A musicalidade da Banda do Mar

Eu assumo: não sou especialista na discografia da música brasileira.
Conheço e reconheço os clássicos, claro, que eles fazem parte da nossa vida desde sempre.
Mas a MPB é hoje muito mais do que isso. A nova geração de músicos brasileiros tem ganho grande destaque nos últimos tempos, e, convenhamos, a maioria não fica a dever nada aos grandes nomes.

Marcelo Camelo (ex-Los Hermanos) e Mallu Magalhães são dois desses exemplos. Com uma carreia a solo já bem vincada, e a residir em Lisboa, juntaram-se a Fred Pinto Ferreira (mais conhecido como baterista dos Orelha Negra) e criaram a "Banda do Mar".

Mallu e Marcelo alternaram a composição e a interpretação, Fred marcou presença na bateria, e na produção. E fez toda a diferença, dando às canções uma frescura incrível.
Assim que os temas começaram a ver a luz do dia, tornaram-se num vício bom.




"Mais Ninguém" foi das primeiras a ser revelada. A voz de menina doce e sensível de Mallu Magalhães é deliciosa. E a melodia, muito por culpa da bateria de Fred, é catchy quanto baste para nos pôr a dançar.

"Hey Nana" foi a que se seguiu e tornou-se desde logo uma das minhas favoritas. Há qualquer coisa no ritmo, na batida, na letra, na interpretação de Marcelo que nos conquista de imediato.




Não seria preciso ouvirmos mais para perceber que a musicalidade de Mallu convive com o rock de Marcelo, a doçura da voz dela contrasta com o tom sedutor dele.
Mas o disco tem muito mais, e todas as canções soam leves e boa onda.
Soam a tropical com pózinhos de rock.
E vice-versa. 

"Cidade Nova" tem um momento instrumental fabuloso. Ao longo do tema, as guitarras são um apontamento maravilhoso e o contraste com a voz de Marcelo Camelo é brilhante.




"Muitos Chocolates" - com um riff de guitarra maravilhoso - foi uma boa surpresa, a trazer o lado roqueiro de Mallu ao de cima - e até não lhe fica nada mal

Em "Pode Ser", "Faz Tempo", "Seja Como For" e "Solar", as guitarras fazem par (ainda mais) perfeito com a bateria, mas é "Mia", com uma percussão mais presente logo desde o início que a torna na canção mais «mexida» do disco.

Pelo meio, a melodia suave de "Dia Clarear" - a voz de Marcelo aqui é qualquer coisa... - e a pop com cheirinho a country de "Me Sinto Ótima" conduzem-nos até ao último capítulo.




Chama-se "Vamo Embora" e é linda.
É uma daquelas canções que vai crescendo em nós a cada escuta.
A simplicidade da melodia, a harmonia entre a bateria e a guitarra, o toque de Mallu acompanhando a voz de Marcelo.
Um final perfeito.
E eu admito que se alguém cantasse assim para mim, era bem capaz de largar tudo...


Longe da melancolia a que nos habituaram a solo, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo expõem em disco uma harmonia musical (e também pessoal) invejável.
Em 12 canções, contam-nos a sua história de amor, sempre sob a batuta mágica de Fred Pinto Ferreira.
A Banda do Mar não poderia ser de «mais ninguém».


«desculpa se eu ficar mudo mas
o tempo que eu tenho é pra voar»

(Banda do Mar, em "Vamo Embora")

nota final: o disco já está disponível desde dia 8 e a digressão por terras nacionais acontece em 2015.

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