A Magia do Amor, por John Grant

Hoje vou falar em Love is Magic, o quarto álbum de John Grant.
O álbum que é a continuação das experiencias que John Grant já andava a fazer desde o ultimo, Grey Tickles, Black Pressure. Love is Magic é claramente inspirado em Midnight Vultures de Beck e isso nota-se desde o primeiro acorde.
Love is Magic é, provavelmente o trabalho mais consistente e mais aprazível de John Grant, sendo talvez também o mais fora da caixa e mais intimista ao mesmo tempo. 



É um álbum brutalmente honesto, muito vulnerável e muito seco ao mesmo tempo: o som é seco e denso, com sintetizadores marcantes e linhas de percussão muito marcadas, sempre a acompanhar com as historias cabeludas e muito magnificas que Grant nos vai contando.

Em "Love is Magic", John Grant atenta ao facto de o amor ser tantas coisas: difícil, aborrecido, doloroso e hilariante entre outras coisas., chegando sempre à mesma conclusão: “… Love is Magic, Wether You Like it Or Not…”




John Grant é um dos grandes mestres da electrónica e, a musica com que nos brinda nesta entrada de Love is Magic, “The Common Snipe”, não nos deixa ir para mais lado nenhum: electrónica bem feita e calma, com sintetizadores e linhas de baixo marcantes, sem que nenhum deles apague a voz de Grant que, para mim, é sempre o melhor que dele podemos esperar. Isso e as letras com que nos brinda sempre. A experimentação que caracteriza o álbum é logo muito presente nesta primeira musica, que apesar de calma é, ao mesmo tempo, inquietante.

Grant vai-nos mostrando o que de melhor sabe fazer, cantar estórias enquanto nos vai enchendo os ouvidos de melodias e de letras quase sussurradas das que se entranham e nos marcam.


Uma das minhas musicas preferidas do album é “Diet Gum”, talvez por ser das mais marcadamente eletcrónicas e das que sai mais da caixa melodica/melancolica a que associamos o trabalho de John Grant.
Outro dos melhores momentos é “He’s Got His Mother’s Hips”. Adoro tudo: o ritmo inquieto do sintetizador e dos beats, e a própria mudança na voz de Grant. Electrónica com cheirinho a anos 80, divertida e muito sarcástica. Para mim, encontramos aqui John Grant no seu melhor, sendo esta musica a que provavelmente toca mais cá em casa.

John Grant, não me canso de o dizer, é o mestre da musica multi-dimensional e muito sugestiva.


De novo de volta às melodias delicadas e ao piano, eis que tenho que falar também e, “He is Strange”, que é uma das musicas com melhor letra do álbum com toda uma analise sentimental. mais do que muito bem feita. John Grant traz-nos, mais uma vez, um analise quase perfeita ao amor e à vida, o que vai acontecendo ao longo de todo o álbum. 


A musica que dá nome ao álbum, “Love is Magic”, tem uma espécie de densidade que vai ficando mais acutilante quanto mais vezes a vamos ouvindo. A voz de Grant é a real razão disto tudo fazer sentido e, se neste caso o vamos ouvindo a analisar o amor, com tudo de bom e de mau que ele tem, a mim nada me podia soar melhor.

E se, depois de chegar à conclusão que o amor é magico não viesse a transformação alguma coisa estaria mal. “Metamorphosis” é esta transformação, esta metamorfose, se formos mesmo literais, este estado de quase loucura que podemos ouvir nesta canção. 


Love is Magic é, para mim, um grande álbum, que me conduz sensorialmente a uma inevitável introspecção sobre o Amor.
Quando isso acontece vamo-nos apercebendo de que nada é estanque e nada é imóvel de que tudo muda e nós também.
E isso também vai acontecendo, também com John Grant e com a sua musica.

Love is Magic é um dos melhores álbuns do ano e, John Grant continua especialmente bom a fazer o novo e a sair do seu registo habitual, fazendo-nos a nós que o ouvimos sair da nossa zona de conforto.
E da musica, não ha muito mais que possamos pedir, certo?

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