O indie folk nacional (já) tem nome: Brass Wires Orchestra

São portugueses, cheios de talento e são provavelmente A banda de folk do momento por cá.

Diz a página oficial dos Brass Wires Orchestra (BWO) que tudo começou na rua, onde tocavam canções de outros para ganhar uns trocos. A coisa correu bem, quem os ouviu, gostou e daí até às canções em nome próprio, foi um passo.
Já se apresentaram no Optimus Alive - e até chamaram a atenção da NME (pois claro, que eles adoram estas cenas indie folk!) - em Paredes de Coura e no Hard Rock Calling em Londres.


«Cornerstone», o álbum de originais, saiu em junho e ando a ouvi-lo há algum tempo. Como seria de esperar, não o consigo dissociar de Beirut e de Mumford & Sons. Ainda assim, há nas canções dos Brass Wires Orchestra qualquer coisa que lhes conferem uma identidade própria.
Pode ser do ritmo, da batida, da percussão - às vezes tão discreta mas ao mesmo tempo tão presente. Por recorrerem mais ao sopro do que às cordas.
E depois, há a voz. Não sei se será correcto afirmar que o tom de Miguel da Bernarda é mais suave... mas assenta perfeitamente nas melodias.

Eu assumo, é um estilo que me seduz.
Quanto mais não seja pela panóplia de instrumentos, pelo efeito «orquestra clássica».
Sou pela música clássica desde pequenina, cresci com os discos dos grandes compositores a rodarem no gira-discos do meu tio.
E ouvir os Brass Wires Orchestra, no que ao instrumental diz respeito é (quase) como ouvir uma grande orquestra a interpretar aquelas sinfonias de sempre.


Seja nos temas mais melódicos, como "Anchor" ou "Prophet Child" (que tem um pedaço instrumental fabuloso lá mais para o fim), ou nos outros mais animados, com mais ritmo, como "Tears Of Liberty" ou "People & Humans", há em «Cornerstone» um elo comum: a força que as canções ganham com os crescendos instrumentais.
É incrível.
A intensidade desses momentos é tal, que alguns até poderiam ser refrães (se calhar, são. e se forem, arrisco a dizer que as palavras não teriam o mesmo efeito).

Basta ouvir "Wash My Soul", "The Lost King" ou "Finders Keepers", que tem um momento instrumental simplesmente arrepiante... uma união fabulosa entre cordas e metais (lá está, se a canção tiver «cordas», é bem provável que encaixe logo nos meus ouvidos. e até que me provoque arrepios).


Já se sabe, a música pede emoção.
Não consigo evitar o entusiasmo interior sempre que a orquestra dos BWO se vai mostrando a cada compasso, a cada pulsação, a cada canção.
Há magia nos sons, na harmonia dos instrumentos, do sopro às cordas e à percussão e aos teclados.
Como se cada acorde fosse uma celebração.

Infelizmente, não consegui estar presente no concerto de apresentação do álbum.
Espero vê-los em breve.
Porque se em disco, a orquestra já soa tão bem, ao vivo, só podem ser ainda melhores.

«for some are slaves of this machine // and some are living in a dream»
Brass Wires Orchestra, "People & Humans"

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