Novas «concertinices» sobre discos

Há pouco menos de um ano atrás, assumi que os meus ouvidos não deviam estar bons. E que tudo me soava a «mais do mesmo».
Infelizmente, parece-me que está tudo igual.

Estas são as minhas notas sobre os discos que rodaram nos últimos dias...


"Heads Up", Warpaint

Soa mais pop que os anteriores, mas ainda assim não acrescenta nada de novo ao registo a que já nos habituaram. A opinião que tinha sobre as meninas do rock mantém-se: em disco a coisa é «assim-assim». Em "Heads Up", a excepção à regra é mesmo o single de apresentação, "New Song", que é provavelmente a única canção do disco capaz de nos fazer sair da cama ou levantar do sofá.



"Wrong Crowd" - Tom Odell

Outro que não sai do seu registo. Ainda assim, "Magnetised" é música de estádio, «bridge» marcante, uma melodia catchy q.b. e um «keep me hangin' on» que nos remete para o tema dos anos 80. "Concrete" pisca o olho ao RnB, algo que até não soa nada mal no registo do miúdo, mas o resto do disco são melodias em modo foffin', a expressar coisas que nós nem sempre acreditamos que Odell terá passado, com recurso a piano e voz ("Constellations", "Entertainment"), com mais ou menos ritmo ("Sparrow"), mais ou menos bateria ("Daddy"), mais ou menos groove ("Still Getting Used To Being On My Own", "I Thought I Knew What Love Was"). Ou seja, mais do mesmo.


"Strange Little Birds" - Garbage

É claramente um regresso ao som que tornou os Garbage (re)conhecidos nos anos 90. "Empty" é uma amostra clara disso, com uma guitarra poderosa e a voz de Shirley Manson sempre sedutora. Embora menos agressivos e revoltados que no primeiro disco, mantêm a sua aura negra ("Blackout"), mas mais vulnerável ("Night Drive Loneliness"), intíma ("Even Though Our Love Is Doomed"), mas sempre em ambiente gótico ("Amends").

"Stay Together", Kaiser Chiefs

Está longe, tão longe dos primeiros trabalhos dos Kaiser Chiefs que (me) assusta. É um disco pop, puramente pop, daquela que roda na pista de dança de uma discoteca qualquer no Verão. Nem "Good Clean Fun" safa a coisa e daí para a frente soa tudo igual.
Faz-nos recordar o que aconteceu com os Coldplay. E só de pensar nisso, sinto arrepios, mas dos maus. E a verdade é que, por mais que os concertos dos Kaiser Chiefs sejam uma autêntica maluquice, acho que não aguentaria ouvir os temas de "Stay Together" ao vivo. 

"The Altar", BANKS

Não consegui ouvi-lo até ao fim. Aborreci-me.
Ao segundo disco, Jillian Banks tenta sair da pop electrónica que dominou "Goddess" criando caminho para o RnB. Só que a coisa não lhe saiu assim tão bem.
À excepção de "Mind Games" e "Trainwreck" - que são provavelmente os temas mais distintos de "The Altar" -  é como se a miúda se tivesse colado ao registo de Aalyiah.
Claramente, uma decisão infeliz.

"Building A Beginning" - Jamie Lidell

Quando ouvi "Walk Right Back" há uns meses, cheia de ritmo, alma e groove, criaram-se expectativas para o disco.
Lidell assume o seu lado mais RnB, e criou um álbum simpático e uplifting. É de escuta fácil, mas de cada vez que o ouço acho sempre que lhe falta qualquer coisa. Como se as canções de "Building A Beginning" pedissem mais ousadia e só lhes tivessem dado segurança.

"Walls" - Kings Of Leon

Ao sétimo álbum, pouco ou nada que me entusiasme. Para mim, "Waste A Moment" é o tema que mais os aproxima dos trabalhos anteriores, e é o que vai encaixando melhor nos meus ouvidos. Os restantes soam (ainda) mais comerciais, mais mainstream, com refrães como o de "Reverend" ou de "Find Me", tão orelhudos e radio-friendly, que até parece que foram feitos para os estádios.


"Joanne" - Lady Gaga

Tentei, por ter sido produzido por Mark Ronson e por contar com colaborações interessantes, desde Kevin Parker em "Perfect Illusion" - que não é assim tão boa como nos queriam fazer crer, a Father John Misty ("Sinner's Prayer") ou Florence Welch - que infelizmente não consegue brilhar em "Hey Girl". Mas não consegui achar a mínima graça ou sequer encontrar algo de positivo no novo disco de Lady Gaga.

"Gameshow" - Two Door Cinema Club

Não era suposto incluí-los neste alinhamento, mas a minha sanidade mental e musical foi posta em risco logo após a primeira música.
Se "Are You Ready (Wreck)" soa aos «velhos» Two Door Cinema Club e é perfeita para abanar o esqueleto, em "Bad Decisions", o falsete poderia ter sido roubado aos Bee Gees e o refrão é à medida dos ABBA. "Fever" teria lugar na playlist de uma festa temática dos anos 80 - "Invincible", com a sua melodia à la Foreigner, por seu lado, teria de ser censurada, por ser demasiado má. "Ordinary" e "Surgery", com vozes distorcidas e sintetizadores soam ao último dos Daft Punk, mas sem a sua inspiração. E a "Gameshow", cheia de potencial, tem tudo para ao vivo soar do caraças. Mas em disco, falta-lhe intensidade.


É isso que tem falhado em tudo o que ouvi até agora.
A lista de álbuns para escutar ainda vai a meio, é certo, mas para já, isto não tem sido fácil.
Diz o povo que «a esperança é a última a morrer», e neste momento, ela reside nos discos que se seguem.

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