O efeito Brandon Flowers
É sabido e assumido que eu tenho uma paixão por Brandon Flowers.
Desde o primeiro disco dos The Killers.
Mais ainda, desde que os vi ao vivo pela primeira vez.
É sempre com alguma curiosidade que acompanho a sua carreira a solo, apesar de o primeiro disco não me ter conquistado em pleno.
E verdade seja dita, este "The Desired Effect", tão anos 80, também não.
Ainda assim, há momentos que não me deixam ficar indiferente.
"Dreams Come True" tem uma instrumentação fabulosa, e é uma excelente forma de abrir o disco.
Tem um ritmo quase «militar» imposto pela bateria, e o refrão é algo de inspirador - «take a chance, underneath the streetlight // Cross my heart, everything is alright».
E ouvido a altos berros então, faz milagres ;)
"Can't Deny My Love" colou desde o primeiro minuto.
Sim, é um pleasure assumido. Sim, é radio-friendly quanto baste.
Mas tem um registo de orgão sublime, um coro certeiro e o efeito dramático do crescendo no refrão é qualquer coisa.
E - admito que sou suspeita, porque de facto adoro o moço - mas a voz de Flowers soa sensual que arrepia...
"I Can Change" é um flashback aos temas pop dos anos 80 que a malta dançava e adorava. Aqueles que começam calmos, com maior destaque para a voz e depois vão ganhando espaço e força e até nos põem a mexer o pé.
Mas que agora soam fora de tempo...
"Still Want You" é apenas destaque aqui porque é um dos singles do disco. Mas não me convence. Aliás, eu confesso, é provavelmente o tema que me custa mais ouvir. Aquele ritmo irrita-me. E não digo mais nada.
"Between Me And You" é o classico momento fofinho e/ou romântico (tal como "Never Get You Right"). E isto Brandon Flowers sempre dominou bem. Quer se goste Quer não.
Eu sou pelas grandes canções «animadas» dos The Killers, mas os seus temas mais calmos são épicos, quer seja pela melodia, pelo sentimento, eventualmente até pela estória.
E esta não lhes fica atrás.
"Lonely Town" leva-nos de volta aos anos 80, mais uma vez. Basta prestar atenção e descobrir aquele órgão de fundo tão característico da época...
E nesse sentido, este é outro dos grandes temas de "The Desired Effect" - o ritmo, o coro, a guitarra de fundo, o crescendo no final do tema.
É talvez o que melhor caracteriza o disco: as orquestrações, as melodias, os coros, e aí, Flowers e a sua equipa estiveram de facto muito bem.
Mas para mim não chega.
Olhando para tudo o que o moço tem feito, em grupo e a solo, eu esperava mais. Ou melhor, esperava mais canções épicas. Daquelas que colam e ficam no ouvido, que nos dá um gozo tremendo cantar a altos berros, em casa, no carro, e nos concertos.
O disco tem alguns bons temas, sim, mas precisava de mais para ser um dos discos de 2015.
«I always thought I had a full tank to go
I always thought we'd get there someday»
(Brandon Flowers, em "Can't Deny My Love")
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