Edições Especiais: os AM ao vivo em Madrid
15 de Novembro de 2013 e a gerência
rumou a Madrid (finalmente!!!!!!). E porquê? Porque não nos sentimos capazes de confiar
na sorte (e nem de esperar até Julho) e resolvemos ir ver um concerto em nome individual dos
Arctic Monkeys. (pois é, parece que cá a ideia é só trazê-los aos
festivais. E isso está mal. Aliás, está péssimo. Ou isto muda ou sinto me capaz de amuar.)
E o que temos a dizer?
Ora bem,
começar por pedir encarecidamente que me lembrem de nunca
mais dizer mal das nossas organizações, e muito menos dos nossos
recintos, e ainda menos das nossas pessoas, já que tudo isto correu
mal. (Portanto, se alguém vos disser que ir a Madrid assistir a um concerto é uma experiência gira, não acreditem. Porque é mentira. Palavra de Concertina.)
Sim, está bem que apanhámos a greve dos lixeiros e Madrid estava
em estado de sítio, com montanhas de lixo em todo o lado (serviços mínimos? Não, não temos.), mas pior do que isso será descrever (ou
tentar) o que aconteceu a porta do pavilhão. Aliás, isto vai parecer
até uma cena ao jeito Monty Python: pois que as portas deviam abrir às 20h e quando chegámos, havia uma fila absolutamente descomunal de
pessoas (quilómetros e quilómetros de gente em fila, melhor dizendo) que
se mantinham à espera para entrar no recinto (que sim, já devia estar
aberto... mas... não estava.). Até que, de repente, como que por
magia, e sem que ninguém entendesse porquê, desatou tudo a correr. Esqueçam as filas e a ordem, vamos açambarcar as portas... sem que sequer se percebesse o que aconteceu. Ah, sim, havia polícia, mas
para quê? Ainda ninguém descobriu. E a entrada ficou neste estado.
(Graças a Deus e aos santinhos todos que nós cá conseguimos ser
civilizados.)
De repente, senti-me não num concerto dos AM, mas sim num qualquer concerto dos One Direction (ou mais recentemente dos Thirty Seconds To Mars...), onde toda a gente quer ficar nas grades, ou sabe-se lá propriamente onde e principalmente porquê. (Deus me livre! Valha-me 100.000 vezes a coisa ordeira dos portugueses, que embora furem filas não fazem destas coisas. Nem quando há Bruno Mars na Meo Arena. E muito menos se falarmos de gente que já não tem 15 anos. Esquisito não? Dizemos nós que muito.)
Dentro do pavilhão, a coisa também não
foi fácil... Porque os senhores que deviam ajudar a malta a encontrar
o seu sitio... Ora que nos mandavam para um lado, ora que
nos mandavam para outro, ora que não podem entrar, ora que não é
por ai, ora que está cheio, ora que não cabem... Amigos, era um simples bilhete para um local sem
marcação... Seria assim tão difícil? Pois que sim, para os
espanhóis foi. (Nunca me senti tão defraudada com semelhante falta
de organização, e de simpatia. Em sitio algum. E nós não somos
propriamente raparigas que não vão aos sítios.)
Portanto, a esta hora, e já deviam passar das 21.30, já estávamos fartinhas dos espanhóis até sabe-se lá onde, e já só queríamos ver a primeira parte do concerto, a cargo dos estrondosos The Strypes, que não só aqueceram a malta
(não, não falamos aqui dos espanhóis que não se percebe sequer
porquê não mexem, não saltam, não cantam...), como deram uma
primeira parte de espectáculo muito bom. Passaram não só pelas
musicas mais conhecidas como "Hometown Girls", ou "You Can't Judge a Book By It's Cover", como tiveram a fineza de nos presentear com
algumas versões, muito bem conseguidas. Tudo num estilo rock muito
animado e que nos preparou devidamente para o que ia acontecer a
seguir. (Confesso que fiquei fascinada com o baterista, que não só
tinha um look muito funky como era, de facto, muito bom.) (Infelizmente, eu estava tão aborrecida com os eventos anteriores que não consegui aproveitar o concerto em pleno. Mas gostei do que vi, e do que ouvi. Apesar de achar que o som não estava perfeito, aliás, lembrou-nos e muito a acústica da Meo Arena...)
Pois bem, chegada foi então a hora de "Alex Turner e Sus Muchachos" (não se conseguem evitar suspiros ainda hoje por aqui...) encherem o palco, e nos encherem de
felicidade, como só eles sabem fazer. E o que se passou a seguir
foi de facto um primor. (um estrondo, até!)
Começando com o brilhante "Do I Wanna
Know?", levam-nos depois numa setlist carregada de momentos intensos
como "Brianstorm" ou "Dancing Shoes" (e sim, Alex Turner transforma-se
num "sexy little swine" sempre que decide abandonar a
guitarra e tornar-se num "bailarino"). (ó meu deus, como é que se aguenta tal coisa sem perder a compostura?? diz que não se aguenta...)
Seguem-se "Don't Sit Down 'Cause I've
Moved Your Chair", "Teddy Picker" e "Crying Lightning" onde Matt Helders
dá cartas e faz juz ao seu cognome "Agile Beast". (suspiro.)
