Rock in Rio Lisboa: crónica de um evento que (para nós) não é um festival mas que marca o início da temporada

Foi fim-de-semana de rumar ao RiR para a equipa #phonographme.
Ainda que a muito custo.
E "só" porque Justin Timberlake se iria estrear em Portugal e não o podíamos perder.
(Ora bem, a mim enganaram-me que eu queria ir ver o Nile Rodgers, mas pronto. Quem não tem cão, caça com gato. hahahahahahahaha)

Antes de continuar(mos), que fique assente que não somos pessoas de «Rock in Rio»
Já lá estivemos antes, claro, mas não nos satisfaz. 


Os preços exorbitantes dos bilhetes diários e a falta de passes, as filas, a confusão de pessoas, a roda gigante, os sofás da vodafone que incomodam mais do que confortam, os brindes e as pessoas que (só) estão lá para os brindes, e a falta de alternativas à cerveja - onde é que anda a cidra??- e tantas outras coisas. como o pó - e ainda nos queixamos do SBSR...

A mim, se querem que diga qualquer coisa, apetece-me espirrar. Das alergias. Que são tão boas. Isso e o facto do meu cabelo cor-de-rosa se ter tornado decididamente mais castanho depois dos dois dias que lá passámos. Saiu a custo com água e toneladas de champô. E não, o castanho e o preto que saíam dos toalhetes desmaquilhantes não eram base nem rímel, era pó. No comments.
AH!!! e aos senhores dos brindes, apetece-me dizer: ainda bem que agora têm um sofá insuflável que ocupa o mesmo espaço que uma pessoa. Espero que fique mesmo bem lá em casa, naquele sitio "impecável" onde vai ficar guardado.


Mas vamos lá falar sobre aquilo que realmente nos interessa: a música.

Em ano de décimo aniversário, os cabeça-de-cartaz até foram interessantes: Robbie Williams, que foi explosivo e um verdadeiro entertainer (mesmo para quem apenas viu na tv - não vale a pena explicar porquê, basta ver o concerto). Os Rolling Stones, que causaram a maior enchente e até "trouxeram" Bruce Springsteen.

Quis o "destino" que a equipa aparecesse no sábado e no domingo, isto é, para os Arcade Fire e Justin Timberlake.
O nosso primeiro dia nem sequer estava previsto, mas lá conseguimos marcar presença. E eu fiquei muito animada, porque me estava a custar imenso não ver os Arcade Fire - e que bons que eles foram!


A setlist foi fantástica. Não incluiu temas de "Neon Bible", mas os outros, os de sempre e os melhores - estiveram lá todos. As canções de "Reflektor" são ainda mais fortes ao vivo, e as "velhinhas" continuam com uma energia invejável e tão, tão actuais... O espectáculo é arrepiante de tão bom - confesso que me senti sem chão com a encenação em "It's Never Over", há qualquer coisa de brilhante no efeito visual do esqueleto a interagir com Régine. É tão bom vê-la ganhar mais destaque à frente da banda!


Excelente, como sempre, um espectáculo irrepreensível. Até porque eu acho que os Arcade Fire não dão maus concertos. 
Mas ficou longe de ser memorável, o de 2011 no SBSR foi claramente melhor. 
O público do RiR não estava lá para eles. 
E isso notou-se e ressentiu-se. 
E nem mesmo o momento efusivo do público em "Wake Up", a fechar, apaga o sentimento de que os Arcade Fire para mim, não são banda de Rock in Rio em Portugal.

