NOS Alive 2014: 3 dias em 15 concertos

Terminou há dias mais uma edição do Optimus Alive, a primeira com novo nome. E a sensação é de «mixed feelings».

Não sei se é o (meu) grau de exigência que vai aumentando nestas coisas, ou se é a paciência que vai diminuindo. Este ano, houve muita coisa que não esteve bem - e para um festival que se considera o melhor e ainda por cima atrai milhares de estrangeiros, não é nada bom...

A fraca e até mesmo má qualidade do som nos três palcos, agravada pelo vento que se fez sentir nos últimos dias, prejudicou os concertos - não se entende como é que depois de tantas edições o problema se mantenha...
A "pobreza" dos comes & bebes - valeu-nos a barraquinha da Go Natural e o quiosque do bolo de chocolate, a confusão perigosa no acesso aos WC's, para não falar da segurança - desta vez não ruiu o palco mas diz que um ecrã gigante podia ter ganho asas...
A falta de civismo do público, os excessos, os encontrões, as selfies que continuam a ser uma constante...

Olhando para este cenário, prefiro concentrar-me naquilo que me fez comprar o passe: a música, as bandas, os concertos.

Infelizmente os horários não me permitiram assistir a todos os que queria, ou até mesmo apanhá-los de início. Mas, à excepção do concerto dos Jungle (que, já sei, foi brutal), dos Gin Party Soundsystem (não podiam tê-los posto em horário de fim de festa??), e do Noiserv, não me posso queixar muito.
(ao contrário da Chavininha, que queria mesmo muito ver os Phantogram mas o som no Clubbing estava tão mau, tão mau, tão mau que tivemos de ir embora...)

Se tivesse de eleger os «meus» cinco concertos da edição deste ano, seria qualquer coisa assim (por ordem cronológica, que é mais democrático):

1. Ben Howard: um desejo tornado realidade, dois anos depois de o descobrir. Foi o meu primeiro grande momento do festival. Não interessa que estivesse pouca gente, que a maioria não o conhecesse ou que achasse que não é artista para o palco principal. Ben Howard poderia ter tocado no Coreto, que provavelmente iria sentir o mesmo: uma emoção extrema por finalmente poder ouvir as canções de «Every Kingdom» - que tantas vezes me acalmaram o espírito - ao vivo.

2. Arctic Monkeys: mesmo que não tenha sido um concerto arrebatador como os do SBSR, são sempre bons ao vivo. E, felizmente, calhou-nos a sorte grande com a setlist - há muito que esperávamos "No. 1 Party Anthem", "Library Pictures" e "My Propeller" .


Créditos: Concertina

3. D'Alva: foi "O" concerto do segundo dia. Estava ansiosa por finalmente os apanhar ao vivo, e excederam as minhas expectativas. A alegria e emoção em palco passou para o público, e foi tão bonito ver toda a gente a abanar o esqueleto sem medo ao som das canções pop de #batequebate! E o que eu me emocionei quando se ouviu "3 Tempos"...

4. Sohn: ainda hoje tenho poucas palavras para descrever o que se passou naquela hora. A música funde-se com as emoções, a postura tímida do rapaz é envolvente, e a sua voz é irrepreensível ao vivo. Especial.


Créditos: Concertina

5. Chet Faker: não apanhei o início, e quando chegámos, a zona do palco Heineken estava a rebentar pelas costuras. O som do clubbing manchou um concerto fabuloso - mas testemunhámos um dos momentos de maior comunhão no festival. Chet Faker foi arrepiante, e a reacção do público foi demolidora, sobretudo em "Talk is Cheap". Um ambiente assim não tem preço... 

Só por estes momentos, já teria valido a pena. Mas como não podia deixar de ser, há sempre espaço para as «menções honrosas»!

