Fado & Further, por Júlio Resende
Uma pausa na música indie, rock, e afins.
Uma breve mas estrondosa passagem pelo mundo do Fado, essa canção tão nossa, pelas mãos de Júlio Resende.
11 de Setembro, Grande Auditório da Gulbenkian.
Júlio Resende trouxe na bagagem "Amália", um disco de uma intimidade arrebatadora.
Na plateia, quase não se vislumbravam cadeiras vazias.
No palco, apenas um piano; ao fundo, a maravilhosa vista para o jardim.
«Silêncio, que se vai ouvir o Fado»
À primeira interpretação, fiquei convencida que em cada nota tocada por Júlio Resende, se ouvia Amália Rodrigues, a grande senhora do fado.
Como se ela estivesse entre nós.
O músico reinventou as composições originais, recorrendo à improvisação, tão típica do jazz, o que só lhes acrescentou valor.
E as tornou (ainda mais) intensas.
Entre músicas, o pianista revela que «não é fácil falar de duas maneiras».
A timidez ao microfone desvanece-se assim que toca a primeira nota ao piano - um "Steinway & Sons", daqueles que dá vontade de levar para casa.
"Fado Português", "Vou Dar De Beber À Dor", "Foi Deus" são exemplos perfeitos de como a música não tem de ter voz para ser «cantada».
Mas foram "Barco Negro" e "Gaivota" que mais mexeram com as minhas emoções.
Em bom. Aliás, em muito bom.
Senti aquele «arrepio na espinha», aquela sensação que nos invade a alma quando algo nos preenche, nos entusiasma, e nos emociona.
Para nossa «sorte», não o fez sozinho.
Gisela João foi um furacão em palco, mesmo que nos tenham presentado com apenas três canções do seu disco de estreia.
A emoção da sua interpretação, a força da sua voz, a entrega e a sintonia e cumplicidade com o pianista, envolveram-me de tal forma que me emocionei.
Sílvia Perez Cruz, pelo contrário, não me conquistou de imediato.
Provavelmente por entrar em palco depois de uma Gisela João com uma voz que arrepia. Felizmente, o estilo mais jazzy e a voz mais suave da cantora catalã acabou por me prender, sobretudo com o segundo tema - apesar de ter sido a sua última interpretação a arrancar «bravos», aplausos e assobios de uma plateia praticamente rendida...
Se até aí, estava a ser um concerto brilhante, a interpretação sentida de "Estranha Forma de Vida", que juntou os três artistas em palco, tornou-o memorável.
E, no fim, Júlio Resende, a solo, com "Medo" - que na versão em disco, conta com a voz de Amália - voltou a emocionar-nos com a sua forma de cantar o Fado.
No rescaldo da noite, há uma certeza que fica: Júlio Resende tem um bocadinho de Bernardo Sassetti em si. O que só nos pode deixar orgulhosos.
Que também ele seja sempre merecedor de todos os aplausos e mais alguns.
E de pé.
«Este disco é uma forma de tocar o português em mim»
(Júlio Resende, no disco "Amália")
Uma breve mas estrondosa passagem pelo mundo do Fado, essa canção tão nossa, pelas mãos de Júlio Resende.
11 de Setembro, Grande Auditório da Gulbenkian.
Júlio Resende trouxe na bagagem "Amália", um disco de uma intimidade arrebatadora.
Na plateia, quase não se vislumbravam cadeiras vazias.
No palco, apenas um piano; ao fundo, a maravilhosa vista para o jardim.
«Silêncio, que se vai ouvir o Fado»
À primeira interpretação, fiquei convencida que em cada nota tocada por Júlio Resende, se ouvia Amália Rodrigues, a grande senhora do fado.
Como se ela estivesse entre nós.
O músico reinventou as composições originais, recorrendo à improvisação, tão típica do jazz, o que só lhes acrescentou valor.
E as tornou (ainda mais) intensas.
Entre músicas, o pianista revela que «não é fácil falar de duas maneiras».
A timidez ao microfone desvanece-se assim que toca a primeira nota ao piano - um "Steinway & Sons", daqueles que dá vontade de levar para casa.
"Fado Português", "Vou Dar De Beber À Dor", "Foi Deus" são exemplos perfeitos de como a música não tem de ter voz para ser «cantada».
Mas foram "Barco Negro" e "Gaivota" que mais mexeram com as minhas emoções.
Em bom. Aliás, em muito bom.
Senti aquele «arrepio na espinha», aquela sensação que nos invade a alma quando algo nos preenche, nos entusiasma, e nos emociona.
Para nossa «sorte», não o fez sozinho.
Gisela João foi um furacão em palco, mesmo que nos tenham presentado com apenas três canções do seu disco de estreia.
A emoção da sua interpretação, a força da sua voz, a entrega e a sintonia e cumplicidade com o pianista, envolveram-me de tal forma que me emocionei.
Sílvia Perez Cruz, pelo contrário, não me conquistou de imediato.
Provavelmente por entrar em palco depois de uma Gisela João com uma voz que arrepia. Felizmente, o estilo mais jazzy e a voz mais suave da cantora catalã acabou por me prender, sobretudo com o segundo tema - apesar de ter sido a sua última interpretação a arrancar «bravos», aplausos e assobios de uma plateia praticamente rendida...
Se até aí, estava a ser um concerto brilhante, a interpretação sentida de "Estranha Forma de Vida", que juntou os três artistas em palco, tornou-o memorável.
E, no fim, Júlio Resende, a solo, com "Medo" - que na versão em disco, conta com a voz de Amália - voltou a emocionar-nos com a sua forma de cantar o Fado.
No rescaldo da noite, há uma certeza que fica: Júlio Resende tem um bocadinho de Bernardo Sassetti em si. O que só nos pode deixar orgulhosos.
Que também ele seja sempre merecedor de todos os aplausos e mais alguns.
E de pé.
«Este disco é uma forma de tocar o português em mim»
(Júlio Resende, no disco "Amália")
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