O luar (intenso) de Hanni El Khatib


Hoje é dia de falar sobre "Moonlight" o terceiro álbum de Hanni El Khatib.
É porque é que me pareceu tão importante falar sobre ele? 
Ora então, vejamos, pareceu me incontornável falar sobre isso porque "Moonlight" é um álbum de rock, e, isso, ultimamente, até tem vindo a ser mais normal, mas não com esta forma e esta intensidade (e, sem hype (iupyyyyy!)). Porque enquanto o ouvimos, "Moonlight" transmite mil ideias e porque, El Khatib é assim mesmo muito bom. E isto, parece me a mim que são mais do que boas razões para se falar sobre um álbum.





Este "Moonlight" chega-nos cheio de ritmos marcados, com orquestrações de que não estávamos à espera e muito bem conseguidas. Cheio de músicas muito poderosas (nos mais variados sentidos), sempre com um domínio tripartido entre a guitarra, o baixo e a bateria (que fazem mesmo a diferença em cada uma das músicas das mais diversas formas possíveis). É um álbum onde há solos de guitarra (brilhantes, acrescento eu já aqui!) e muitas pausas dramáticas nas musicas. É isso, para mim é rock n' roll.




É um álbum onde a voz de Hanni El Khatib faz toda a diferença (quer ele cante, sussurre, fale ou faça outra coisa qualquer) e marca, e emociona. 
Tudo isto quase ali no meio, algures entre os Black Keys (não fosse assim tão evidente a produção de Dan Auerbach), os White Stripes ou mesmo os Black Lips (de quem eu gosto tanto).
E isto tudo de forma despretensiosa (como o bom rock n' roll devia ser) mas, sem nunca deixar de ser incisivo. 
Como se El Khatib tivesse sempre a certeza do que fazer. 
Como se não houvesse mais nada a fazer senão ser assim tão bom, sem nunca se parecer importar o que mais alguém pudesse pensar sobre isso.
O álbum traz nos El Khatib na voz e na guitarra, e esta funciona de facto como se fosse a extensão mais directa do músico, como se só assim ele se conseguisse definir. 



"Moonlight" oscila entre o novo e o antigo, sem colagens, sempre com uma postura que para mim vai do "vamos lá criar qualquer coisa nova e muito cool" ao "mas eu não consigo fazer isto sem ir buscar o ritmo marcado das músicas dos anos 60/70". Do "olha que me parece que estou na minha zona de conforto musical e isso até é bom" ao "eu nunca pensei que um piano aqui pudesse fazer tanto sentido e, tanta diferença".

El Khatib traz-nos neste terceiro álbum momentos (sempre!) muito fortes, marcados por diferenças de cadência melódica, e muito marcados por si só, com letras muito cruas e cheias de memórias e ideias.



Eu destaco "Melt Me", onde a voz quase falada de Hanni El Khatib faz toda a diferença. 
Onde os tais crescendos são fundamentais e, onde eu acho que, El Khatib, está mais fiel aos seus trabalhos anteriores, com aquela angústia que remete ao que de melhor ele já tinha feito e que acaba por ser uma das coisas que o caracteriza melhor. 
Aquela parte do "a minha música é feita para pessoas que levaram um tiro ou foram atingidas por um comboio". A essência do projecto. Digo eu.



Claro que tenho que falar em "Moonlight", a música, aquela que dá nome ao álbum é que é quase perfeita, mas como ela já é habitual nas minhas Friday Sessions acho que não precisa de muitas linhas para ser definida, e vou mas é já falar de "Chasin'", com o seu som mais old school, é a música onde eu acho que ele consegue ser mais intenso e incisivo (e, ironicamente mais calmo ao mesmo tempo). Com uma melodia mais apurada e mais linear, sem que nem por um segundo alguem se consiga esquecer que é Hanni El Khatib quem está a tocar. 



E, para ser honesta, não há como não falar em "México", com uma entrada quase samplada, que nos conduz a uma melodia melancólica e cheia das tais memórias e ideias que acompanham a letra é que, de repente, explode num refrão duro e forte, sempre assim tão acutilante como o próprio El Khatib. Com a pausa dramática de que eu já falei, claro. E solos de guitarra. Aliás, com tudo a que uma grande música tem direito, verdade seja dita.



"Moonlight" é um grande disco. 
Ando a dizer isto desde a primeira vez que o ouvi. Ponto.


É uma grande companhia sonora, independentemente do estado da meteorologia ou do nosso próprio estado de alma. 
É um álbum daqueles que não precisa de muito para se (me) entranhar, porque, como eu já disse ali em cima, El Khatib é assim tão bom. Porque o seu trabalho é assim tão coerente, ou mesmo só porque a mim me faz assim tanto sentido.

Se é forte? Claro que sim. 
Eu ainda acrescento (e admito) que a mim me dá sempre alguns (muitos?) arrepios e muitas sensações: desde as boas as de "murro no estômago", daquelas que nos fazem acordar.
Mas, isso, como eu também já disse hoje, é uma das coisas que eu mais gosto na música: as sensações. 
E nisto, El Khatib sempre conseguiu ter nota máxima para mim. 
E eu ainda arrisco a dizer outra coisa: Hanni El Khatib é aquele tipo a quem ninguém que tenha os ouvidos abertos consegue ficar indiferente, e isso, para mim, é o que faz com que ele seja assim para lá de muito bom.

"... I've been running from everything I've been a part of, I've been hiding in the best treats of my past..." Em "Mexico".




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