NOS Alive 2018: resumo de mais uma edição

Mais uma voltinha, mais uma viagem. Mais uma ida ao Nos Alive, e, como tem sido habitual, apenas para ver e ouvir o que nos interessa.

Dia 1 - Friendly Fires, finalmente!

Chegámos pelas 20h mesmo a tempo de jantar ao som dos Wolf Alice - verdade seja dita, não acrescentaram muito às memórias do concerto que vimos uns anos antes no mesmo espaço. Seguiu-se o que seria para nós um dos melhores concertos da noite (e do festival): Friendly Fires, tão aguardados há tanto tempo! Abriram com "Lovesick" e "Jump in the pool", com toda a energia e mais alguma, tornou-se impossível não abanar o esqueleto! "Skeleton Boy" e "Live Those Days Tonight" não deixaram ninguém indiferente e a sequência final partiu tudo: "Love Like Waves", "Paris", "Hawaiian Air" e "Kiss of Life". Incrível! Dificilmente nos esqueceremos deles, sobretudo dos incríveis mooves do vocalista, endiabrado e visivelmente feliz.


Os Friendly Fires que eram a única novidade em concerto, para mim, em todo o cartaz do Nos Alive. Que eram aquela banda que eu queria ter visto em 2008/2009 e que vieram 10 anos depois. Mas a verdade é que foi tão bom como se tivesse sido lá atrás. Na verdade, se calhar, até foi melhor, porque as saudades às vezes fazem destas coisas... Como disse a Concertina, foi um grande concerto. Com tudo de bom, com todos os êxitos, e a começar com "Lovesick". Da minha parte, obrigada Friendly Fires. E voltem, voltem mais. E rápido, sim?

[Não vimos os Nine Inch Nails mas ouvimos dizer que foi do caraças. Como em tudo, é sempre uma questão de escolhas e os Friendly Fires foram a nossa.]
Era tempo de marcarmos lugar no palco principal para o concerto dos Arctic Monkeys, mas ainda apanhámos os Snow Patrol. Não constam do meu alinhamento pessoal mas há algumas canções que ficaram dos anos 2000, e por isso assumo que cantei a plenos pulmões "Open Your Eyes", "Run" e "Just Say Eyes" que fechou o alinhamento. Pouco mais há a dizer, foi um concerto simpático, não muito diferente do de 2012...

[Para mim, foi mais um momento de grande seca... nem "Chasing Cars" me animou... isto de se ter mau feitio tem destas coisas...]

Pouco depois da meia-noite, os Arctic Monkeys subiam ao palco. Sem dúvida um dos nomes mais aguardados da noite, e do festival, apesar dos mixed-feelings em relação ao último disco "Tranquility Base Hotel + Casino". A coisa até nem lhes correu mal, mas confesso que, na minha opinião, lhes faltou qualquer coisa... Ou isso, ou sou eu que não consigo assimilar a nova imagem «crooner» de Alex Turner...

Ora bem, eu sei que a opinião é controversa q.b. mas, na verdade, eu nunca tive os tais mixed feelings da Concertina em relação ao último álbum da tropa fandanga de Alex Turner (acho-o genial, desde a primeira vez que o disco tocou. Mas disso, falaremos noutro dia).
Do concerto do Nos Alive o que dizer? Que, na verdade, eles ainda não acertaram na setlist perfeita para nos apresentar o álbum novo, nisso eu até concordo. Mas Alex Turner, com a sua nova persona continua a seduzir toda a gente a cada acorde, e eles sabem como pegar no seu público. Mesmo naqueles que acham que os Arctic Monkeys são "AM", quando na realidade são isso mais 5 ou 6 álbuns. MAS!!!!! eu sou suspeita. Porque, para além de os conhecer bem (e de gostar muito deles, mesmo do "AM"...) também já tenho idade (e referências musicais) suficientes para perceber que até na música, há deuses que devemos honrar. A setlist não foi perfeita, Alex Turner penteou-se, não deixou cair os óculos, deu à anca, e trouxe "Tranquility Base Hotel + Casino" q.b, gozou connosco quando tocou "why’d you only call me when you’re high" a começar com um belíssimo "Merry x-mas" e voltou a partir-me o coração com "505", tendo tido a ousadia de tocar lá no meio "Do Me A Favour" e tudo. Por isso, vou repetir: assim que eles conseguirem traduzir a grandeza do álbum novo em concerto, a coisa ainda vai correr melhor. E que Bowie e Lou Reed continuem a respirar através deles. E a inspirá-los tambem. ❤️


Depois dos Arctic Monkeys, normalmente não entra mais nada, mas fomos visitar o Sampha por uns minutos. Continua genial e inspirador. Sampha trouxe com ele pérolas de "Everything is Recorded" e muita percussão. Esperamos noutro dia a outra hora (até porque guardamos as boas memórias do Nos Primavera Sound). Ali depois dos Arctic Monkeys é que não podia mesmo ser.

Dia 2 - dia de Queens Of The Stone Age

Mais uma vez, não chegámos a tempo dos Black Rebel Motorcycle Club, como se não estivesse destinado... Estava previsto um concerto dos The Kooks, mas por motivos de força maior, foram substituídos por outra banda inglesa, os Blossoms. E parece-me que até foi simpático para final de tarde e como aquecimento para os The National. Sim, esses amigos de longa data, que não perdem uma oportunidade de vir a Portugal. Matt Berninger esteve incansável e imparável e não hesitou em se misturar com o público lá da frente. O alinhamento foi bastante parecido com os anteriores, e é aposta ganha. Da abertura com "Nobody Else Will Be There", passando por "Guilty Party", "Bloodbuzz Ohio", "Graceless", "Fake Empire", claro, e a nova "Rylan", não esquecendo por exemplo "Mr November", "Terrible Love" e a emocionante "About Today", que fechou a setlist de forma brilhante.