1. Parov Stelar Band: conhecia pouco e lembrei-me logo dos Gogol Bordello, tal era a festa quando chegámos. Não é difícil imaginar porquê: música animada, tudo a dançar, a bater palmas, aos pulos, de sorriso no rosto. Definitivamente um concerto «à palco heineken».

2. Buraka Som Sistema: tomaram conta do espaço e aqueceram-nos com ritmo e musicalidade. Eu nem sou grande fã mas rendi-me aos sons dos BSS - que só ficaram a ganhar com a magnífica Blaya - e dançámos até não poder mais. Houve quem achasse que eles «são giros mas não são banda de festival». Eu cá acho que se houvesse mais concertos como os deles nestas ocasiões, os festivais seriam muito mais animados.


Créditos: Concertina

3. You Can't Win Charlie Brown: é um facto que os «Charlies» não me desiludem ao vivo. mas o horário é ingrato e eles (ainda) não têm a força, o chamariz de uns Linda Martini. Mas estão no bom caminho, e quem sabe da próxima vez, terão mais gente a ouvi-los.

4. Foster The People: mais uma estreia, mais um grande concerto. Já depois de "Helena Beat" mas mesmo a tempo de "Best Friend", Mark Foster mostrou-se incansável e soube puxar pelo público. E este respondeu à altura. 

5. The Libertines: confesso que tinha as minhas dúvidas. Pete Doherty de novo em palco? não correu mal, aliás, arrisco dizer que até correu bem. Pena que a assistência não estivesse composta - acredito que muito boa gente não faça a mínima sobre quem são os The Libertines - mas também acredito que quem lá esteve, abanou o capacete ao som do indie rock da banda. E quanto mais não seja, presenciou um momento histórico.


Créditos: Concertina

Infelizmente nem tudo foram rosas. Se calhar teve a ver com o sítio onde vimos os concertos, num espaço tão grande, o vento incomodou e prejudicou a propagação do som.
Nem todos foram maus; alguns não correram bem, outros foram "só" chatos e aborrecidos.

1. The Lumineers: são simpáticos. E eu até lhes acho piada. Mas ou não estavam para ali virados, ou não souberam puxar pelo público.

2. Interpol: não sou fã, apesar de algumas das canções mais antigas continuam a fazer parte da minha playlist. Mas a verdade é que soa tudo sempre um bocadinho a mais do mesmo. Se por um lado é característico, por outro torna-se aborrecido.

3. MGMT: chato. e teria sido uma perda de tempo, se não fossem "Time to Pretend", "Electric Feel" e "Kids", três grandes canções de uma banda que se calhar (já) não tem assim nada de especial. ou então, o psicadélico não é de facto a minha onda.


Créditos: Concertina

4. The Black Keys: provavelmente a maior desilusão do festival. Estava à espera de muito mais, porque sei que eles dão grandes concertos. As pausas entre canções foram intermináveis, e o alinhamento esquisito não deu espaço a qualquer tipo de interacção com o público - logo nós que gostamos tanto de bater palmas e sing-along's. Excepção feita ao bloco final que lhes correu francamente melhor.

5. Bastille: tinha tudo para ser um grande concerto. O público esteve envolvido, o vocalista soube interagir e "Of The Night" foi brutal. Mas a falha de som em "Pompeii" - que era só o tema que toda a gente queria ouvir - estragou tudo.

O som, sempre o som. Foi o protagonista do festival, mas pelas piores razões.
O cartaz não terá agradado a todos mas também não foi um flop.
Quanto aos concertos, a unanimidade de opinião é quase inatingível.
Para mim, alguns ficaram aquém do que se esperava. Para outros, esses mesmos concertos terão excedido expectativas.
Ainda bem.
Nestas coisas da música, «it's all about emotions».

No rescaldo do NOS Alive 2014, fica apenas uma certeza: para o ano há mais.

nota final da Chavininha: «entre terem posto os concertos que eu queria ver à mesma hora, o som e afins, não tenho nada a declarar. a não ser que adorei os Temples».

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