Sobre "High As Hope" de Florence + The Machine

Hoje é dia de falarmos sobre "High As Hope", o quarto disco de Florence + The Machine, que chegou, ouvi e conquistou-me - não à primeira, porque precisava de ter tempo para o escutar com atenção, para poder realmente apreciá-lo.

Vai crescendo a cada audição, mas há algo que ressoa sempre: a voz de Florence Welch está mais límpida do que nunca, vai tendo diversas «formas», ora vulnerável, ora aguerrida, sempre enérgica, e sempre segura. E no fim, torna-se o grande trunfo do disco.
Mas não é o único. Os acordes, as melodias, as letras sobre os (seus) erros, a raiva, o amor, o perdão, o «ser humano» fazem deste "High As Hope" provavelmente o disco mais íntimo de Florence + The Machine. E a produção acompanha esse sentimento, tudo soa mais despido de artifícios, mais cru, mais genuíno.



Felizmente, não se esquecem das orquestrações quase wagnerianas que eu tanto admiro, e que sempre lhes associei. Basta ouvir como cresce "June", o belíssimo tema de abertura, ou "Hunger", o single que colou assim que o ouvi pela primeira vez. A fórmula de sucesso mantém-se em "South London Forever", "Big God" e "Patricia".


"Sky Full of Song" prende-nos de imediato com a voz de Florence, tão incrível e arrebatadora. Emoções à flor da pele à medida que o disco avança.  Como em "Grace", canção tenra mas forte, e que, se escutarmos a letra com toda a atenção do mundo, se torna arrepiante e nos emociona.


"100 Years" é outra das canções que nos deslumbra, com o seu início mais calmo, e a meio, solta-se a força orquestral, lembrando temas anteriores de Florence + The Machine. "The End of Love" é simples na melodia e nos arranjos, delicada, envolvente e bonita, «apenas» isso. "No Choir" encerra este capítulo no mesmo tom emotivo, poético e pessoal, algo transversal a todas as canções de "High As Hope".


Se nos discos anteriores, sentíamos mares mais agitados, neste, o ambiente soa mais apaziguado. «Depois da tempestade vem a bonança», diz o povo e este é seguramente um caminho a seguir por Florence + The Machine.

«I've always been in love with you
Could you tell it from the moment that I met you»

("The End of Love", Florence + The Machine)

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