LAMB, 20 anos depois

Diz o povo que «não há amor como o primeiro».
Acho que na música, também acontece o mesmo.
Os LAMB foram das primeiras bandas que ouvi e que desde logo, gostei.
Daquelas que quase ninguém conhecia ou gostava, mas que ficaram.
E que, desde então, nos acompanham nos momentos bons e nos menos bons.

Os primeiros álbuns ainda hoje me deixam arrepiada.
A voz de Lou Rhodes é como a de um anjo - ou pelo menos, é aquilo que eu sinto que poderia soar a voz de um ser eterno.
E a mestria cada vez mais assombrosa de Barlow na produção confere às canções dos LAMB uma identidade única.

Já lá vão uns anos desde o último disco, e o anúncio de "Backspace Unwind" (o sexto) deixou-me entusiasmada. E, sim, um pouco apreensiva também.
Mas quando ouvi "We Fall In Love", o single de avanço, percebi que as (minhas) expectativas não seriam defraudadas.





A versão do disco confirmou isso mesmo. 
É um dos temas fortes, que já ganhou um espacinho cá em casa. Adoro o beat a seguir ao primeiro verso, algures no primeiro minuto.
E a voz de Rhodes soa perfeita, a colorir a canção.
A parte final é maravilhosa, sobretudo quando escutada em volume no máximo.

Mas o primeiro contacto com o novo álbum foi um choque.
O tema de abertura "In Binary" é uma canção futurista, o som parece aleatório, a voz a única constante. Dou por mim a pensar que os LAMB estão diferentes e eu confesso que fiquei com medo. Mas, à medida que a canção avança, a voz angelical de Rhodes vai fluindo por entre o beat electrónico de Barlow.
Afinal, eles não mudaram assim tanto.





Reencontro a calma em "As Satellites Go By", que surgiu primeiro em versão piano. É uma canção delicada, e nas mãos dos LAMB, canções assim são irresistíveis.
Com os arranjos finais, parece que estamos a ouvir vários pianos, em vários tons. E o momento «strings» torna a versão final, tão mas tão melhor que a demo.
Mas o melhor de tudo? aos 3 minutos, a canção explode, é o seu momento forte, antecedendo de novo a delicadeza no fim.





Aos primeiros acordes de "Backspace Unwind"
, o tema título, outra vez a sensação esquisita, o tema não me convenceu à primeira - e sinceramente, não sei se gosto. Provavelmente por causa do beat mais techno.
Faz-me ter saudades dos LAMB de há 20 anos, porque não tem nada a ver... (o mesmo se passa com "Seven Sails", que ainda me soa uma canção estranha: futurista sim, mas esquizofrénica também. E à excepção de um ou outro momento interessante, a verdade é que passo bem sem eles...).

Felizmente, a (minha) imagem dos LAMB regressa nas canções seguintes. "Shines Like This" traz-nos um tom angelical, quase como um momento de meditação, de espiritualidade;  e em "What Makes Us Human", entram os beats viciantes.

Mas é "Nobody Else" que me surpreende.
É outro dos grandes momentos do disco.
A canção mais jazzy que os LAMB alguma vez criaram. Foi crescendo a cada audição, é definitivamente uma das minhas favoritas - e a versão ao vivo com a Amsterdam Sinfonietta é perfeita.
Tem um ritmo fabuloso, a voz de Rhodes é sensual. Tem algo de «carnal», que a faz sobressair por entre o registo etéreo do disco.






A fechar, "Doves & Ravens", com os fabulosos violinos a emergir na melodia, tal e qual a luz no meio da escuridão. E "Only Our Skin", uma espécie de «lullaby» a entoar de novo o tom angelical, quase hipnótica.





Electrónico q.b., "Backspace Unwind" mantém a fórmula LAMB: a voz angelical de Lou Rhodes a contrastar - e encaixar - na perfeição com as melodias criadas por Andy Barlow.
Em 1994, criaram as bases para o incrível disco de estreia; 20 anos depois, os LAMB continuam a gerar música que nos surpreende.
Que mexe com os nossos sentidos.
Que nos emociona.
E que nos transporta para um outro mundo, longe de tudo e de todos.


«it all begins when stars align»
(LAMB, em "We Fall In Love")


nota final: a edição especial contém temas extra e um cd com instrumentais e canções gravadas ao vivo com a Amsterdam Sinfonietta.
Mas vamos por partes.
"Sho9 Is Back" tem uma batida catchy e goza de sensualidade ao rubro de miss Lou Rhodes, enquanto que "The Caged Bird Sings" soa ao reverso da medalha, uma canção mais calma, com os violinos outra vez a arrepiar. E a bateria no final, simplesmente deliciosa.
As versões instrumentais são maravilhosas de ouvir e de sentir.
Mas é o momento único com a orquestra que arrepia. Assim de repente, é das melhores coisas que já ouvi. A orquestra traz um brilho único às canções dos LAMB. Rendi-me de imediato a "Gabriel", "Angelica", "Nobody Else", "Gorecki" e "Lullaby", que ficaram simplesmente maravilhosas...

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