Últimas concertinices sobre os discos de 2016
Antes de passar para os novos discos de 2017, andei a por em dia a música de 2016. Mais concretamente, a dar atenção aos discos que ficaram por escutar.
Ology - Gallant
Dei por ele no cartaz do Mexefest, e apesar do R&B não ser o meu estilo de eleição, há qualquer coisa na voz do moço que soa bonito. Ao longo de "Ology", a certeza é que o rapaz tem uma voz fantástica, e um falsete que provoca arrepios (menos quando é usado em excesso, como em "Episode").
A primeira metade do disco é bastante interessante, com "Talking To Myself", "Shotgun" e "Bone + Tissue" - que colou assim que a ouvi - a serem daquelas que mais mexeram comigo, a fazer lembrar os clássicos do R&B. Lá mais para o fim, "Open Up" é uma excelente amostra do talento de Gallant.
"Ology" é um disco muito bem trabalhado, ou produzido, como queiram. Mas a verdade é que, em 16 temas, alguns soam demasiado parecidos e isso acaba por manchar a escuta.
É música em tons de melancolia. De nostalgia e romantismo, daquele que toca no sombrio e no gótico. A voz de Scott é melódica, sentida, vivida e por vezes desesperada. e um acompanhamento perfeito para a luz que irradia dos arranjos intensos de Rodrigo leão.
Ou talvez seja ao contrário. Seja como for, a parceria entre os dois músicos deu origem a um disco cheio de canções aconchegantes, ideais para dias frios.
Love & Hate - Michael Kiwanuka
Não há como negar, é um disco cheio de alma. Puro soul. Que nos faz recordar Marvin Gaye. Kiwanuka é dono de uma voz ora áspera, ora delicada, mas sempre quente, o que aliado a arranjos brilhantes e momentos electrizantes, fazem de "Love & Hate" um disco imperdível. A começar pelos cinco primeiros minutos - instrumentais - de "Cold Little Heart", seguindo para o registo mais social de "Black Man On A White World", ou para o groove requintado de "Love & Hate", até à melodia explosiva e com cheirinho a gospel de "Rule The World", e ao solo de guitarra eléctrica de "The Final Frame".
Não é magnífico?
IV - BADBADNOTGOOD
Descobri os BBNG com "IV" e com as canções «cantadas», como "Time Moves Slow" e "In Your Eyes" - que é absolutamente maravilhosa e um dos temas do ano!!! - mas foi o som mais jazzy dos instrumentais que me deixou com os ouvidos em sentido. Sobretudo quando entra o saxofone, que tem em mim o mesmo efeito dos violinos, não vos sei explicar bem porquê.
Escutar "IV" é sentir o improviso, o experimental, um pouco de «lounge music» também. Nada nos deixa indiferente e quase tudo nos põe a bater o pé. E o fim, com "Cashmere", é o mais tradicional do jazz de improviso - absolutamente arrebatador.
Vai ser tão bom vê-los ao vivo!
Dou, assim, por encerrada a temporada de 2016.
Venha daí a de 2017!
Sem comentários: