O pulso quente de Asaf Avidan
Muitos de vós - e eu - ficámos a conhecer Asaf Avidan em 2012 graças a um remix de "Reckoning Song" (eu prefiro a versão original, criada uns anos antes), mas acredito que seja com "Different Pulses", o álbum de estreia a solo, que Asaf conquiste o mundo. França já está a seus pés, a julgar pelas inúmeras participações em programas franceses.
A voz do jovem israelita é no mínimo intrigante. Confesso que quando o ouvi pela primeira vez, fiquei na dúvida se seria um rapaz ou uma rapariga. Fiquei surpreendida quando o vi. Pela positiva. Há qualquer coisa de misterioso e de apaixonante numa voz andrógena, tão em voga nos dias de hoje. E talvez seja esse toque que torna o álbum tão bom.
"Love it or leave it" era a minha favorita, porque junta a tal cena áspera da voz de Asaf a um ritmo simpático que nos deixa com a disposição em alta. Mas depois ouvi "Different Pulses", o tema que dá nome ao álbum. um mimo, um momento excepcionalmente emotivo. com um "je ne sais quoi" de anos 60 ou 70, daquelas coisas que se ouvia em LP's.
"613 Shades Of Sad" tem uma sensualidade impressionante, "Conspiratory Visions of Gomorrah" é pesada, mais dura, mais negra, mais fúnebre, até. Ao contrário de "Turn" que soa como um grito de revolta e talvez por isso seja um dos temas mais mexidos do álbum.
Sendo um álbum de blues, rock, e até folk, sente-se perfeitamente a influência, ainda que a espaços, do mestre Bob Dylan em "Thumbtacks In My Marrow" ou sobretudo em "A Choice And A Gun".
E do senhor Cohen. Basta escutar "The Disciple" ou "This Is It" que para mim tem tanto de Leonard Cohen que arrepia.
E é bom.
Porque sentimos que os seus legados estão bem entregues a músicos assim.
And if love is not the key, if love is not a key
I hope that I can find a place where it could be
(Asaf Avidan em Different Pulses)
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