Ao Vivo: Rita Redshoes no São Luiz

Sábado, 20 de Setembro de 2014.
De volta aos concertos em teatros, esses locais mágicos da cidade.
O São Jorge, o São Carlos, o São Luiz.
Este último é talvez o meu preferido para estas coisas, um espaço magnífico, coberto de dourado e vermelho.
E que tem tudo a ver com a cenografia da artista que subiu ao palco: Rita Redshoes.

Créditos: Concertina

Trouxe-me sobretudo a curiosidade - por mais estranho que pareça, ainda não a tinha apanhado em concerto.
Na bagagem, o seu mais recente álbum "Life Is A Second Of Love", o terceiro - sim, isso mesmo, o terceiro.
Há muito que Rita Redshoes deixou de ser a pianista e «backup vocal» de David Fonseca; hoje é a «menina de sapatos vermelhos» que canta e (nos) encanta com as suas canções.

Pouco conhecia do último disco, e seria de esperar que fossem as canções antigas a puxar por mim. Mas não.
Fiquei rendida com os novos temas, mais intensos e de uma orquestração invejável, quase cinematográfica.

Créditos: Concertina

Claro que os mais antigos arrancam sempre mais aplausos e muitos sorrisos: "Dream On Girl" teve um inicio lindo com «Somewhere Over The Rainbow», "Choose Love" é, ainda hoje, uma das suas melhores canções, "Hey Tom" continua enérgico e só dá vontade de saltar da cadeira e dançar e "Captain Of My Soul", a minha favorita, deixou-me com uma lágrima no canto do olho...

Mas as novas têm qualquer coisa de apaixonante. São canções mais adultas, românticas e intimas, vibrantes e emotivas.
Como "Broken Bond", que tem uma melodia envolvente (e aquele solo de guitarra é qualquer coisa....) ou "White Lies" que eu ainda não conhecia e talvez pela letra, pela música, passou a ser um dos meus temas preferidos deste disco. Ou ainda "Woman Snake", de ritmo impaciente, delirante e contagiante.

Créditos: Concertina

A maturidade em palco, com a sua guitarra e o resto da banda contrasta com o ar delicado ao piano nos momentos a soloHoje, Rita já não é a mesma menina que conquistou o seu lugar na música portuguesa com o disco de estreia, "Golden Era".
Mas não deixou de sonhar. Antes, está mais serena, mais segura.
Foi o que pensei quando ouvi "Blood Deal". A voz de Rita prende-nos e embala-nos, provando que é hoje uma cantautora sublime, a fazer lembrar os grandes nomes de outrora.

Que não foram esquecidos no São Luiz.
Rita Redshoes trouxe a sua versão fabulosa de «Both Sides Now» de Joni Mitchell - e eu estou tentada a concordar com ela quando diz que é uma das letras mais incríveis de sempre... - numa uma interpretação cheia de emoção.
E uma versão arrepiante e electrizante de "Four Women" da grandiosa Nina Simone, um exemplo claro de como as canções ao vivo ganham uma energia invejável.

Créditos: Concertina

Pouco mais de uma hora depois, Rita surpreendeu-nos com um final intimista, acompanhada do seu guitarrista «jeitoso» (nas suas próprias palavras), Pedro Vidal. Convidou o público a sentar-se no chão à volta do piano, para uma interpretação belíssima de «There's No Sky Above Our Heads», tema que encerra o disco.

Para que nós pudéssemos ir para casa de alma cheia.
E, sim, eu diria que fomos.

«You don’t need to rush your heart
This is the time to be free
Life is a second of love
Be happy right now»

(Rita Redshoes, em "A Second Of Love")

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