Mark Who?... (Ou as 5 principais razões para ninguém me voltar a perguntar quem é Mark Ronson.)

Sim, é público e assumido que o meu "sonho de consumo" musical é Mark Ronson. E não, não é de agora que toda a gente já ouviu e anda a ouvir "Uptown Funk" (que eu já começo a ser "antiga" e as minhas escolhas musicais já vem de longe). 

Há muitos anos que sempre que vem a pergunta: "Então e tu? Ouves o que?" a minha resposta tem que ter lá no meio o incortornavel nome de Mark Ronson, que vem sempre acompanhada de "E esse é quem?" o que, eu confesso, tantos anos depois, e tantas explicações depois, me chateia. Tanto como ter que explicar as pessoas que mais de metade das músicas que elas ouvem são dele. 

Então, e no dia em sai o álbum novo "Uptown Special", parece me mais do que pertinente dar as 5 razões principais que resumem o porquê de eu gostar tanto desta criatura, ficando aqui restritas a parte musical, que é a de que se fala aqui no Phonograph Me. (Que não saíram da Wikipédia onde está tudo cronologicamente direitinho e apresentável para quem for mais preciosista. Não. Isto é a minha opinião é são as minhas justificações. E haveria outras que não são musicais e que também são pertinentes mas que, eu continuo a dizer, não são para aqui chamadas.)


Como se costuma começar pelo inicio eu começo pela parte que me levou a conhecer o rapaz, assim temos a parte 1- Mark, o produtor. 


















Ora bem, a primeira vez que eu ouvi o rapaz foi numa música chamada "Like a Feather" de uma das minhas artistas preferidas, a senhora dona Nikka Costa, algures em 2001. Sendo que esta música continua a morar no iPod ainda hoje, e que marcou logo a minha ligação com Ronson na produção. (Eu e a minha mania de que a malta que fica escondida é tão ou mais importante do que quem dá a cara é quase tão logico como defender que numa boa equipa de futebol a defesa é tão ou mais importante do que quem marca golos.... pfffff.)



Não sei porquê, mas se eu disser que as minhas orelhas ficaram treinadas para identificar o "toque de Midas" de Ronson nos álbuns das pessoas não estou a mentir. E talvez tenha sido por isso que "Alright, Still" de Lilly Allen (Sim, o do "Smile"), "Lovelight" de Robbie Williams e o fabuloso "Back to Black" de Amy Winehouse em 2006 me soaram tão bem e ficaram a fazer parte dos discos cá de casa. 


Dai até agora, produziu bandas como os Kaiser Chiefs, Bruno Mars, Rufus Wainright, Black Lips, Andrew Wyatt, Wale, ou mesmo o senhor Paul McCarntney ou os Duran Duran. E diz se por aí que o álbum novo de Nile Rodgers, por exemplo também vai ter "um dedinho" de Mark Ronson. Portanto sim, mais de metade das músicas de jeito que a malta andou a ouvir nos últimos anos tem "selo Ronson". Ponto.

Muito resumidamente, isto leva-nos ao ponto, 2 - Mark, o talent founder.




















Defendo (há muitos anos também) que Mark Ronson tem dedo para descobrir gente talentosa. 

Senão fosse por isso, provavelmente a esta hora ninguém saberia quem eram nomes como Daniel Merriweather, Candy Paine, Adele (yap. True Story. Acham que o "Cold Shoulder" foi escrito e produzido por quem?), Santigold (que era a miúda que passeava os cães lá se casa dos Ronson...), Ghostface Killah, Wale e afins.



Para além disso, foi durante o seu programa de rádio on-line, o Authentic Shit, na EVR Radio, que eu descobri mais de metade das músicas que marcaram a minha última década. 

Posto isto, vamos ao ponto 3 - Mark, o DJ.


Como dizia a música, "... Last Night a DJ saved My life..."
No meu caso isto aplica-se a Mark Ronson na perfeição. Não só pelas escolhas feitas por ele nos sets da rádio, ou nos que conseguimos apanhar dos live acts que ele faz por aí, mas também pelos projectos que ele tem. 
Sim, Mark Ronson consegue ter das melhores parcerias que eu conheço, e uma delas é a que dá origem ao projecto "A-Yo!", que fez com Zane Lowe. DJ Sets que funcionavam como Battles e que eram a verdadeira inspiração para quem gosta de música, quer pela qualidade das set-lists quer pelo conceito em si, dois tipos que percebem de musica a sério a improvisar e a puxarem um pelo outro a ver quem consegue fazer melhor do que o anterior. Se isto não é bom? Para mim é optimo. Ponto.

Para além disto não há como não falar nas remisturas de Ronson. 
Mas só porque são mesmo boas. 

Mas aqui, eu só vou falar de uma, porque de todas é a que me parece mais importante e a que me merece mais respeito: em 2007, quando saiu a colectânea Dylan, Bob Dylan convidou Ronson para fazer uma remistura de uma música dele. A única que algum dia foi autorizada. A de "Most Likely You Go Your Way (I'll Go Mine)". E se Bob Dylan o convidou é porque ele deve ter "jeitinho", certo?



