Adeus 2017: últimas concertinices sobre discos

Calma, ainda não estamos em modo "best of".

Antes, as últimas considerações do ano sobre os discos que passaram pelo departamento lisboeta do estaminé. Assumi há algum tempo que, (in)felizmente, os meus ouvidos insistem em não achar graça ao que a maioria diz que é espectacular, inovador e «do outro mundo».
Ficaram, por isso, pelo caminho os álbuns novos de Tricky, e dos Hurts. "Ash" das Ibeyi aborreceu-me, bem como os mais recentes de Kele Okereke e de Lana Del Rey. O segundo dos Wolf Alice (apesar de ser coisa para resultar ao vivo) não cola, muito menos a cena hip-hop / rap que tem dominado o mundo da música.

Os quatro que se seguem estiveram comigo no caminho «casa-trabalho-casa», e, por diferentes razões, lá se foram mantendo na playlist.

"As You Were", Liam Gallagher

Uma agradável surpresa, no sentido em que as expectativas não eram assim tão altas. A voz está bem colocada e as melodias trazem de volta o rock n' roll dos anos 90, claro. Estão lá as influências dos Beatles e dos Rolling Stones, e até dos Primal Scream. Convence mais nos temas roqueiros - "Wall of Glass" e "You Better Run" são dois bons exemplos - e nos que soam mais country (ou melhor dizendo, aquele rock de Nashville, Tennessee) do que nas baladas, que não lhe assentam assim tão bem.


Nem sempre nos descolamos dos Oasis, é certo, mas "As You Were" é mais um passo na direcção certa.

"Scream Above The Sounds", Stereophonics

São uma daquelas bandas que me vão acompanhar sempre, esta de Kelly Jones. A voz é incrível, as letras são na sua maioria inteligentes e há muitas melodias marcantes. Este álbum não é excepção. Em "Caught By The Wind" voltamos aos atentados no Bataclan, em "Before Anyone Knew Our Name", delicioso tema de voz e piano, é tempo para o devido tributo ao baterista Stuart Cable. O trompete em "What's All The Fuss About" dá brilho a um registo «mais do mesmo» e só prova que não lhes fica nada mal sair de vez em quando da sua zona de conforto.


"Take Me Apart", Kelela

Muito aguardado este primeiro disco e confesso que não desiludiu nadinha. Kelela encontra o equilíbrio perfeito entre o R&B e a electrónica, e a sua voz delicada emociona e envolve. Sente-se magia no ar, por entre canções cheias de diferentes texturas e camadas. "Take Me Apart", o disco, é dançável, sensual, coeso. O tema título, bem como "Frontline", "Better" e "LMK" são escolhas à primeira escuta num álbum repleto de coisas boas a descobrir.


"Warhaus", Warhaus

Um ano depois da estreia a solo, o segundo disco. Mais jazzy, mais introspectivo que o primeiro. Mantém-se acompanhado por Sylvie Kreusch, que ganhou maior destaque no projecto. E ainda bem. A sua voz suave é um complemento perfeito para o jogo de sedução que se vai desenvolvendo ao longo do disco, em "Love's A Stranger", "Well Well", "Dangerous" ou "Fall In Love With Me". A cinematográfica "Control" é outro dos pontos altos num disco intenso e pessoal.


Então e os discos nacionais?

Honestamente, da armada portuguesa, pouco ou nada ficou. "1986" de Benjamim & Barnaby Keen e "Altar" dos The Gift rodaram por mais tempo mas sem me conseguirem conquistar. A excepção é "The Poet's Death" de Mazgani, que apesar de ainda estar em escuta, encaixou bem nos meus ouvidos e acompanhar-me-á até 2018...

Até já!

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