(Sim, ultrage dos ultrages, eu confesso que não sou fã dos Arcade Fire (Se ainda não tinha escrito, fica aqui), também não mudo de música se eles estiverem a tocar, é um facto. E compreendo na perfeição qual é a importância deles no mundo da música, e a revolução que eles causaram. Mas não, não sou fã. MAS, há qualquer coisa nos concertos deles que me prende, desde o SBSR de 2007. (Confesso que ainda me irrita solenemente quando os "fãs" cantam. Talvez porque nunca se tenham dado ao trabalho de ouvir as letras, o que é muito bom por si só, e ainda melhor quando falamos dos Arcade Fire. E sim, eu, que não sou fã, fico irritadíssima quando as pessoas não sabem o que estão a cantar. Querem o exemplo máximo? Eu dou: em "Rebellion (Lies)", e quase com 10 anos de diferença entre concertos, os "fãs" continuam a cantar «everytime you close your eyes Uooooo, Uooooo...» Ora bem... pessoas, é «LIES»!!!!!! (mas para que é que eu vou estar com preciosismos? Porque provavelmente me irrita quando as pessoas gostam de qualquer coisa e não a compreendem...)
Do concerto? Dizer que me arrepiam sempre, que toda a troca de "posições" entre instrumentos é profundamente rica e pode causar sensações que julgávamos que já não conseguíamos ter, e que sim, que não podem voltar ao RiR, e que gostava era de os apanhar numa sala. Não sendo cá, num outro sítio qualquer do mundo.)

Antes disso, houve tributo a António Variações, pela voz de Gisela João, Linda Martini, Deolinda e Rui Pregal da Cunha & companhia. Em separado e em conjunto, recriaram os temas maiores de Variações, e fizeram-nos recordar os anos de ouro da música portuguesa. foi simpático, mas não consegui evitar a associação ao projecto "Humanos"... (com tanto potencial, a mim soube-me muito a pouco.)

Diz que o Ed Sheeran arrancou muitos gritos da plateia. Ainda bem para ele.
Lorde, a menina sensação da pop, conseguiu impressionar-nos. Eu confesso que não estava à espera que a voz da miúda se aguentasse. Mas aguentou. E o alinhamento final do concerto - Royals + Team + A World Alone - levou o parque da bela vista ao rubro: provavelmente uma noite que a jovem e os fãs não vão esquecer tão cedo.
(eu acrescento que fico feliz quando os ícones pop são mais do que simples ícones pop, são pessoas normais. E que daqui a dois ou três anos, ela vai ser estrondosa.)



O dia seguinte começou mais cedo para podermos apanhar os Linda Martini no palco vodafone. 
Não foi fácil mas conseguimos fugir do caos que se vivia no recinto. 
Pouca assistência para aquela que é a banda portuguesa do momento. Não sei como foram os concertos anteriores, mas fez-me confusão não estar assim tanta gente (...Nevermind The Hype...) sobretudo depois de os termos visto o ano passado no palco principal do Alive... os que estavam, só pediam "100 metros sereia", o tema que habitualmente fecha o concerto e que gera momentos únicos. Quando (finalmente) a tocaram, mal os ouvi de tão sossegaditos. Os Linda Martini mereciam mais.


Uma hora separava-nos do concerto seguinte: Bombay Bicycle Club. 
Entusiasmo crescente e cheia de expectativas. 
E não desiludiram. 
Foi exactamente aquilo que os concertos têm de ser. Gente que participa, bate palmas e dança. Animado, com ritmo. Com energia. 
O alinhamento, que incluiu "Overdone" - perfeito para abertura, "Feel" - que me puxa sempre para as raízes, "Lights Out, Words Gone" - que continua bonita, "Luna" - sim, eu adoro esta!, e "Carry Me" - um dos temas maiores do último disco, não poderia ter sido melhor - ou melhor, podia que ficou a faltar a cover de "F For You" dos Disclosure. Mas foi sem dúvida um dos melhores momentos musicais do ano!
(A mim pareceu-me um bom concerto, mas que, e sem ser culpa da banda, não me encheu as medidas.)


Ao mesmo tempo, consta que no palco principal actuava um "rapper". 
Não vimos, nem sequer fixei o nome, mas ainda apanhámos uma parte do concerto da Jessie J. e tenho a dizer que foi bem bom. A voz da miúda é impressionante, as canções resultam bem ao vivo, o público estava lá para a ver e (cor)respondeu, o que significa que Jessie J. conseguiu puxar por toda a gente. E é isso que faz a diferença.
(Quanto a miss J., e por tudo o que engloba o universo Pop, eu achei uma actuação 5 estrelas, com uma entrega brutal a um público sedento de concertos pop, e de ver os seus ídolos, por uma banda que se portou de forma irrepreensível, por todo o outfit da miúda (sim, o showbiz não é só música...) e pelo que ela fez os fãs sentirem, que acredito que tenha sido "felicidade". Eu pelo menos diverti-me imenso e senti que essa coisa da "felicidade" estava no ar e na cara das pessoas que a estavam a ouvir. Mesmo quando ela cantou "Wonderwall" dos Oasis.)


