"The Blues Experience", ou uma dissertação a 4 mãos sobre o novo dos Budda Power Blues com a Maria João

Falamos hoje de "The Blues Experience", o disco dos Budda Power Blues, com a presença luminosa de Maria João.
Como, para mim, os Budda Power Blues são a melhor banda de Blues do país, e como tenho com eles muita proximidade, lancei o convite à Concertina para me ajudar.

Não foi fácil, desde pequenina que é a música clássica que me move, é o jazz que me arrepia... o Blues, é como um familiar distante de quem nem sempre nos lembramos. Mas não consegui ficar indiferente às boas vibrações desta incrível «parceria» entre os Budda Power Blues e a Maria João.




Sobre esta maravilhosa experiência, já tive oportunidade de falar aqui, quando tentei registar um pedaço do que senti na Casa da Música, ao vê-los pela primeira vez juntos. 
Houve ainda um outro concerto, no Luso, onde pude ter a certeza que aquilo que estava ali a acontecer era muito mais que uma experiência isolada, e que tinha tudo para ser um projecto mais “sério”. Pelo menos, eu sempre acreditei nisso, desde a primeira vez. ( Eu confirmo, e assumo que fiquei a roer-me de inveja de tanto ouvir a Chavininha! :) )

Daí que, quando soube que ia haver álbum, um registo daquela simbiose mágica que aconteceu no palco, tal me tenha parecido mais do que uma quase "obrigação" para quem gosta de música. Juntar uma belíssima banda de blues com a maravilhosa Maria João? Quem disse que não ia ser mesmo bom?




Para quem segue o trabalho de Budda e Nico Guedes (trabalho coeso e muito bom, de dizer aqui, só para quem não sabe), não seria de espantar que "The Blues Experience" fosse um álbum muito bem feito e cheio de pormenores, ou que nele fossemos encontrar a excelência sonora a que já nos habituámos. Para os mais distraídos sim, acredito que fosse uma surpresa: no nosso caso, não se aplica, o que faz com que, também por aí, a coisa esteja a ser esmiuçada há bastante tempo.

Subscrevo. Já muito dissemos sobre o talento incrível destes rapazes, e acredito que é impossível alguém achar o contrário. Vê-los tocar, ainda mais que ouvi-los, é sentir a música. É imaginar os instrumentos como uma extensão de cada um, indissociáveis. 

Para mim, não há nenhuma música que não se pudesse destacar, por isto ou por aquilo, mas há algumas de que tenho mesmo que falar, sem nenhuma ordem. Assim, torna-se-me impossível não falar nos solos de guitarra de Budda Guedes, quer em "Troubled Mind" quer em "I Lost A Friend", que, para além do resto é uma belíssima malha (ao estilo de Gary Moore, com mais rock n’roll na forma e com Maria João a suavizar tudo com a sua voz doce).

É a minha deixa. Que bom que é ouvir a Maria João num registo mais «enérgico» - não sei se será a melhor palavra... - em "Troubled Mind", numa troca de versos fabulosa com Budda Guedes. Quanto a "I Lost A Friend", tenho a dizer que adoro o contraste entre o instrumental e o vocal, a energia, a força dos Budda Power Blues, e a delicadeza da (e na) voz de Maria João.

Falar em "Roger", onde vou directa ao mundo de Ray Charles com o seu "Georgia On My Mind" (e que bem que me sabe!), ou em "Hole In My Soul" (sem esquecer "Excited & Confused") com as suas referências aos Led Zeppelin, passar por "Happy Birthday Blues", com quem tenho uma bonita história já desde o ano passado e acabar onde tudo começou, com "I Feel So Blessed".

Desde que a ouvi pela primeira vez na Casa da Música, achei-a uma música mais do que brilhante, e ficou logo retida na minha secção de «happy songs». Sempre que o dia está cinzento (lá fora e cá dentro) não há como não a por a tocar. Até porque, de repente, a música acaba por cumprir a sua premissa principal, que é a de me fazer feliz.



Como eu já disse mil vezes, se a felicidade se pudesse medir em notas de música, esta, para mim, estaria muito bem cotada. Não sei se pela simplicidade da letra (quantas vezes nos esquecemos de agradecer as coisas boas que temos na vida?), se pela maravilhosa Maria João, se pela guitarra do Budda, se pela bateria do Nico. A única coisa que eu sei é que "I Feel So Blessed" é “a” música desta experiência, a que mostra melhor o que acontece quando se juntam vontades e sinergias, e se trata a musica da forma como ela merece.

Ora bem, a minha ligação com "I Feel So Blessed" não é nem de perto nem de longe a mesma. Aliás, tenho de confessar que quando a ouvi pela primeira vez, passou-me ao lado. mas quando a escutei, encheu-me a alma, e não foi nada difícil deixar-me levar e emocionar-me...

Sim, eu sei que trazer Maria João para o mundo dos blues foi saber fazer magia (obrigada Budda Guedes!!!). Maria João é o «pózinho de perlimimpim» que nos faz ir ainda mais longe, e que leva o álbum a outra dimensão, uma em que não perdemos os Budda Power Blues, mas onde eles próprios se transcendem.

E, ali, eles conseguem-se fundir todos numa nova entidade musical, a que caracteriza esta experiência. Um organismo vivo novo e cheio de cores, com uma sinergia que não vos consigo descrever mas que me faz continuar a achar que o mundo não tem direito a coincidências, mas que está, isso sim, cheio de simbioses e de “estava escrito(s)”.
Porque há coisas que não fazem sentido de mais nenhuma forma.
E esta é uma delas.




p.s. Conselho da Chavininha, é fazer a fineza de os apanhar em algum sitio, tantas vezes quanto possível. Depois não digam que eu não avisei. ;)

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