Volta sempre ao Parque. (Ou a crónica possível de um segundo dia em cheio no NOS Primavera Sounds)

NOS Primavera Sounds, ano 4, dia 2.

Pois é, voltei ao Parque para um segundo dia em cheio.

Não cheguei cedo, e não vou falar em coisas que não vi, portanto nada de Banda do Mar, ou de Yasmine Hamdam, porque o plano era chegar para ver Patti Smith.
E, depois de alguns contratempos não-festivaleiros, eis que as 7 da tarde, com sol e uma temperatura muito amena estava eu lá, no palco NOS. À espera dela, outra vez, com as expectativas ao rubro, como já tinha dito ontem.




Patti Smith
O recinto estava cheio (como seria de se prever) toda a gente a querer ver a princesa Punk de "Just Kids" e o seu "Horses"
E, que bem que se esteve ali, naquela comunhão entre Patti e o publico, num Primavera que é mítico por nos deixar felizes.

Não posso dizer menos do que "foi muito bom". E, se não tivesse estado naquele Palco Pitchfork no dia anterior, onde Patti deu um concerto mais intimista e mais emocional, poderia dizer que foi "perfeito". Só que, como estive, posso só dizer que foi "muito bom".
Sou uma daquelas sortudas que pode cantar "Because The Night" duas vezes no mesmo festival e em dois dias diferentes. Sou uma das sortudas que viu Patti Smith a por o publico de mãos no ar a cantar "...People have the Power..." e a prestar homenagem a Lou Reed, a Joe Strummer ou a Joey Ramone em "Elegy". Que nos levou a passear a 1975 e ao seu mítico "Gloria" que seria parte incontornável do que se esperava de um espectáculo dela.

E, se fosse só por isto, todo o Primavera já teria valido tanto a pena.
Mas, a realidade é que houve mais.


Depois de Patti Smith, fui ver José Gonzalez, num palco Super Bock lotado, onde houve harmonia entre a guitarra suave de Gonzalez, o ambiente sereno e o publico, que sabia o que ia ver. Um belo concerto de fim de tarde, especialmente para quem é dado a coisas calmas. (Que não é bem o meu caso, e portanto, foi hora de ir aos petiscos.)

Entretanto, e enquanto esperava pelo quarto de hora de concerto que seria possivel ver de Sun Kill Moon, passei pelo palco NOS, onde tocavam os The Replacements, com o seu indie rock old school, que (me) parece ter parado no tempo. 

Belle And Sebastian

De Sun Kill Moon muito pouco a dizer, até porque também não estivemos lá muito tempo, verdade seja dita, a não ser que a voz de Mark Kozelek é ainda mais impressionante ao vivo, com laivos de emoção e de força que me fazem sempre ter um sorriso estampado na cara. Foi, para mim, curto, mas havia outra coisa a ver, era imperativo parar nos Belle and Sebastian.




E fomos, ver a festa feliz dos Belle and Sebastian.
Não me ocorre mais palavra nenhuma a não ser feliz.
Simpaticos, faladores e divertidos, os escoceses Belle and Sebastian fizeram aquilo que se esperava deles: divertiram o Parque, passaram por clássicos e por musicas do novo álbum, de que eu gosto muito, como "Party Line" e puseram toda a gente a cantar com "I'm a Cuckoo" ou "Nobody's Empire". Não foi o melhor concerto do mundo, mas foi um dos mais felizes. Isso garantidamente.

Era então hora de ver Anthony and The Johnsons, e eu juro que tentei (até porque não havia propriamente mais nada para ver aquela hora, dado que tudo o que eu queria mesmo muito ver, e como já começa a ser habito, era à mesma hora, a seguir...).
Anthony que cantou durante quase 2 horas. Anthony que embeveceu (quase) toda a gente. E que me fez parar para ouvir "Blind", mesmo sem Hercules nem sequer Love Affair.


O que eu queria mesmo àquela hora era que viessem os Jungle. Até porque estava a ficar frio e a malta gosta mesmo é de "abanar os pés" e "dançar como se ninguém nos estivesse a ver", mesmo que para isso tivesse que abdicar de Run The Jewels e Ariel Pink.



E não podia ter sido melhor.

Jungle
Os Jungle espantaram o frio e a melancolia que se tinha instalado com Anthony and The Johnsons e deram um concerto maravilhoso de uma hora (mais coisa menos coisa), cheio de cor e de notas musicais, de ritmo, de interacção com o publico, que estava ali, claramente para os ver.
Os Jungle que tocaram "Drops", "Julia", "Time" e tudo a que uma Chavininha tem direito. Que me fizeram esquecer de tudo em "Busy Earnin'", e que fizeram com que eu quisesse que o tempo parasse ali. Nem que fosse só um bocadinho.
Os Jungle que foram a ultima coisa que eu vi ontem, mas que foram um dos melhores concertos do Primavera, que mesmo que ainda não tenha acabado, é das únicas certezas que eu tenho.


Daqui a bocado há mais.
Um ultimo dia com um cartaz mais fraco e menos apelativo, é certo.
Um daqueles dias para onde eu vou sem expectativas. Mas isso às vezes ate corre melhor.

Mas sobre isso falamos amanha, sim? ;)

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