A noite terminou com Justin Timberlake, o novo rei da pop, acompanhado pelos Tennessee Kids. E foi um assombro de concerto. Quase que não tenho palavras para descrever aquelas duas horas, de tão emocionante que foi. 
Era esperado há muito, nunca escondi, é um «pleasure» assumido.

A entrada faz-se ao som de "Pusher Love Girl" - ai, ai, ai, aqueles passinhos de dança... mas foi "Rock Your Body" o meu momento #1 - é desde há muito uma das minhas canções preferidas do moço. E não dá para esconder o sorriso... A sequência seguinte foi explosiva: "future sex love sound" + "like i love you" + "my love" + "tko" a rebentarem a fasquia.


É impossível não nos rendermos ao espectáculo logo nos instantes iniciais. Os músicos são fantásticos, o corpo de bailarinos também e JT está imparável.
(Sim, mesmo para mim que sou pouco dada a estas coisas, aquela banda, aquele espectáculo... conheço muita gente que devia ver aquilo com olhos de ver... só para perceber como se entretêm as pessoas que pagam para ir ver concertos...)

"Summer Love" abre o segmento seguinte, com "Love Stoned" a levar-nos outra vez ao rubro e "Until The End Of Time" puxa pelos isqueiros e pelos telemóveis, com uma introdução deliciosa de «Dancing In The Dark».

Os medleys sucedem-se, a "máquina" está tão bem oleada, que sai tudo naturalmente, nada parece forçado ou fora de sítio. E a humildade irradia no palco: «we are JT and The Tennessee Kids»
(... "Humildade"... pois, vai de encontro ao que eu estava a dizer... vou me calar.)
A voz de Justin reluz em "Holy Grail" e de repente o momento #2: "Cry Me a River" - só um dos melhores temas de sempre. E é impressionante sentir aquela gente toda em sintonia...


5 segundos para recuperar da emoção, que logo depois entram os primeiros acordes de "Señorita", mais um momento de interacção fabuloso entre os artistas. Continuamos a festa ao som de "Take Back The Night" e "Shake Your Body", com direito a coreografias certinhas e entusiasmantes.

Pouco mais de uma hora passou e de repente saímos da bela vista para aterrarmos em Memphis, Tennessee, terra natal de Justin e de Elvis. E é com esse espírito bluesy que JT nos oferece uma versão brilhante de "Heartbreak Hotel" - momento #3, provando, se tal fosse necessário, o quão versátil o moço é. (Ora bem, eu tinha dito que me ia calar, mas aqui não posso. Obviamente que não se estaria à espera de um blues. MAS... Eis que ele chegou, por assombro das miúdas de 15 anos que estavam atrás de nós, e que, provavelmente nem sabem quem é o Elvis... E sim, Justin foi brilhante. Não desfazendo o resto, que como a concertina está a contar, foi bem bom, este foi para mim "o" momento do concerto.)

Justin mantém a guitarra para a interpretação de "Not A Bad Thing", a canção fofinha do último disco, antes de nos deslumbrar com a cover de "Human Nature" de Michael Jackson - diz que o legado do rei da pop está bem entregue... e eu admito que fiquei ainda mais emocionada com a roupagem de "What Goes Around" neste concerto. momento #4: acústica, calma, para depois explodir na parte final - tão, tão bom!


E como se não estivéssemos eufóricos, a última sequência é demolidora: primeiro, "Suit & Tie" - que nem precisa assim tanto da presença de Jay-Z.
Comunicativo, com as doses certas de simpatia e charme para entusiasmar ainda mais quem assistia ao concerto, Justin deixa-nos sem palavras com "Sexy Back". E "Mirrors", arrebatadora do início ao fim - momento #5, a fechar com chave de ouro o concerto de JT e os seus Tennessee Kids.

E "só" por isto, esta edição do Rock in Rio Lisboa vai ficar para sempre na memória.

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.