Crónicas de (mais) um(a) Primavera no Parque: Dia 1

Porto, início de Junho de um ano 8. Esperava-se uma Primavera já assumida, mas isto do clima não anda bom (ainda que haja pessoas que ainda não acreditem nas alterações climáticas.). A verdade é que já estava agendado que era dia de começar o primeiro festival de musica do ano aqui em Portugal, e a verdade ainda mais mágica disto tudo é que, reza a história que, assim que os Fogo Fogo começaram a tocar e a abrir a festa a chuva parou. E nunca mais ninguém a viu.

Foto de Rui Barbosa
Eu ainda não tinha chegado, aliás, só cheguei horas mais tarde, mas a verdade é que chuva nem vê-la. E o frio que normalmente se faz tanto sentir no Primavera também ficou escondido. Ou isso ou a musica era tão boa que tudo isso ficou adiado para outro dia qualquer.
A minha proposta para o primeiro dia de Primavera Sound era ver Father John Misty (quem costuma passar por aqui já está cansado de saber que é um dos ídolos das meninas aqui do estaminé). Portanto, embora se saiba que Rhye ao fim a tarde teria sido uma boa ideia, ou mesmo os explosivos Starcrawler teriam sido uma excelente companhia, não aconteceu. 
Ou seja, este relato começa depois das 8 da noite, com uma ida ao novo palco Seat (que foi uma belíssima ideia e que é uma das novidades boas do Primavera 2018.).

Foto de Rui Barbosa

Passava pouquinho tempo das 8 e meia da noite quando o avistamos, a ele e à maravilhosa banda que o acompanha.
(nunca nada é suficiente para falar naquele ensemble de músicos que acompanha Tillman, por isso ficamos por aqui.) O único e inigualável Father John Misty, que nunca desilude, que sabe muito bem o que está a fazer e que nos vinha mostrar o álbum novo, que saiu (oficialmente) a semana passada, e sobre o qual se irá, de certo, falar aqui um dia destes.

Para os mais cépticos, e que abandonaram o concerto a meio, aquilo não tem ritmo, bem, ao menos não ficaram lá a ocupar espaço ou a falar e a destruir o concerto dos outros. Um grande bem-haja para essas pessoas.

Para quem o conhece bem, aquela hora de concerto não desiludiu de forma nenhuma. E nem a quantidade de musicas novas que tivemos a honra de ouvir, e com as quais ainda não temos muitas historias, soaram a menos do que muito bom.
Só não tivemos direito a Bored in The USA, mas, na verdade, Father John Misty deu-nos tudo o que tínhamos direito: ironia, estórias, momentos de raiva e de amor, e passos de dança como só ele sabe fazer. Um desfilar de coisas boas, desde Total Entertainment Forever, passando por Hollywood Cemetery Sings, apresentou-nos a Mr. Tillman, Disapointing Diamonds Are The Rarest Of Them All, voltou a Pure Comedy, e acabou com a sempre deliciosa I Love You, Honeybear. 
Father John Misty que ainda teve tempo lá no meio para dizer que não se lembrava de um ambiente como aquele que se vivia ali no palco Seat, e que nós já devíamos estar cansados de saber que éramos o melhor publico do mundo. Father John Misty que é sempre um bocadinho melhor do que eu me lembrava que podia ser. E que me deixa sempre apaixonada de cada vez que me cruzo com ele.

Foto de Chavininha

Acabado que estava o rendez-vous com ele, foi tempo de comer qualquer coisa, e ir ver Lorde. A "cabeça de cartaz" do dia. 
Lorde que deu um concerto muito competente e muito bem organizado e muito bem tocado, que não passou de um concerto pop. Ainda que um pop um bocadinho mais sofisticado do que o normal. Lorde, com o seu macacão cor-de-rosa metalizado que fez as delicias de quem esteve lá para a ver, e que, mais uma vez, fez com que o primavera dançasse. Lorde que dá sempre concertos que não são maus, mas que a mim me sabem a pouco. 

Aliás, depois do concerto de Lorde, aquilo que aconteceu no Parque foi isso mesmo: dançar. Como diz Alex Turner, dançar como se nos estivessem a ver. Pelo menos, foi o que me aconteceu a mim que passei à frente o concerto de Tyler, The Creator e que fui ver Moullinex. 
Moullinex que nos levou a uma pista de dança imaginária com direito a bola de cristal e pedacinhos de Prince, que fizeram a noite ser mais animada e mais leve. Enquanto isto, já se esperava pelo mágico que ia fechar o palco principal no primeiro dia de festival.
A noite não podia acabar de melhor forma do que com JamieXX.

Para mim que sou muito esquisita no que diz respeito à EDM, JamieXX é, sem duvidas nenhumas uma das pessoas que melhor faz som. Que melhor nos põe a dançar, e que melhor domina o publico.
Aquele publico que não arredou pé, de forma nenhuma, e que fez com que o parque se mantivesse assim tão animado e tão bem musicado até ao fim. 
Ou melhor, até ao fim da programação dos palcos principais. Porque, outra das novidades deste ano do Primavera é que a festa não acaba antes das 6 da manha, quer no palco Radio Primavera, quer no Palco Bits, que só começam a tocar depois dos outros terem acabado, e claramente para os mais resistentes.

Foto de Rui Barbosa

Em resumo:
foi um primeiro dia sem sol, mas cheio de cores, sorrisos e boa musica, que faz antever mais um Primavera cheio de boas memórias. 
E daqui a bocado há mais, espero que sem chuva. Mas sobre isso falamos amanha. ;)

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