Que bonita é a vida no campo, mas agora já acabou e para o ano há mais.Ou a crónica possível do último dia do Vodafone Paredes de Coura

Pois é, tudo o que é bom acaba rápido, como dizem... e o Vodafone Paredes de Coura deste ano não foi excepção. Já acabou. Mas acabou como foi: em grande.

Vamos lá, então, tentar contar tudo o que aconteceu ontem (ou melhor, fazer a cronica possível, porque depois de fazer malas e regressar a casa, a memoria já não estará tão fresca. Digo eu.)


Chegámos ao recinto ainda os Sensible Soccers tocavam no palco Vodafone. É um facto que só apanhei a última música, mas que o que vi, ficou-me na memória, e vou querer ver mais assim que possível. 

Passei entretanto perto do concerto dos The Dodos, mas confesso que não lhes prestei atenção, porque a primeira "meta" era apanhar Kurt Vile.
Kurt Vile que vinha acompanhado pelos The Violators, como (agora) é habitual, mas que eu acho que era mais brilhante e que fazia mais sentido quando ainda era parte dos The War on Drugs.
Ainda assim proporcionou-nos um belíssimo fim de tarde, num estilo melodico-doce, meio tímido até mas, que ainda assim, entusiasmou tanto o publico como o próprio Kurt, que apesar da timidez, se sentiu bem em Coura.
Sim, já sei, é uma repetição de ideias. Mas que culpa tenho eu que eles gostem todos tanto de lá tocar como eu gosto de la estar? Nenhuma. 
Depois de Kurt Vile foi tempo de rumar para ver Hamilton Leithauser, sim, o dos The Walkmen, que deu um concerto muito simpático no palco secundário. 
Confesso que estava à espera da força com que ele toca com a sua banda, e que, a determinada altura tudo aquilo me parecia mais do mesmo. Acho que lhe faltou aquele elemento mágico que faz com que me apeteça lá ficar. 
E isso, eu confesso que isso não aconteceu e foi então tempo de ir ver os The Growlers.

É publico que eu gosto dos The Growlers, não porque os tenha descoberto, mas porque se me entranharam depois de horas a ouvi-los por causa da Ventoinha. 
E, quando há uma banda que se entranha, dificilmente sai. 
Muito menos quando se apresentam de forma absolutamente despreocupada, em harmonia com tudo o que os rodeia, com um público que ajudou a puxar por eles (sem que, em qualquer momento isso fosse preciso), e que, brincaram com os miúdos da frente, especialmente dois que estavam vestidos de crocodilos e que queriam ir para o palco dançar com a banda. Brooks Nielsen, o excêntrico (e meio hipster) vocalista dos The Growlers brilhou em Coura, com o seu estilo tão peculiar, que se adequou em pleno a tudo o que lá aconteceu.
Se naquela hora  ainda não estava muito frio, eu posso dizer que mesmo que estivesse, eu pelo menos não o teria sentido.

Depois foi a vez dos Beirut encherem o palco Vodafone.
E o que dizer de um concerto perfeito? Muito pouco.
Beirut foi "o" concerto da noite.
Foram os Beirut que arrancaram sorrisos e arrepios, e que puseram as quase 30000 pessoas a cantar em uníssono. 
Aquela orquestra brilhante, aquele som tão, mas tão característico, a simpatia da banda e sempre o pano de fundo de Coura, o único sitio onde este concerto seria possível como foi ontem, e onde, provavelmente não houve uma alma que não tivesse ficado de sorriso escancarado a ouvi-los.
Melhor era impossível, e estou em crer que a actuação de Beirut em Paredes de Coura vá ser uma daquelas que se tornará para sempre uma das imagens de marca do próprio festival.
(Para o jovem que estava atrás de mim, será melhor dizer também que sim, que Beirute com "E" é uma capital. Não será a de Israel, mas sim a do Líbano.)

Gargalhadas à parte, um frio gelado, e foi a vez de chegar James Blake, aquele de quem toda a gente estava à espera. Pelo menos toda a gente que não o tinha visto no Porto Primavera Sounds do ano passado, digo eu, já que o rapaz lá teve direito a pouco mais de meia casa. 
Como também se sabe eu não sou "mega fã" como a Concertina, e limitei-me a receber as energias que o jovem emanava do palco, perante uma multidão atenta, alguns conhecedores e muitos interessados.
Não que eu ache que Blake tenha dado um mau concerto, porque não acho, de todo. Acho é que depois de Beirut e da sua magia, aquilo a mim não me chegou. 
Podia ser do frio ou do espírito, mas continuo a achar que no Primavera foi mais intenso, ou pelo menos, a mim soou me muito melhor.
(Isso ou a culpa foi do concerto de SOHN no NOS Alive deste ano, que dentro do género, me soou bem melhor, e que me fez melhor à alma.)
Acredito que tenha sido complicado tocar depois dos Beirut, especialmente porque, como disse James Blake, ele já não tocava há algum tempo, mas também acredito que, se Blake tivesse tocado ao fim da tarde, como acontece na maior parte dos concertos "Lá fora" a coisa tivesse sido muito mais interessante. Pelo menos mantenho a mesma opinião que já tinha: a mim não me chega.
E assim, mesmo antes do fim, e antes dos 1-800 Dinossaur, provavelmente por causa do frio (e dos brilhantes 3 dias anteriores) foi este o fim do Vodafone Paredes de Coura de 2014 para mim.
Tempo de rumar à vida real, ou no meu caso, ao resto das ferias.

(Como já é costume nestes meus posts de ultimo dia, fica o meu top 5 de coisas do Vodafone Paredes de Coura 2014:

1 - Franz Ferdinand, que foram brilhantes e que me levaram aquela frase do "O que? Já passaram 2 horas? Não pode ser!!!!!"
2 - Cage The Elephant, que mostraram que são muito mais que uma banda de "introdução a um festival".
3 - Linda Martini, que apesar de terem tocado num fim de tarde, nos mostraram outra vez que fazem o que fazem e que o fazem muito bem.
4 - Beirut, porque apesar de eu ser uma Chavininha do rock, gosto mesmo é de musica que me faça sorrir e sentir seja la o que for e me aqueça a alma.
5 - Black Lips, porque o Rock não vai morrer, pelo menos enquanto houver bandas como eles.

A minha menção honrosa vai para os CHVRCHES, que mostraram como se fazem os melhores 45 minutos de música antes da melhor banda do festival, sem medo e a "rasgar", e para os The Growlers, que nos fizeram cantar, bater palminhas e dar muitas e boas gargalhadas.)

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