O lado romântico de Hamilton Leithauser

Conhecemos Hamilton Leithauser como vocalista (e guitarrista) dos The Walkmen. A banda está actualmente em pausa prolongada e os álbuns a solo dos seus elementos vão vendo a luz do dia.
O de Leithauser saiu em junho e não mais abandonou o meu iPod.

"Black Hours" é um disco de canções de amor. Ponto.
Dos novos amores às dúvidas existenciais, do lado mais romântico ao mais realista, sem esquecer o sofredor e o solitário.
Talvez por isso, os temas de "Black Hours" estejam (bem) longe da «raiva» e da urgência contida em "The Rat" - que ainda hoje é uma das melhores canções dos anos 2000 e, na minha opinião, uma das melhores dos The Walkmen.

"Black Hours" é também um disco que recupera a música americana dos anos 60, com um toque de Frank Sinatra, outro tanto de Scott Walker e até de Bob Dylan.
A voz é, por isso, o seu elemento principal, e os arranjos são fabulosos.





Neste primeiro registo a solo, há, logo a abrir, intensidade com "5 AM".
Muito por culpa da voz de Leithauser, que, suportada apenas por um piano e violinos, se deixa descobrir. E é tão diferente do registo a que nos habituou nos The Walkmen...

Tal como acontece com "The Silent Orchestra", com um ritmo mais upbeat que encaixa na perfeição com a sua voz tão característica.




Há também um lado mais «americano», que nos chega com "Alexandra" e a "sua" harmónica que lhe confere aquele toque tão especial. Ou um lado mais festivo, com a percussão de "11 O'clock Friday Night", que é sem sombra de dúvida uma das canções com mais potencial para o «sing-along».

Em "I Retired", Leithauser mostra o seu lado meio folk meio country, e em "I Don't Need Anyone" transporta-nos - com algumas saudades, é certo - de volta aos refrães épicos dos The Walkmen.




A fechar, um dos temas maiores de "Black Hours": "The Smallest Splinter". Hamilton Leithauser envolve-nos na letra, na música, e sobretudo, na interpretação. Como se não existisse mais nada para além da sua voz.
É a canção mais intimista do disco.
E é, com toda a certeza, a minha favorita.

Leithauser encarna com segurança o homem apaixonado. Mas sempre com moderação. A sua voz é honesta e emotiva sem que soe demasiado exagerado ou sentimental.
E para mim, esse é o maior trunfo de "Black Hours".


«do you ever wonder why I sing these love songs
when I have no love at all»

(Hamilton Leithauser, em "5 AM")

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