Estava quase na hora dos Queens Of The Stone Age.
[Na verdade eu só fui lá por causa deles, porque não ia dar para ver Rag n’Bone Man, com muita pena minha. Assim, tudo o resto foi pouco e pareceu-me até deslocado. Mas isso è porque eu e os Kooks não nos demos nunca muito bem, muito menos acho graça aos Blossoms, e, na verdade, não consigo ter ligação nenhuma com os The National. Shame on me.]
Para mim, era noite de ver o rei Josh Homme e os seus muchachos. E que bem que me soube. Até porque se há gente que sabe bem fazer aquela coisa do rock n roll são eles. E, se há pessoa capaz de me entreter é Josh Homme. Mesmo quando, com aquele ar de vómito, canta "Make It Wit Chu". Os Queens of the Stone Age que eu achei que ganharam ainda mais com a parceria mágica com Mark Ronson em "Villains" e que o trouxeram como mel para os meus ouvidos. Tudo o que eu possa dizer é pouco, e fico só pelo «ainda bem que eles vieram para me salvar mais um bocado de alma», num dia em que, para mim, poderia ter sido chato ter estado lá. Ámen. 


Estranho arranjo este que põe os Two Door Cinema Club depois dos QOTSA... mas enfim. Fizeram o que lhes competia, ainda que o recinto tenha parecido grande de mais. A mim, continuam a chegar-me melhor os temas do brilhante primeiro disco e foram esses que mais me fizeram abanar os pés. De qualquer forma, portaram-se à altura e conseguiram fazer a festa.
Antes de dar a noite por encerrada, ainda fomos espreitar os Chvrches e bem tentámos o pézinho de dança mas não colou.

Dia 3 - back to the 90s

Como tem sido hábito, pontualidade certeira para ver e ouvir o que queremos. Não foi excepção com o Franz Ferdinand. Pena ter sido ao final de tarde, e muita pena que, à semelhança dos Kills no ano passado, quase ninguém estivesse lá para os ver. Ainda assim, Alex Kapranos não desistiu e pegou no povo. E ainda bem que lá estivemos.

Partilho outra vez a ideia que tive no momento: eu até sei que Jack White é “realeza” do rock. Até aqui tudo certo. Mas parece-me que teríamos lucrado mais todos se fossem os Franz Ferdinand, com o maravilhoso Alex Kapranos, a conduzir-nos aos Pearl Jam em vez dele. 
Mas do concerto em si de dizer várias coisas: sim, é difícil pegar no público de Pearl Jam, no Português pelo menos. E o horário "7 da tarde" também não é fácil. Concordo. Mas Kapranos pôs toda a gente a cooperar com ele. E nem o último álbum, aquele que a crítica achou que não foi assim tão bom, decepcionou: "Always Ascending" foi genial, "Lazy Boy" é grande som e continuava aqui o resto do dia. Óbvio que os clássicos são os clássicos e ninguém consegue estar parado ao som de "Michael" ou "Do You Wanna". Menos ainda daquele final épico com "This Fire". Eu fico sempre muito feliz quando eles tocam "Walk Away" ou "No You Girls", devo estar a ficar sentimental, Deus me livre! Mas a verdade é que os Franz Ferdinand, os tais da “realeza” do indie, trouxeram àquele fim de tarde de concertos a sensação boa de «eles são incríveis e só por isso já valeu ter cá estado». Ou isso ou o problema é meu porque eu gosto de dançar, cantar e mexer os pés. 


Seguiu-se o senhor Jack White. E desculpem-me os fãs e afins, mas o concerto foi extremamente aborrecido. Mesmo com um alinhamento cheio de temas dos "White Stripes" (e alguns dos The Raconteurs e dos Dead Weather), só em "Steady as she goes" e em "Seven Nation Army" é que o povo acordou verdadeiramente. Afinal, era dia de Pearl Jam...

Eddie Vedder e companhia não desiludiram, pois claro. Há muito aguardados e com uma legião de fãs por cá, deram um concerto bastante bom e eu, que ainda não os tinha visto, aproveitei cada momento para voltar atrás no tempo. Primeiro sorriso com "Better Man", uma surpresa no alinhamento, "Even Flow", "Daughter", "Jeremy", e "Black" que me fizeram recordar (bons) velhos tempos. Para o encore, Eddie Vedder trouxe "Imagine", "Comfortably Numb", "Alive", claro, e deixou para o fim "Rockin' In The Free World" que contou com a presença em palco de Jack White - exímio na guitarra - tornando o final do concerto em algo memorável.


Não sabemos como foi o concerto dos MGMT (vou-me repetir, que raio de ideia esta de por uma banda depois dos PJ...), mas ainda ouvimos uns "refilões com causa" At The Drive In, antes de abandonarmos o recinto com um (quem sabe) «até para o ano», ao som de Perfume Genius.

Contas feitas a mais uma presença, valeu novamente pelos concertos. Que é esse o motivo maior que nos faz suportar tudo o resto. De qualquer forma, este ano, até não temos nada de muito grave a reportar que as coisas até nos correram de feição, tanto a nível de entradas e saídas, transportes e alimentação, mas não posso deixar de mencionar o tapete de copos de plástico... Inimaginável nos dias que correm! Com tantos festivais e outros espaços a optarem pelos copos reutilizáveis, que até servem de recordação, custa-me perceber como é que a organização não fez mais para divulgar a iniciativa. Sim, porque ele existiu mas poucos, muito poucos andavam com ele...
Resta-nos esperar que, para o ano, seja diferente.

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