Duran Duran (e) os Deuses de Papel.

Nascidos em 1978, os Duran Duran são uma referencia mais do que incontornável de toda a cena musical dos anos 80, o que faz deles, também, uma peça crucial e obrigatória da própria historia da musica.
Não, não vou contar aqui toda a historia da banda, nem tudo o que eles criaram, e toda a influencia que exerceram na maior parte de todas as outras bandas e projectos que se lhes seguiram, porque para isso há a Wikipédia, mas acho por bem referir que estamos a falar de uma banda com um estilo peculiar, que sempre uniu a musica à arte, sempre de uma forma sensual e elegante, juntando-lhe, obviamente, a moda, e ajudando também e defini-la (como não poderia deixar de ser.)

Se duvidas há de que os Duran Duran são um pedaço de historia, e apesar de estarmos num momento onde podemos questionar a importância da MTV no mundo da musica actual, a banda ganhou a semana passada o prémio de "Video Visionário" nos MTV EMA, como confirmação mais do que suficiente do seu legado e arrojo no mundo dos vídeos musicais ao longo de mais de 30 anos. 

(Será bom também deixar aqui escrito que eu sou fã. Ou, secalhar até nem é muito importante? Whatever.)



Até aqui tudo pacifico. Agora a questão é: "O que esperar então de um décimo quarto álbum dos Duran Duran?"

No mínimo que seja muito bom, senão nem nos atrevíamos a falar nele,digo eu. até porque, se fosse para ser igual ao que já se ouviu não traria nada de novo. Mas traz. Especialmente quando à banda se juntam nomes como Nile Rodgers, Mark Ronson, Janelle Monae, Mr. Hudson ou John Fucsiante (alguns dos nomes mais sonantes do panorama musical actual), ou quando temos na capa uma obra de Alex Israel, "Sky Backprop" com todos os ícones que respeitam alguns dos melhores momentos da historia da banda, voltando a unir a arte à musica, sem nunca esquecer a moda e o estilo, que continuam a marcar a tal imagem da banda de que falei ali em cima.




Começo então por falar da musica que dá nome ao álbum "Paper Gods", que começa de uma forma quase aclamativa do que nos espera no resto do álbum, e mais lenta também, quase em gospel, como se a ideia fosse obrigar-nos a pensar no que rodeia e na nossa própria vida. Até que chega o beat. E, quando chega o beat, muda tudo. Somos transportados até "Wild Boys" ou "Girls on Film", numa viagem de samplers que nos são familiares, sempre liderados pela voz inconfundível de Simon Le Bon. Num som novo que é sempre deles, num pop reinventado por quem me ensinou o que era o Pop. Acontece quase a mesma coisa quando ouvimos "Face For Today", com a sua introdução que é tão característica dos anos 80 e ainda assim tão brilhante. 



Um dos primeiros singles a sair de Paper Gods foi "Last Night in the City", onde temos os Duran Duran a fazer aquilo a que nos habituaram, e que sabemos que eles sabem fazer melhor: aquele mesmo som, aquela mesma postura, o mesmo brilho de Le Bon, mas aqui com a ajuda de Kiezsa, que aparece aqui quase como uma parte da banda e não como só mais uma convidada. Alias, quer em "Last Night in The City" quer em "Pressure Off", as convidadas assumem um papel mais secundário do que principal. E, na segunda, temos ainda que acrescentar todo o brilhantismo de Nile Rodgers dos Chic, com toda a sua mestria e toda a influencia do seu trabalho com os Daft Punk (aquela tal dose de modernidade que tem que existir e que eu defendo sempre tanto),sendo que aqui o papel de Janelle Monae seja crucial.



Outro dos momentos mais dançáveis do album é "Danceophobia" que junto com "Butterfly Girl" nos ajudam a regressar aos anos 80, com um ar muito cool e alguns toquezinhos funk e um solo genial, e que nos fazem querer muito dançar como se ninguém nos estivesse a ver. 



Mas, se o universo dos anos 80 é incontornável quando falamos nos Duran Duran, também o é o dos anos 90, o de "Ordinary World" e afins, que nos aparece modernizado em "You Kill Me With Silence", com a sua letra memorável e com a postura de Simon Le Bon mais incisiva e mais marcante, ou em "What Are The Chances", onde entra toda uma seccção de cordas, a ajudar á teatralidade da coisa, e, também, em "Only in Dreams", onde a musica se torna ainda mais teatral e mais intensa, e onde não se consegue fugir da tal referencia aos anos 90 de que falei à bocado.





Paper Gods demorou cerca de 2 anos a ser gravado, o que demonstra um cuidado com a coerência do som: um pop consistente e dançável (como sempre nos habituaram), com misturas funk e grooves divertidos, muito apetecível, num mundo onde o Pop é cada vez mais descartável e cheio de "one hit wonders".

No entanto, e 14 albuns depois, Paper Gods não nos traz um som que dissociemos dos Duran Duran de "Rio" ou de "Chauffeur" (graças a DEUS!), afinal de contas 35 anos de musica não podem ser levados pouco a serio, digo eu, e o álbum chega-nos com todas as variações e tentativas de ajustamento ao tempo que passou desde esses anos, sem que em algum momento se tenham tornado estáticos ou "passado ao passado", sem que tenham perdido alguma das suas características.



A verdade é que todo este Paper Gods está cheio de influências do que a banda fez em 35 anos de historia, e que podia estar aqui mais não sei quanta linhas a escrever sobre isso. 
Mas, acho que não vale a pena. Vale sim, a pena ouvi-lo. E, ficar com aquela vontade boa de os ver algures e dançar com eles. Porque nem tudo tem que ser aborrecido e triste. E os Duran Duran sabem disso.



"...Whatever happens, we're ok, Hey, we're still alive, To watch a sunset garage day Head into the light. Oh, Oh with that all goes wrong, We're gonna make it on our own, I promise us a garage day, oh..." em Sunset Garage.

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