«Good Old» Interpol

Nunca fui grande fã dos Interpol. Os álbuns não fazem todos parte da discografia cá de casa, mas sou menina para os ver em concerto (aliás, já o fiz, uma ou outra vez em nome próprio).
Até lhes acho graça, e há canções - as velhinhas - que se vão mantendo no meu iPod.
Mas não os ouço constantemente.

O que até pode parecer estranho, porque gosto muito dos The National e dos Editors e dos Radiohead. O a
mbiente "depressivo" à volta das canções, e até a sonoridade não é assim tão distinta.
Podem não ser uma das minhas bandas favoritas, mas são bons a criar aquele som melancólico e apocalíptico.

Por isso, pus-me a ouvir "El Pintor", o sexto disco - é também um anagrama para Interpol - e, em bom português, é de facto, «mais do mesmo».
O que não é necessariamente mau.
Há qualquer coisa de reconfortante em saber que há coisas que nunca mudam.
Paul Banks no seu registo barítono mas expressivo, a guitarra inconfundível de Daniel Kessler, muitas vezes a agir como uma «segunda voz».

"El Pintor" é um regresso às origens, à sonoridade, aos ritmos, às formas e aos estilos do(s) primeiro(s) álbum(s), das primeiras canções.

Aquelas que tantos elogios geraram.
Como esta...





Sim, é isso, as canções do novo disco soam-nos familiares, mas em bom.

O (melhor) cartão de visita é "All The Rage Back Home", o exemplo mais claro de que os «velhos» Interpol estão de volta. A abrir, um tom melancólico inigualável, dando depois lugar a uma explosão em forma de bateria & baixo & guitarra.
Sem esquecer uma letra dissimulada, indirecta, obscura, tão característica dos Interpol - o mesmo acontecendo em "Everything Is Gone".





Ao sexto álbum, a bateria é rainha. Em todos os temas, mas sobretudo no último minuto e meio de "My Desire", em que é fabulosa, e em "Anywhere", em que aparece frenética.
"Ancient Ways" é a que me soa mais familiar - aqueles surpreendentes Interpol do primeiro disco - e novamente a bateria a «fazer estragos».





No meio da escuridão de "El Pintor", rasgos de luz em "Same Town, New Story" e "Breaker 1".  Ou em "My Blue Supreme" onde descobrimos um «falsetto» de Paul Banks, a contrastar com o seu tom de voz habitual.

E "Tidal Wave", com uma introdução de bateria a marcar o ritmo, a preparar a entrada do baixo e da guitarra, a voz de Banks soa menos «severa» - afinal sempre existe optimismo...
A fechar, "Twice As Hard", a mostrar definitivamente - após 18 anos de carreira - que os Interpol têm um lado luminoso que até lhes assenta bem.





Na primeira escuta, fiquei sem saber muito bem onde acabava uma canção e começava outra.
Numa escuta mais atenta, "El Pintor" é o regresso dos Interpol às grandes canções «Interpol».
E isso é mais do que suficiente.


«I keep falling, maybe half the time, maybe half the time
It's all the rage back home»

(Interpol, em "All The Rage Back Home")

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