Até que chegamos a "Fireside", que marca a entrada numa onda mais íntima (se bem que a vermos pelo publico é igual ao litro, não canta, não mexe, não grita... não faz barulho. Somos de facto diferentes dos vizinhos do lado, e por alguma coisa somos o "best singing crowd"). (lá está, não se compreende porque é que gostam tanto de tocar em Espanha, quando nós somos tão mais emotivos. e melhores...)
Até que chegamos a "Fireside", que marca a entrada numa onda mais íntima (se bem que a vermos pelo publico é igual ao litro, não canta, não mexe, não grita... não faz barulho. Somos de facto diferentes dos vizinhos do lado, e por alguma coisa somos o "best singing crowd"). (lá está, não se compreende porque é que gostam tanto de tocar em Espanha, quando nós somos tão mais emotivos. e melhores...)
Depois de "Reckless Serenade", abrem-se
então as hostilidades para que apareçam mais musicas do novo AM,
como "Arabella", "One For The Road" ou "I Want It All", mas não sem que,
pelo meio, nos brindem com uma das minhas favoritas de sempre: "Old
Yellow Bricks".
"Why'd You Only Call Me When You're High" é claramente um dos momentos em que o público mais reage, a que se
segue "Fluorescent Adolescent", e uma muito íntima e fenomenal "I Wanna
Be Yours", onde Turner faz questão de continuar com os seus dotes de sedução. (fenomenal, sim, mas sobretudo arrebatadora, eu acrescento.)
Se até aqui já poderíamos dizer que o concerto foi irrepreensível - porque continuo a defender que há muito poucas bandas capazes de uma entrega tão grande como esta - nada como o encore, com "Snap Out Of It", "Mardy Bum" em registo acústico e muito intimista (com direito a jogo de luzes a transformar o pavilhão num só cenário, como que a formar uma união publico/banda completamente mágica) e uma "R U Mine?" (provocadora qb) em que Turner brinca e diz que é das meninas (suspiros...) e nos pergunta se nós somos também dele.
Se até aqui já poderíamos dizer que o concerto foi irrepreensível - porque continuo a defender que há muito poucas bandas capazes de uma entrega tão grande como esta - nada como o encore, com "Snap Out Of It", "Mardy Bum" em registo acústico e muito intimista (com direito a jogo de luzes a transformar o pavilhão num só cenário, como que a formar uma união publico/banda completamente mágica) e uma "R U Mine?" (provocadora qb) em que Turner brinca e diz que é das meninas (suspiros...) e nos pergunta se nós somos também dele.
Alex Turner com a sua nova postura de gingão e
conquistador barato, que nos encanta da mesma forma como nos conta
histórias. Absolutamente brutal, que finalizou tudo e nos levou a
desejar que estivéssemos em Portugal. Sabem porquê? Porque depois
disto, o público começou a sair. Sim, é incrível, mas deram como
terminada a sessão. (momento de felicidade plena, sim, mas queríamos mais, muito mais...)
Mas pronto, acabou-se. Com "R U Mine?", e
com uma energia absolutamente fantástica, para nós acabou-se. «Adeus Madrid», disseram eles. «Então,
mas ninguém faz mais nada?», pensávamos nós. Acenderam-se as luzes, e pronto. The End.
O que dizer então que ainda não tenhamos dito e em modo muito mais pessoal?
Não há nada que eu goste tanto como
de música, e não há banda nenhuma que me faça sentir o que fazem os
Arctic Monkeys. E porquê? Porque um concerto dos AM para mim é muito
mais do que um concerto, é uma coisa completamente emocional,
esgotante até, que serve também de psicoterapia (onde se arrumam
sentimentos, pessoas, formas de ver o mundo e afins e se sai como que aliviada do peso do mundo "lá de fora"), onde me sinto
sempre impelida a cantar, dançar, gritar e a ser de novo teenager
(no melhor que isso pode ter.), como se, de facto, só aquelas 2
horas e qualquer coisa de musica me entrassem pelos ouvidos a dentro e
fizessem com que eu fosse feliz. Porque, como dizem os rapazes no
lado B de "Why'd You Only Call Me When You're High", o mundo parou de
facto e eu não quero mais sair dele sem os AM («Stop the World I Wanna Get Off With You»)
Não há muito que possa acrescentar, porque, no que diz respeito aos AM, a Chavininha e eu estamos em sintonia. O concerto foi fabuloso, só nosso - quanto mais não seja porque nós vibrámos do início ao fim, qual fãs histéricas do Tony Carreira... :) e soube tão bem. Cantar, dançar, aplaudir, ficar sem voz, sorrir, emocionarmo-nos, sentir a lágrima ao canto do olho, até. Ao contrário da maioria dos concertos, em que consigo, sem dificuldade nenhuma, eleger um ou outro momento mais especial, neste não dá. A setlist foi (quase) perfeita. E à nossa medida. Ainda assim, admito que senti o coração bater mais forte ao som de "Do I Wanna Know?" - por todos os motivos e mais alguns..., "I Bet You Look Good On The Dancefloor" - uma das favoritas de sempre! -, "I Wanna Be Yours" - que me deixou completamente sem forças - e "R U Mine?", que continua a ser estrondosa. Foram momentos arrepiantes, apaixonantes, intensos e mágicos. Pela música, pela banda, pela energia em palco e no nosso cantinho na bancada. Por ter estado com pessoas que adoro e que partilham a mesma paixão. Por me ter deixado levar pelas emoções. Porque só assim faz sentido viver a música.
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