O mundo encantado de Marisa Monte, por Silva


Ouvi falar no moço pela primeira vez com o anúncio para o Super Bock Super Rock deste ano mas foi graças à Chavininha que pus os ouvidos no mais recente trabalho deste brasileiro.

"Silva Canta Marisa" é o quarto disco de Silva, sucedendo a um projecto de «homenagem» a Marisa Monte. Pouco conheço do cancioneiro da artista, a não ser os clássicos, mas parece-me que a abordagem aos temas é mais clean, por vezes intimista, quase sempre minimalista. Não há muitos artifícios, é tudo muito simples, sem que isso seja uma coisa má.
Não é, porque já perdi a conta às vezes que o pus a rodar, de tão bem que se ouve.


A «culpa» é da voz de Silva, delicada, melódica e doce, o elemento mais forte de "Ainda Lembro" ou o complemento certeiro para o ambiente jazzy de "Eu Sei (Na Mira)" e de "Tema de Amor", que é uma das minhas preferidas - basta ouvir a excelente intro para perceber porquê, há um ritmo mais urbano, e uma bateria em perfeita harmonia com os sintetizadores.

Em "Infinito Particular", tudo é bom, mas o solo de guitarra no minuto final é qualquer coisa de arrepiante... Tal como a intro de "Não É Fácil", contrastando com o lado minimalista dos sintetizadores, que por vezes nos remete para o universo electro-pop-soul de James Blake e afins.


"Noturna (Nada de Novo na Noite) rompe com a sonoridade mais electrónica do disco. É provavelmente uma das suas melhores canções, é certamente a minha favorita. Não só porque conta com a participação da própria Marisa Monte, mas porque é honestamente bonita. O piano e o violino de fundo criam um ambiente delicado e melodioso, e só penso que a música não faria sentido de qualquer outra forma.


O toque de bossa nova não fica de fora, está lá em "Pecado É Lhe Deixar de Molho", e "Beija Eu" leva-nos de volta às batidas simples, num ritmo mais calmo, um lado mais romântico. Em "O Bonde do Dom", é o contraste entre voz e instrumental, mais denso, mais orgânico, que nos prende.


A MPB nunca fez parte da minha colecção de discos. (Re)Conheço os nomes, os temas clássicos, mas não ouço no dia-a-dia e portanto, ao contrário da Chavininha, não tenho presente todo o cancioneiro de Marisa Monte.
Não faço ideia se Silva reinventou os originais ou se não acrescentou nada de novo.
O que eu sei é que o disco "Silva Canta Marisa" é um absoluto bálsamo para os meus ouvidos.

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