Ao vivo: A Sirumba dos Linda Martini

E eis que chega Abril e finalmente algo que nos encanta os ouvidos: discos novos de Linda Martini e de The Last Shadow Puppets.

O primeiro veio acompanhado de concerto, e é o tema de hoje.
(o segundo continua em escuta e aguarda-se que alguma alma iluminada os traga a Portugal este ano).

Mas vamos lá então.

2 de Abril, Coliseu dos Recreios.
Apresentação de "Sirumba", o novo disco dos Linda Martini.

Quando chegámos, parecia que a chuva tinha feito das suas.
Os mais cépticos diriam com certeza que tinha sido um passo maior do que a perna.
Mas à boa maneira portuguesa, o Coliseu começou a encher com o aproximar da hora do concerto.

E foi uma sala bem composta - e fiel, dos 6 aos 60 anos - que recebeu o André, a Cláudia, o Pedro e o Hélio.
Que os aplaudiu do início ao fim - bem, quase, porque os instrumentais às vezes longos iam quebrando o ritmo...
Que cantou canções de sempre como "Mulher a Dias", "Amor Combate" e "Dá-me a tua melhor faca" a plenos pulmões.
Que fez crowdsurfing e que gritou no fim pela eterna sereia.
E que esteve em comunhão quase perfeita com os «Putos Bons» que deram tudo em cima do palco.

As canções de "Sirumba" entrelaçaram-se com as de outros tempos, como se já estivessem cravadas na estória dos Linda Martini.
A evolução sente-se, as primeiras canções são mais explosivas, as mais recentes, nem tanto. Mas eles continuam a soar tão bem e tão genuínos numa "Juventude Sónica" ou num "Belarmino Vs", como numa "Volta" ou na mais recente e maravilhosa "O dia em que a música morreu".

A máquina "Linda Martini" está mais do que oleada, mas por vezes o nervosismo é mais forte, e ainda vemos os miúdos que há 10 anos atrás se aventuraram nestas coisas da música.

É isto que faz sentido.
Continuam a divertir-se.
A emocionar-se - tocar no Coliseu dos Recreios (ainda) é um momento único para qualquer banda.
E a manter vivo o (seu) desassossego.

Pode já não ter a forma de "O Amor É Não Haver Polícia" mas tem a maturidade de "Panteão".
Pode já não soar ao punk rock de "Ratos", mas é rock sem preconceitos de "Unicórnio de Sta Engrácia".

E, se dúvidas houvesse, os Linda Martini são, hoje, um dos nomes incontornáveis do rock português.