Depois disto falta o que? Ah... Já sei! 

4 - Mark e a sua Ted Talk. 
















Ora bem, a esta altura acho que o projecto TedX dispensa apresentações, certo?

Sim, Mark Ronson foi um dos convidado para fazer uma Ted Talk, na edição de Março passado (um dos meus pontos altos de 2014, eu confesso), onde falou sobre "sampling"
A única coisa que eu vou dizer sobre isto é que qualquer pessoa que goste de música se devia dar ao trabalho de ouvir o que ele tem para dizer, e especialmente a forma como ele o faz. Por isso a minha sugestão é: carreguem no play e depois pode ser que um dia a gente fale sobre isso.



O que me leva ao último ponto, o mais controverso, ou o que normalmente causa mais discussão: 
5 - Mark, o artista.



Sim, diz que o gajo também faz álbuns. E que eles são muito bons. 
E sim, diz que toda a gente conhece as músicas só que nunca diz que são dele, só porque não é ele que as canta. 
E isso irrita me. 




Por isso, vamos lá, por ordem a ver se a gente se entende: começa tudo em "Here Comes The Fuzz", em 2003, de onde saiu "Ooh Wee", e mais de metade das músicas da banda sonora de "Honey", aquele filme com a Jessica Alba.
E, se formos bem a reparar, se tivermos as orelhas bem abertas, claro, o sample que deu origem ao primeiro single dos Justice, "D.A.N.C.E.".



5 anos depois foi a vez de "Version", de onde saiu "Valerie" cantada por Amy Winehouse, a famosa versão dos Zutons, que toda a gente conhece.
Mas não foi só, de "Version" sairam tambem "Stop Me", com Daniel Merriweather a cantar Smiths, "Oh My God", com Lily Allen a cantar Kaiser Chiefs ou "Just" com Alex Greenwald dos Phantom Planet a trazer a voz á música dos Radiohead.



(Claro que isto deu direito a "alguns" prémios e ao que, para mim, é um dos melhores concertos de sempre: o dos BBC Electric Proms com a BBC Orchestra em 2007).



2010 trouxe na bagagem "Record Collection", o disco onde Ronson se descola da imagem anos 60 que se lhe tinha colado depois de "Version" e vai por um caminho que tem mais a ver com a música electrónica e com os anos 80. 

"Record Collection" vem cheio daquilo a que eu gosto de chamar "músicas de jogo de computador" e importa dos anos 80 algumas das suas estrelas principais: os Duran Duran (com Simon LeBon a ajudar a cantar a música que dá nome ao álbum), Boy George (que reaparece em "Somebody to Love Me") ou D'Angelo (que aparece em "Glass Mountain Trust") e onde ficamos a conhecer melhor M.N.D.R. ou Andrew Wyatt, que são as estrelas de dois dos três singles de Record Collection, "Bang Bang Bang" e "Bike Song"



Foram precisos mais 5 anos para haver álbum novo. 
5 anos que, para mim teriam sido penosos se eu não tivesse o ouvido treinado o suficiente para ouvir Ronson noutros trabalhos como "New" de Paul McCartney, "Unorthodox Jukebox" de Bruno Mars, "Arabian Mountain" dos Black Lips e afins. 

Diz que hoje chega (finalmente!) Uptown Special, o álbum que traz como bónus Stevie Wonder. O álbum que traz "Uptown Funk" a tal música que é número 1 na América e no Reino Unido basicamente desde que saiu. Aquela música que não é do Bruno Mars. 


Aquele álbum que traz Mystikal e "Feel Right" que rola no meu carro todos os dias em modo "muito alto" e que traz "Daffodils" com o rapaz dos Tame Impala, e que me acorda todos os dias. 


Mas sobre isto eu vou falar  quando conhecer o álbum, que ainda só me foi apresentado. 
Porque eu  acho que não se devem ter opiniões formadas sobre coisas que não se conhece bem. E sobre Ronson não se fazem especulações, até porque depois disto tudo que eu disse especular era quase como dizer que o Ronaldo não merece a bola de ouro (por mais que não se goste dele) ou que o McNamara não tem valor por enfrentar o mar da Nazaré (ndependentemente do estilo de surf que a malta gosta mais).
Por isso sim, eu irei falar de Uptown Special quando o conhecer bem, num destes dias, não se sabe bem quando. Prometo.



E sim, haveria muito mais para dizer sobre Mark Ronson, sobre a cada vez maior complexidade de Mark ronson, sobre a qualidade do seu trabalho em qualquer uma das áreas de que eu falei ali em cima, sobre a influencia que ele tem no mundo da musica, sobre a propria atitude que ele tem no mesmo mundo, sobre a cultura musical do tipo, a inteligencia das suas parcerias ou sabe se lá mais o que... Isto tudo a deixar de fora as outras coisas todas, as que não são só musica, as que o tornam uma personagem real. 
Mas se mesmo assim, e depois disto ainda não acham que ele é mesmo muito bom e mesmo muito interessante e que o devem mesmo conhecer... Então pronto,  não temos mais nada para conversar. 

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