"I Had A Dream That You Were Mine", Hamilton Leithauser + ROSTAM

Anunciado o hiato dos The Walkmen por tempo indeterminado, Hamilton Leithauser lançou um disco a solo - sobre o qual já falamos aqui - contando com a colaboração de ROSTAM (ex-Vampire Weekend) em alguns dos temas.


A coisa terá corrido tão bem que decidiram juntar-se para lançar este "I Had A Dream That You Were Mine".



"A 1000 Times" foi o primeiro avanço, catchy q.b., num registo vocal a que já estamos habituados, mas eu confesso que sempre que ouço esta canção, algo me faz lembrar Sir Rod Stewart.




O disco passeia-se pelo universo pop-rock do século XX e refresca-o, e é como se Leithauser e Rostam tivessem pegado em sonoridades antigas e lhes tivessem dado uma nova roupagem.


Com sintetizadores, piano, bateria, riffs esporádicos de guitarra e aqui e ali um toque mágico de saxofone.



E até as letras, apelando ao amor, claro, mas também à perda, à solidão, à nostalgia, mostram a evolução de Leithauser.



O tempo passa, a experiência de vida cria marcas que nos vão definindo e isso reflete-se não só nas suas interpretações e experimentações mas também na sua escrita.



O glam-rock insinua-se na serena "Sick As A Dog", e a passagem pelos míticos anos 50, do ambiente Mad Men, dos crooners e dos coros «shooby doo wops» faz-se com "Rough Going (I Don't Let Up)" - que tem um solo de saxofone maravilhoso - e em "When The Truth Is...", um dos grandes momentos do disco, em que a voz de Leithauser está em constante mudança de tom.




O lado latino-americano também não foi esquecido, com a melodia espanhola de "In a Black Out". E nem o folk da América mais genuína ficou de fora - a harmónica de "You Ain't a Young Kid" remete-nos logo para Bob Dylan, mas é para mim a música mais estranha: a voz de Leithauser está irreconhecível.



Se "Black Hours" já nos tinha mostrado outras facetas de Hamilton Leithauser, parece-me que é com o apoio de ROSTAM que tudo lhe sai ainda melhor.


Os arranjos, a produção, as melodias, tudo está perfeitamente adaptado à distinta voz de Leithauser.
Rústica, maltratada, amargurada até.
Mas sempre incrível.

«but I don't answer questions, I just keep on guessing // My eyes are still open, the curtains are closing // But all I have is this old dream I must have had»


(A 1000 Times, Hamilton Leithauser + ROSTAM)

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