O regresso aos Cut Copy: Haiku From Zero


Hoje é dia de falar de Haiku From Zero, o novo e quinto album dos (já bem conhecidos) Cut Copy, que já não lançavam nada de novo desde 2013 e de quem eu ja tinha saudades.

O trio australiano regressa então cheio de “novidades”: Haiku From Zero é um álbum mais próximo de Zonoscope de 2011 do que com o ultimo, Free Your Mind, e esconde uma dose de ansiedade e tristeza debaixo de cada melodia mais alegre que lá encontramos, sempre com a influencia de sons dos anos 80, especialmente dos New Order e dos Talking Heads.




Haiku From Zero abre com uma nota esperançosa, com “Standing In The Middle Of The Field”, com uma excelente entrada, meio em jeito de AfroBeat, que me lembra o inicio dos Cut Copy, até porque, a forma de nos fazer dançar assim, na verdade, não engana ninguém.

“…You gotta give up the things you love to make it better…”




Musicas dançáveis e “bem dispostas”, é isto a que os australianos já nos habituaram, e, quando ouvimos Haiku From Zero, não nos sentimos nada defraudados: “Stars Last Me a Lifetime” e “Memories We Share” estão neste mesmo alinhamento. Na primeira, encontramos um som mais ao estilo dos Bee Gees, com um ritmo dançante fenomenal, guitarras com um som muito marcante e onde a bateria é fundamental.

“…If I see you again/never forget, I can’t explain…”







“Memories We Share” é mais electronica, tem a linha de baixo mais marcada e tem um beat dissonante do resto do álbum, se bem que, para mim, tem uma das melhores letras do álbum inteiro.

"... I've been hoping for the future, But the future never comes, I've been searching for an answer, Tell me now what have I done?..."


Haiku From Zero é melhor quando os Cut Copy se desviam das estruturas directas e formatadas das musicas e nos sitios onde exploram um som mais introspectivo e calculado, ou seja, quando se deixam levar.




Num universo mais funk, com um cheirinho disco e com mais referencias aos anos 80, destaco “Counting Down”, com uma entrada muito interessante ao nível melódico e lírico e muito mais orgânico do que “Standing on The Middle Of The Field”. Também “Black Rainbows” e “Airborne” se enquadram nesta fatia de Haiku From Zero, ainda que “Airborne” seja mais densa.

“...I don’t remember this place at all, just that i’m dreaming of somewhere else...”




Num universo mais rock temos “No Fixed Destination”, onde podemos ver mais claramente a influencia dos Talking Heads, sendo o mais interessante desta musica o refrão.

“Living Upside Down” leva-nos de novo ao universo funk, com ume letra maravilhosa e descomplexada, que nos mostra a complexidade que está subjacente a todo o álbum: a do começar tudo de novo e a de mandar tudo as favas e começar do zero.

“...Wanna reset, wanna fall down. Help me Up...”





O album acaba com “Tied To The Weather”, mais down tempo e mais em jeito balada no inicio, desenvolvendo-se como um conselho: podemos ficar “atados” a algum sitio, mas o melhor é avançar. Uma óptima forma de acabar o álbum, mais lenta e quase que a pedir para por tudo a tocar outra vez.





Haiku from Zero é um álbum muito mais dançável e apetecível do que o ultimo: musicas certinhas e calculadas, sem margem de erro, mas muito bem feitas e sem perder a identidade da banda.
O álbum é quase um começar de novo, como o próprio nome indica, um regresso ao que os Cut Copy sempre souberam fazer melhor.


Haiku From Zero traz também os Cut Copy das boas letras. Não muito felizes em contraste com a melodia descomplexada e mais leve. É um álbum bom. Não sendo o álbum mais complexo do mundo traz de volta o som bom de uma banda cada vez mais coesa e mais crescida sem medo de fazer o que eles fazem melhor: por-nos a dançar seja la onde for.

“...reinterpreting the music we like within our own records...” - em entrevista à Pitchfork.

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