1,2,3 lá fomos nós outra vez... Crônicas do Parque, ou o possível de um primeiro dia de NOS Primavera Sound
Foto "Roubada" do site do evento, porque as minhas são interditas a estas coisas. |
Sim, há pessoas que defendem que não devemos voltar aos sitios onde fomos felizes.
Graças a Deus que eu não faço parte desse grupo de pessoas, e que, volto, tantas vezes quantas possíveis, aos sitios onde me sinto bem, onde tenho boas memórias, e onde (em 5 anos) se criam tantas e tão boas gargalhadas.
Assim, como previsto, foi tempo, então, de regressar ao Parque (da Cidade) e ao NOS Primavera Sound.
Não querendo ser repetitiva, há qualquer coisa de fascinante neste festival, que, não acontece em mais nenhum.
Não, não falo só do cartaz (que, se for para ser sincera, este ano até nem é dos que mais me fascina), não falo só das pessoas (que, para dizer a verdade são das mais bonitas de todos os festivais que por cá se fazem), nem das tasquinhas (sim, só porque vamos aos festivais, não quer dizer que não tenhamos que comer coisas boas!), do recinto (que nem me apetece comentar), das flores, dos copos e do resto.
Falo de todo um ambiente especial, civilizado e magico, aquele que se vive no Parque (aquele silencio magico entre concertos? Priceless. As gargalhadas com os amigos, em sitio sem apertões? Os recantos todos? E estava aqui o resto da tarde, a perder me em pormenores, se não tivesse que agilizar as coisas para voltar mais daqui a nadinha.)
A verdade é que, num festival, o mais importante de tudo, é a musica. E que, sem isso, nada daquilo faria sentido, como estamos aqui fartas de dizer.
E sim, o Primavera, é sempre palco de grandes concertos, que sempre tiveram aquilo que eu mais gosto: Magia. E ontem, num primeiro dia onde até o S. Pedro estava irrequieto, e nos fazia oscilar entre chuva, sol, calor e frio, nevoeiro e chuva e tudo o que um pais tropical tem direito, isso da magia da musica não foi excepção...
Sim, queríamos ter chegado a tempo de ver os Wild Nothing, esse era o plano. A verdade é que não foi isso que aconteceu, and it's ok. Não só porque as coisas são como são, mas porque também já os tínhamos visto lá. Há mesma hora, há uns anos. E não sendo novo... há coisas que podiam correr pior.
Antes disso, disse me o B. que os Sensible Soccers (que abriram as hostes) foram muito bons. Acredito no que ele diz, até porque não estive lá, mas começo por falar nos Deerhunter, que foram o meu primeiro som do festival.
Naquele de fim de tarde (sem sol?), fizeram logo aquela magia de me por a tirar os pés do chão, e de dançar na relva. Porque sim, já não era a primeira vez, mas desta no palco NOS, cheio, e que, nos confessaram no meio do concerto que, também eles estavam ali a espera dos Animal Collective (que fechariam a noite horas mais tarde.)
Depois, foi tempo de tirar a manta amarela doa quadrados, sentar na colina, e ver Julia Holter enquanto o dia se ia embora. Julia Holter, com a sua voz de miúda, que nos embalou, nos seduziu e nos fez ficar ali uma hora a contemplar tudo, num concerto intimo e delicado, como dela estaríamos a espera. (E até o S. Pedro cooperou!)
A verdade é que estava toda a gente a espera do que ali se ia passar a seguir.
Não só porque Sigur Ros são aquela banda que tem sempre casa cheia, mas porque, ali no Parque, fazem ainda mais sentido.
Confesso que não sou grande fã, mas tenho que admitir que foi um concerto muito intenso, e que me fascinou pensar que estavam ali aquelas não sei quantas mil pessoas, ao som de uma banda de 3 pessoas que encheram grandiosamente o palco maior de um festival como se fossem 10, a cantar numa lingua que ninguém entende (a não ser quem fale islandês, que não é o meu caso), e que conseguia aquela união de pessoas, demonstrando, mais uma vez, que a musica é a arte mais democrática de todas, e que não importa como, onde ou porque, se aquilo nos faz sentir seja o que for, é porque nos toca. E, se nos toca cumpre o seu propósito. Como a arte deve fazer.
Apesar da minha falta de sensibilidade para estes sons, confesso que vou guardar na memória mais este bom concerto. E até pode ser que, um dia mais tarde, fique com pena de não os ter apreciado mais. Às vezes acontece...
Depois fomos rumo ao rock, ver Parquet Courts, que, eu confesso, serem a minha peça-chave do cartaz de ontem.
Talvez o S. Pedro tenha ficado triste com o fim dos Sigur Ros, talvez se tenha emocionado com o que tinha acontecido, ou talvez tenha achado que a noite devia acabar por ali.
Esqueceu-se foi que isto aqui é o Porto, e que, nem a chuva faz com que as pessoas vão embora, até porque hoje é feriado, e não haveria nenhuma justificação para a desistência àquela hora, se havia programa ate as 4.
Os Parquet Courts, com o seu som característico, as suas letras peculiares e com aqueles microfones meio estragados de ontem, trouxeram o rock de volta, depois do diáfano dos Sigur Ros e divertiram nos, enquanto nos transformávamos todos nuns pintos ensopados e não conseguimos parar de ser felizes. Guitarras irrequietas e meio desafinadas, bateria a bombar, as vezes fora do tempo, as vozes de Andrew Savage e Austin Brown levaram-nos à America do garage rock. Com tudo a que tínhamos direito e de uma forma tão despretenciosa que quase que era bom que nada daquilo tivesse acabado.
E, antes que hoje estivéssemos com uma pneumonia (sim, porque apesar da parte tropical, chuva + frio, depois de uma certa altura e hora do dia, dão certamente uma pneumonia depois de certa idade), resolvemos vir embora antes dos animal collective (mais que não seja, porque também nenhum de nós os queria mesmo muito ver, shame on us!). De qualquer forma, deixamos lá um informador, e caso seja relevante, amanha eu conto tudo.
Isso e porque hoje, ali algures pelo fim da tarde há mais.
E hoje há PJ Harvey, antes disso há momento histórico e vamos cantar ao som dos Beach Boys com o Brian Wilson (vénias!!!), talvez consigamos passar pelas Savages, e ansiaremos por (re)ver os Beach House, com sorte, e se não estivermos muito cansados ainda fazemos uma perninha com o Ty Segall...
Mas, sobre isso, falaremos amanha. Palavra de Chavininha.
Sem comentários: