Sobre "Drones", dos Muse
Não tem sido fácil escutar os discos, escrever sobre eles e afirmar que gosto (mesmo) deles. Não têm sido entusiasmantes.
Ou se calhar sou eu que ando mais exigente...
O mais recente disco dos Muse, "Drones", por exemplo, soa-me ao mesmo nível do anterior, ie, nada de extraordinário.
Não consigo achar que este seja o seu melhor trabalho. O terceiro, "Absolution" ainda é - e julgo que continuará a ser - o meu favorito...
Por muito que me custe, que eu gosto muito deles, tenho de admitir que os seus últimos discos têm sido demasiado «experimentais» e românticos (no sentido mais lato da palavra).
Ainda assim, há coisas «à Muse».
A começar pela estória por detrás do álbum: uma mulher que, vulnerável, se transformou num drone e tenta reencontrar-se e no fim, libertar-se.
O ponto de partida é "Dead Inside", que se foca no amor - pois, diz que é essa a causa maior das nossas vulnerabilidades... é um «guilty pleasure», viciante e catchy q.b. (acredito que a chavininha diria que é «azeiteira»).
O lado pop dá lugar aos primeiros grandes riffs de guitarra em "Psycho", marcantes e maravilhosos, como eles tão bem sabem fazer.
E isso é característico de quase todos os temas do disco.
"Mercy", por exemplo, está no seu todo ao nível de "Undisclosed Desires" e outras que tais de "The Resistance" - não é tão má como "Madness" de "The 2nd Law" - e eu confesso, vale pelo instrumental, forte, que tal como o de "Reapers", tem o toque entusiasmante dos primeiros tempos (pelo menos até chegarmos ao refrão...).
Já com o cheiro a revolta no ar, "The Handler" foi crescendo a cada escuta, muito por culpa da bateria.
Que nos soa como a transbordar de uma carga «emocional» dramática. E claro, mais uma vez, o pedaço instrumental é incrível - sobretudo ao vivo, fazendo-nos recordar tempos antigos.
A conclusão da narrativa faz-se, para mim, ao som de "The Globalist", o tema maior do disco. Literalmente.
Dez minutos experimentais, entre o rock puro e o clássico, à semelhança do que têm feito nos discos anteriores. Como se fosse um musical compactado. Com princípio - o nascimento e evolução do "ditador", meio - a destruição pela mão do «dito» - e fim - o arrependimento possível.
E o «fim» é aquele bocadinho de luz que dá pelo nome de «esperança».
O disco ainda tem mais uma canção, "Drones", mas que não lhe acrescenta muito. E apesar do toque sombrio e cinematográfico, mais parece saído de um coro religioso.
Mas é inegável o efeito melodramático que provoca.
Que é o que os Muse tentam e procuram sempre criar com os seus discos.
Mais ou menos experimentais, mais ou menos românticos, mais ou menos apocalípticos, a verdade é que a «teoria da conspiração» de Matt Bellamy e companhia continua bem presente nos seus trabalhos.
E a isso chama-se «coerência».
«are you dead inside?»
(Muse, em "Dead Inside" e "Drones")
Ou se calhar sou eu que ando mais exigente...
O mais recente disco dos Muse, "Drones", por exemplo, soa-me ao mesmo nível do anterior, ie, nada de extraordinário.
Não consigo achar que este seja o seu melhor trabalho. O terceiro, "Absolution" ainda é - e julgo que continuará a ser - o meu favorito...
Por muito que me custe, que eu gosto muito deles, tenho de admitir que os seus últimos discos têm sido demasiado «experimentais» e românticos (no sentido mais lato da palavra).
Ainda assim, há coisas «à Muse».
A começar pela estória por detrás do álbum: uma mulher que, vulnerável, se transformou num drone e tenta reencontrar-se e no fim, libertar-se.
O ponto de partida é "Dead Inside", que se foca no amor - pois, diz que é essa a causa maior das nossas vulnerabilidades... é um «guilty pleasure», viciante e catchy q.b. (acredito que a chavininha diria que é «azeiteira»).
O lado pop dá lugar aos primeiros grandes riffs de guitarra em "Psycho", marcantes e maravilhosos, como eles tão bem sabem fazer.
E isso é característico de quase todos os temas do disco.
"Mercy", por exemplo, está no seu todo ao nível de "Undisclosed Desires" e outras que tais de "The Resistance" - não é tão má como "Madness" de "The 2nd Law" - e eu confesso, vale pelo instrumental, forte, que tal como o de "Reapers", tem o toque entusiasmante dos primeiros tempos (pelo menos até chegarmos ao refrão...).
Já com o cheiro a revolta no ar, "The Handler" foi crescendo a cada escuta, muito por culpa da bateria.
Que nos soa como a transbordar de uma carga «emocional» dramática. E claro, mais uma vez, o pedaço instrumental é incrível - sobretudo ao vivo, fazendo-nos recordar tempos antigos.
A conclusão da narrativa faz-se, para mim, ao som de "The Globalist", o tema maior do disco. Literalmente.
Dez minutos experimentais, entre o rock puro e o clássico, à semelhança do que têm feito nos discos anteriores. Como se fosse um musical compactado. Com princípio - o nascimento e evolução do "ditador", meio - a destruição pela mão do «dito» - e fim - o arrependimento possível.
E o «fim» é aquele bocadinho de luz que dá pelo nome de «esperança».
O disco ainda tem mais uma canção, "Drones", mas que não lhe acrescenta muito. E apesar do toque sombrio e cinematográfico, mais parece saído de um coro religioso.
Mas é inegável o efeito melodramático que provoca.
Que é o que os Muse tentam e procuram sempre criar com os seus discos.
Mais ou menos experimentais, mais ou menos românticos, mais ou menos apocalípticos, a verdade é que a «teoria da conspiração» de Matt Bellamy e companhia continua bem presente nos seus trabalhos.
E a isso chama-se «coerência».
«are you dead inside?»
(Muse, em "Dead Inside" e "Drones")
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