The XX luminosos em "I See You"

Hoje é dia de The XX.
Em 2009, o álbum de estreia foi uma novidade fresquinha, e ainda hoje é uma referência da electro-pop. "Coexist", passou-me completamente ao lado, e talvez por isso, "I See You" é um passo em frente.

À primeira escuta, sinto que estão mais luminosos.
A melancolia deixou entrar alguns raios de sol nas canções. As melodias estão mais frescas, mas as letras escondem um registo mais negro, mais sombrio. Como se fosse uma forma de mascarar o sofrimento ou pelo menos encará-lo de maneira mais positiva.
Basta ouvir "Dangerous", que abre o alinhamento, ou "Hold On", catchy o suficiente para que o refrão fique no ouvido.


O registo intimista mantém-se. "Performance" é uma das melhores canções do disco, uma Romy num solo vocal quase perfeito, acompanhada por uma batida irrepreensível de Jamie XX. "Brave for you" não é tão intensa, e acaba por soar como uma versão menos conseguida da anterior.


A novidade é que estão mais melódicos, os instrumentais são deveras interessantes, e nota-se em cada batida a mestria de Jamie XX na produção.
Estão também mais dançáveis e menos sisudos. "Say Something Loving" é foffin' e catchy, aproximando-os do universo das canções «dream pop».
Como se tivessem sofrido uma espécie de «extreme makeover».


Soam mais seguros nas interpretações e bastante mais soltos do que nos primeiros tempos. Infelizmente, não muito que, volta e meia, sinto que lhes falta a emoção pedida pelas canções de "I See You". "A Violent Noise" e "Replica", por exemplo, são temas interessantes, a nível instrumental, mas falta a Oliver um maior alcance vocal para que pudessem ter mais impacto.
Ainda assim, o contraste das vozes de Romy e Oliver é simpático, mas - e há sempre um mas... - na maioria das canções, não há mudanças no registo, ou seja, cantam sempre da mesma forma. 

É esse o meu «problema» com os The XX. As canções são giras, algumas delas animadas, o ritmo é bom - obrigada, Jamie XX - e até consigo ouvir o disco sem fast forward. Mas nem sempre me consigo abstrair de os imaginar ao vivo a interpretar estes temas e vê-los constrangidos, sem saber como se mexer em palco, e, sobretudo, sem conseguirem demonstrar sentimentos com a sua voz.

"I See You" não é um mau disco, poderá até fazer parte dos melhores de 2017, mas falta-lhe emoção.
Aquela que, aqui no estaminé, nos prende do primeiro ao último segundo.

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