Fadas e Magia numa noite mágica, ou seja Verdade Uma Ilusão de Marisa Monte no Coliseu do Porto

Dia 25 de Abril, dia da Liberdade. Podia já encher este post de pensamentos políticos e politizados (de que, a bem dizer da verdade, bem precisamos...) mas não. Decidi aceitar a sugestão de uma amiga, pegar noutra ir a um concerto. Facto. E a um concerto muito especial. A um concerto que é, para mim, sempre muito mais do que isso. Que é uma mistura de todas as coisas que eu mais gosto: musica, músicos muito bons, cenários de sonho(s), e uma entrada garantida para uma exposição de arte. Sim, tudo isto em mais ou menos duas horas, e n"o" palco do Porto, o Coliseu. Cenário perfeito portanto. Mas que ainda foi melhor do que isto.

Confesso que me é sempre difícil descrever concertos, porque para mim são sensações, acima de tudo e qualquer coisa. E como nós defendemos aqui neste espaço, descrever sensações é, no meu caso, quase impossível. Para alem disso eu disperso me. Assumo. E quando estou feliz isso ainda acontece mais frequentemente.

Mas vamos lá, que eu prometi a Miss Concertina que ia dar o meu melhor. (Mesmo que neste caso isso claramente não chegue. ;) )


















Pontualíssima, Marisa Monte entrou em palco na hora marcada, muito "clean" e ao seu estilo (que me faz sempre lembrar uma fada, talvez pelas influencias que nela deixou a dança? talvez pela sua tez pálida e o seu cabelo negro? talvez pela sua timidez?) e brindou-nos com um espectáculo maravilhoso de musica e arte.
Todas as musicas do concerto foram, como ela explicou ao cheio Coliseu no fim,  devidamente acompanhada por imagens conceptualizadas por artistas brasileiros, como se, na verdade, cada uma das 20 e qualquer musicas fosse uma tela e devesse ser pintada de uma determinada forma.

















Achei isto de uma delicadeza muito característica dos concertos desta artista, mas confesso que a minha parte preferida foi quando Marisa Monte cantou "Verdade, Uma Ilusão" e o palco ficou quase as escuras, com uma pequena fonte de luz que lembrava estrelas, e que fazia com que achássemos que ela estava flutuar, como se fosse uma fada. (Sim, já sei que já disse isto, mas vou repetir a única coisa que consigo achar dela. Dizer que canta maravilhosamente bem não chega, que é igual a ouvir os álbuns também não, que... nada. Fada, ela parecia uma fada. Pronto.)

















Brindou-nos com êxitos de todos os seus álbuns apesar de o concerto fazer parte da digressão do ultimo álbum  e das set lists que encontrei antes do concerto não serem exactamente iguais ao que aconteceu, porque claramente o publico português espera dela coisas diferentes do que esperam os brasileiros, e porque "Verdade Uma Ilusão" nem é assim tão conhecido dos ouvintes nacionais (incluo me aqui, pois.), havendo claramente uma maior adesão do publico aos temas que fazem parte das novelas (Obrigada Carolina por esta dica!), aos temas dos Tribalistas, e aos temas do maravilhoso "Memorias, Cronicas e Declarações de Amor", especialmente ao que toda a gente (quase toda... vá, que eu aqui não me incluo...) estava a espera: "Amor, I Love You", que só apareceu no encore, com Marisa sozinha  no palco acompanhada de um pequeno cavaquinho, e com o coliseu de pé a cantar. Com ela, mas essencialmente para ela.

















Tenho que falar na banda. Preciso. É obrigatório. Sim a banda. Um sonho de banda. Tivemos um power trio quase em jeito de blues (e que bom que foi aquele funk do "Não Vá Embora"!!!!!), e um quarteto de cordas com violinos, violas e violoncelos (Confesso que sou apaixonada por cordas. Logo ai é quase que ponto ganho.) Mas que funciona em conjunto de forma maravilhosa e etérea. Sim, etérea. Sempre muito bem acompanhados com a voz de fada (sim, outra vez.) de Marisa Monte que foi sempre trocando de viola para violão, guitarra eléctrica e/ou cavaquinho. E que, apesar de ser a estrela do espectáculo foi, mais uma vez, de uma simplicidade desarmante. O que me faz concordar quando dizem que ela é a Primeira Dama da musica do pais do samba.


















Mas, no fundo nada disso é muito relevante. Então, o que dizer deste concerto? O que dizer de Marisa Monte no Coliseu?

Dizer que andamos por cidades, ruas e espaços de qualquer lugar do mundo. "Conhecemos" pessoas (como aconteceu em "Gentileza"). Vimos historias, tristes ou alegres, que foram nossas ou de outros nas palavras da aparentemente frágil e angelical Marisa Monte. Sambamos quase em tom de fado (em "De mais Ninguém" ou em "Gotas de Luar"). Rodopiamos e dançamos um bocadinho, com um "Ainda Bem". Sorrimos e rimos mesmo com a timidez e as historias que a a artista nos contou neste espaço de tempo, com a sua maravilhosa voz e com a maravilhosa banda que a acompanha. Prestamos homenagem a Cassia Eller com "ECT". Lembramos momentos antigos com o clássico "Beija Eu". E ainda brindamos "Á Sua", a cantar bem alto, para ver se os "sintomas de saudade" iam embora. De forma tão doce que nem eu sabia que podia ser assim. Como se dentro daquela "bolha" de duas horas o mundo fosse perfeito. Mesmo quando, cá fora algures o mundo desaba, e os desamores vem. Ou alguém vai embora. Ou como se a tristeza fosse, de facto assim tão fácil  Isto sim para mim foi o concerto de Marisa Monte. Isto e um outro mundo de sensações. Daquelas que nem que eu tentasse, não se conseguem descrever.



Pois é, quem estiver a ler isto deverá achar que a Chavininha está com uma crise de insanidade. Podem me diagnosticar uma série de maleitas, podem achar que eu enlouqueci, ou pior, que estou apaixonada... Mas não. Nada disto corresponde à realidade. Tudo isto se justifica de uma forma demasiado simples: há quem defenda que não é bom voltar aos sítios onde já se foi feliz. Facto. Na maioria dos casos eu concordo. Até porque normalmente não conseguimos ser tão felizes como já fomos. Com a musica de Marisa Monte não acontece isso. O que acontece é que ela faz com que eu me sinta feliz. Por mais voltas que a vida dê. Porque às vezes a vida pode ser tão simples como um conto de fadas. E vivemos felizes para sempre. Porque a Verdade pode mesmo ser uma ilusão. Pelo menos por duas horas.

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