HER, ou A Mulher, por Rita Redshoes
Já todos perceberam que aqui no estaminé as vozes femininas nem sempre encaixam nos nossos ouvidos. Muitas vezes, porque soam muito foffin' e frágeis, eternas apaixonadas e dependentes.
E nós somos pelas mulheres fortes, decididas e independentes.
Rita Redshoes é uma dessas mulheres. Já a acompanho desde o primeiro disco, e a cada novo álbum, tem surpreendido. Este "HER" não é excepção.
Não tem nada a ver com o facto de contar com a participação e produção de gente reconhecida no mundo da música internacional. Tem a ver, sim, com as músicas, as melodias, as letras de Rita.
Volto a repetir o que já disse anteriormente: Rita Redshoes é uma cantautora sublime. Segura, serena e ao mesmo tempo irrequieta, independente, delicada e romântica q.b.
Em "HER", Rita expõe a sua visão sobre a mulher, os seus medos, as suas lutas, os seus dilemas.
"Bird Hunter", que retrata a dependência emocional, colou de imediato, e é para mim um dos melhores temas do disco, de uma urgência e intensidade que não nos deixa indiferentes. "Take Me To The Moon", por outro lado, é romântica e sonhadora.
"Life Is Huge", o single de apresentação, é aquele que, no meio de todos os outros, me soa mais «banal». "Hell I'm In Love With You" é outro dos temas fortes do disco, sobre um amor auto-destrutivo, mas que tem de ser vivido, e a melodia capta de forma irrepreensível o turbilhão de emoções vivido na voz de Rita.
É talvez isso que mais se destaca ao longo do disco. As melodias e a orquestração são incríveis, acompanhando na perfeição a emoção que se vai sentindo. Como não podia deixar de ser, destacam-se as teclas, e a bateria que, em variados momentos, é dramática quanto baste para nos emocionar. Mas são as cordas, decisivas e incisivas que tornam as canções ainda mais fortes, provocando as sensações certas no momento certo.
As letras são urgentes, intensas e mexem connosco, e, desta vez, três são em português. Pode soar estranho, por não estarmos habituados, mas a mim, puxa-me para o lado interventivo. "Mulher", por exemplo, é um grito de revolta, de força, de afirmação, de orgulho. E pessoalmente acho que não teria o mesmo impacto se fosse cantada em inglês.
"Fé Na Vida" é mais delicada mas não deixa de apelar à luta - ah, e os violinos no refrão são mágicos! "Vestido", que vai crescendo a cada audição, é um murro no estômago se escutarmos com muita atenção.
"HER" é um disco honesto sobre mulheres, para mulheres. Mas também para homens, que eles são parte integrante e responsável nestas coisas da vida em sociedade. É um disco de canções, sim, mas é também um disco de histórias. que podem muito bem ser as nossas.
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