K 2.0 - Sim, os Kula Shaker estão (finalmente!) de volta.


Confesso que, algures no ano passado, quando soube que os Kula Shaker se iam preparar para lançar um album, o quinto da banda, fiquei com um certo medo do que ai vinha.
Não que não confie no trabalho e na capacidade criativa da banda, mas, porque, às vezes, é melhor manter as magnificas memórias que eles sempre me proporcionaram, do que pensar num regresso que não estivesse a essa altura. O que, no caso dos Kula Shaker é sempre bem alta.



(lembro me, de termos pensado em ir ve-los a Paris, e de, mesmo assim, não estar completamente certa de querer mesmo que isso acontecesse… Depois alguém decidiu por nós que isso não ia acontecer, contingências do quotidiano…)


Para quem não os conhece, os Kula Shaker foram uma das bandas mais marcantes do brit-pop, há muitos anos, juntamente com os Oasis, os Blur, os Pulp ou os Suede. 
Se bem que, eu nunca tivesse achado que eles eram propriamente feitos do mesmo material que os outros… Alias, eu, ainda hoje acho que os Kula Shaker são uma outra historia, uma daquelas completamente à parte, que se escreve por linhas próprias, com uma ideia muito peculiar, e com um som absolutamente inconfundível. 
Se a isto se acrescentar que são mestres em alinhar a musica indiana (aiiiii, as citaras que sempre me fascinaram tanto…), o sânscrito e o rock n’ roll (aquele de Jimi Hendrix), podemos pedir mais o quê? Pelo menos para a Chavininha de 16 anos isto era o cumulo do cool, e foi uma das razões porque eles passaram a fazer parte da minha playlist. E nunca de la saíram.




Então, em 2016, passado alguns (tantos!) anos chega K 2.0. Como que uma revisitação de K (o album base e de maior sucesso da banda), mas sem nostalgia. Uma viagem ao mundo transcendental que sempre me fascinou, e que continua a fazer magia, mesmo passado tanto tempo. 

Sem saudades. 
Que quando isso acontece vamos ao iPod e pomos “Govinda” ou “Tattva” a tocar, passamos pela versão de “Hush” e voltamos à vida real como novos. 
K 2.0 aparece sim com coisas novas, como se fosse, de facto um remake de um filme que era bom, mas daqueles remakes que valem a pena ver e que não nos deixam a achar que podíamos ter pedido para que aquilo não tivesse acontecido.

Com as mesmas influencias de antes, o misticismo e a cultura indianas sempre muito presentes, como sempre foi seu hábito, destaco deste K 2.0 “Infinite Sun”, no seu jeito quase de mantra, com as citaras, as palminhas e os órgãos a que se juntam as guitarras eléctricas, e a voz hipnotizante de Crispian Mills, criando o cenário perfeito para o inicio de uma viagem, que me leva ao que de melhor ainda hoje se pode fazer na musica.


Posso também falar na veia política dos Kula Shaker, que nunca foram uma banda sem opinião, e que, não iam começar a ser agora. Dai que “Death of Democracy”, num jeito mais Western, como se, de facto, isto não passasse de um filme de cowboys, traz-nos a ideia de que, a ironia e a critica social podem andar de braço dado, e podem aparecer em alguns álbuns rock e por-nos a cantarolar (e que falta que isso nos faz nos dias de hoje!)





Por razões quase obvias, destaco também “Oh Mary!”, que há-de seruma belíssima forma de dançar em fins de tarde de sol, com um som muito solto e com Mills, mais uma vez, a ser a personagem principal nesta historia (neste caso ele e a Mary!), e que me faz querer que já não seja Abril e que já não estejam 10 graus e chuva, mas sim calor, sol e aquela sensação quase de dormência que me assalta de cada vez que tiro tempo para fazer a fotossintese. (Acontece a mesma coisa com “High Noon”, a bem dizer da verdade, mas para não estar a falar nas musicas todas escolho só aquelas três ali de cima. Mas aconselho a ouvir tudo, varias vezes e como se não houvesse amanha.)



Se é verdade que, num mundo cada vez mais global, vamos buscar influências tão diferentes quanto o que nos apetecer naquele momento, e temos acesso a todo um manancial de sons que nos chegam de todo o lado e mais algum, conforme o estado de espirito que nos assalte, e que, acabamos por descartar, com a mesma velocidade com que os fomos buscar, este som, o dos Kula Shaker neste K 2.0, é daqueles que, a bem dizer da verdade, não poderíamos nunca ir buscar a mais sitio nenhum, a não ser a este, e que eu acho que é difícil descartar. Seja lá porque motivo for.
E digo eu, ainda bem.


“…She changes everything she touches, and everything she touches changes…” em Infinite Sun 

e especialmente isto: 


"Well, in your head you can go everywhere, didn't you know that? Why you couldn't even go to the edge, the very edge of the universe? In your head, you couldn't go there on a bus or a ship or wherever that thing goes..." em Oh Mary!

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