A Balançar 2016, por Chavininha

Pois é, (graças a Deus!!!) 2016 já lá vai.
O que dizer de um ano par e bissexto, que nos levou tanta gente e tantas coisas?

Como eu dizia à Concertina no outro dia, ainda estou muito pouco preparada para um balanço suficientemente objectivo de tantas coisas que 2016 trouxe. A proximidade rouba-me a lógica e há coisas que não foram feitas para serem entendidas. E não, não foi um ano muito jeitoso, mas foi um ano que vai deixar muitas lembranças. Um ano de fim de ciclo, daqueles que não são fáceis, mas que tem coisas que nunca mais acabam...

Começar por onde? Ora pois, pelo início, que sempre deve ser mais fácil.

2016, o ano que, logo assim para começar, me roubou o Bowie.


Quem me conhece sabe da importância do senhor aqui neste eco-sistema.

Não só porque foi banda sonora de muitos dias felizes, de muitas viagens de carro, e de muitas memórias com pessoas de quem gosto muito, mas porque foi e vai ser sempre das minhas maiores inspirações.
Sim, eu sei, ninguém falou aqui de "Black Star" (o ultimo álbum dele), mas foi claramente porque ninguém conseguiu (e eu continuo a ter esse problema: o que me diz "Black Star", é muito meu, muito demais e tudo o que eu possa dizer é sempre demasiado pouco. Talvez daqui a uns anos me apeteça falar sobre isso, mas para já ainda não.)
2016 roubou-me o Bowie, não lhe consigo perdoar isso, porque eu sei que o mundo ficou com muito menos sentido. E muito mais feio. E eu continuo a não saber o que fazer com isto.


Por causa destas coisas, acabei por nem falar de outro dos meus álbuns preferidos, o dos Suede. Um álbum que acabou por ser uma das melhores companhias que tive em 2016. Um álbum quase biográfico e que saiu quase ao mesmo tempo que "Black Star". Um álbum que trouxe os Suede como eu mais gosto: incisivos, conclusivos, cinematográficos e muito mas mesmo muito brilhantes.




Um bocadinho mais à frente, foi a vez dos Kula Shaker terem voltado, com "K.2". E foi aquela altura em que eu achei que tinha que ir revisitar a minha adolescência. E foi tão bom.

Março marcou o regresso dos Miike Snow, com o maravilhoso "iii", que foi um dos álbuns mais perfeitos do ano: despretensioso, genial e dançável, como um álbum deles tinha que ser.
Em Abril, Miles Kane e Alex Turner, trouxeram-nos de volta os Last Shadow Puppets. E sim, já estávamos a espera deles há tantos anos, que acabámos por achar que isto era a melhor coisa que 2016 nos ia trazer. (Confesso que, mais à frente no ano, eu tive essa certeza. Ainda nada me fez dançar mais do que aquela versão de "Les Cactus"...)



E, quase em cima disto, 2016 roubou-nos o Prince...

Como é que é possível? Que sentido é que isto faz?
Pois, também não faz nenhum, mas foi. E, foi preciso parar outra vez e pensar que, se calhar devemos dar mais atenção as coisas que gostamos, porque elas podem não estar aqui outra vez.



De 2016 levo o genial concerto de Brian Wilson, a revisitar um dos mais maravilhosos álbuns de sempre, "Pet Sounds", ali no parque, no NOS Primavera Sound. (Alias, 2016 foi um ano de concertos muito catárticos tamb+em, provavelmente por influência de Saturno?). Brian Wilson fez-me ter a certeza que o mundo precisa de momentos bonitos, de harmonia, de amor... e de música. (óbvio que não me esqueço de PJ Harvey, dos Sigur Ros, dos Parquet Courts, e dos Explosions in The Sky (senão o B. mata-me.))




Levo um maravilhoso rendez-vous com Father John Misty, no palco Heineken no NOS Alive (e tento esquecer-me dos Foals nesse mesmo sítio), de um encontro furtivo com Win Butler no meio de um concerto dos Radiohead que nos pôs a gritar o refrão de "Creep" do fundo dos pulmões e que me fez criar das melhores memórias que se podem criar em festivais, as das gargalhadas com amigos, as de abraços de muitos anos, e das de dançar até já não termos pés para isso.




Entretanto,  e enquanto no meu iPod voltavam a rodar os Metronomy, com "Summer 08", e para que não se perdessem as gargalhadas, ainda fui ver Elton John. E que divertido e que bom que foi. E que bem que nos fez: Elton John ali ao pé do Douro, num fim de tarde simpático e quentinho, cheio de amigos. Pedir mais? Nada, porque no que foi bom não se mexe.

E, aí chegava Agosto. E se, a notícia que Sharon Jones e os Dap Kings não viriam a Paredes de Coura me deixou com o coração apertado, a certeza de que me iria encontrar de novo com James Murphy e com os LCD Soundsystem marcou-me mais do que era de se supor. Lembro-me de comentar com a Ni que, depois daquele momento, não sabia muito bem quem conseguiria por-me no mesmo estado de nirvana. Não, ainda não aconteceu.


Enquanto isto, os Kills lançavam "Ash&Ice", e tinham-nos prometido uma visita em Novembro, o que, para mim, era momento de festa. (E foi. Porque, por eles, o meu coração vai bater sempre.) E os Society lançavam o seu primeiro trabalho. O que fez com que o meu verão tivesse acabado da melhor forma possível. E que eu tivesse achado que 2016 não estava a ser assim tão ranhoso.

Não me posso esquecer do maravilhoso concerto dos White Lies, no improvável CCB, onde dançámos tudo e mais alguma coisa. Mesmo que, no dia a seguir, se tenha sabido que Miss Sharon Jones tinha ido ter com o Bowie e com o Prince e o meu coração se tenha despedaçado ainda mais.


2016 roubou-nos Leonard Cohen, o eterno poeta do amor e da vida, a pessoa que escreveu a musica que mais me marcou até hoje. Roubou-nos agora no outro dia George Michael, e roubou-nos muitos sorrisos por causa disso também...

Dizem os senhores da Astrologia que Saturno é um planeta que nos ensina o poder da mudança, e que nada é constante, que tudo pode mudar num segundo, e que nos troca as voltas assim com a facilidade de quem come uma pastilha elástica.

Foi o ano em que o prémio Nobel da Literatura foi ganho por um músico, em que uma estrela de reality shows é presidente dos Estados Unidos, em que soubemos um bocadinho do que se passa na Síria, e em que ficou tudo voltado do avesso.
Em que cantámos horas intermináveis ao som dos Society, em que aprendemos a coreografia de "24k" de Bruno Mars, em que não entendemos porque não vieram cá os Last Shadow Puppets, e em que eu chorei com "Dance YRSFL Clean", lá em Paredes de Coura.



Ainda não consegui lembrar-me de tudo, porque foi um ano denso, daqueles que, Graças a Deus!, já acabou. E, apesar disto tudo, não vai deixar saudades. Disso eu tenho a certeza.

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