesmo que acontece em "Ohh La La", com aquela força que não pode ser de mais ninguém, que nos faz querer cantar com ela, em "Go Baby Go", com outra grande linha de baixo e com uma percussão que domina a cena, e em "In and Out", ainda que de outra forma. Uma forma mais suave, ou mais doce numa musica sobre o amor, interessante q.b. ao nível melódico, mas que eu acho que será das melhores para se ouvir ao vivo. 



Fake Sugar tem vários momentos que devem resultar muito melhor em concerto do que no álbum, como eu disse ali atras, isso eu tenho a certeza. Até porque Beth Ditto é uma pessoa de espetáculo, e porque aquela voz é demasiado poderosa para poder ser armazenadas nuns quantos bits ou em ficheiros de uma qualquer espécie. 
O álbum vem com imensos momentos que exploram diferentes sonoridades, desde as mais disco, às musicas com mais influencias dos anos 80 (como "Oh My God"), sendo que as musicas se desenvolvem quase sempre da mesma forma: entradas marcadas e marcantes, que explodem em refrães poderosos e que dão vontade de cantar e de dançar, de forma muito genuína, como se ninguém nos estivesse a ver, tudo com uma força que vem de dentro, daquelas mesmo a serio, e que só podiam ser cantadas por ela.


É esta, para mim, a verdadeira magia de Fake Sugar: a forma como a voz de Beth Ditto nos guia em todos os momentos, mesmo nos que não são assim tão bons.



"Now I'm gonna call you "Ghost Rider"
Ghost ridin' on, with you in the back
I'm gonna call you "Baby"
Until you turn around, have a heart attack"
em "Go Baby Go".

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