O «novo» blues rock, por Benjamin Booker

Já ouviram falar de Benjamin Booker?
Provavelmente não. E até há bem pouco tempo, nem eu.
A equipa da «Les Inrocks» sugeriu e não é que o álbum do miúdo com voz de gente grande é bem bom? (miúdo, sim, que ele tem 25 anos e canta como se tivesse mais de 40).

O álbum homónimo é uma viagem à música americana, do rock ao soul e ao blues e ao garage rock - a fazer-nos lembrar os primeiros tempos dos The Strokes, dos White Stripes, e dos The Black Keys.

As canções são um autêntico rastilho.
O som é cru, violento, eléctrico, rude.
E contrasta de forma impressionante com a voz de Benjamin Booker, que transborda de maturidade, de alma e de sentimento.
Sem desprimor para a bateria de Max Norton, que é tão, tão incisiva, o melhor de tudo é mesmo o love affair de Booker com a guitarra, como se fossem a extensão um do outro.

Basta ouvir "Violent Shiver", o primeiro single, e um dos melhores temas do disco.
Um riff de guitarra poderoso, a par com uma bateria estrondosa e uma letra rebelde.
Uma urgência na voz, aquela coisa que tanto gostamos aqui, avassaladora.
E é impossível não bater o pé.




A coisa mantém-se com "Always Waiting", "Chippewa" - que surpreende lá pelo meio com um toque especial de orgão - e "Have You Seen My Son", um exemplo perfeito de classic rock, com um "solo" de bateria fabuloso.

Mas se a ideia é «abanar o esqueleto», "Wicked Waters" é A canção. Inconscientemente, somos invadidos pela sua energia contagiante. E "Old Hearts" não lhe fica atrás - dá-nos logo vontade de dançar como se não houvesse amanhã...




Pelo meio, "Happy Homes" aparece como a simbiose perfeita entre a voz quente de Booker e o poder da bateria de Norton.




"Kids Never Growing Older" é outro dos momentos altos onde a tensão entre a bateria e a guitarra está ao rubro.
Ideal para matar saudades dos dias bons dos The Black Keys.

Ao longo do disco, é a voz crua, pouco «polida» de Benjamin Booker o ponto comum em todos os temas, até mesmo nos mais "calmos".

Em "Slow Coming", a sua voz quente envolve-nos de imediato. É fácil imaginar o «silêncio, que se vai cantar o blues...»

Já em "Spoon Out My Eyeballs", é essa mesma voz que transmite de forma exímia a emoção e a frustração, típicas de uma canção de amor.




Um dos momentos maiores de "Benjamin Booker" é "I Thought I Heard You Screaming". Em tom meio sussurrado, meio assombrado, mas sempre envolvente.
É arrepiante e intensa.
E aquele final quase à capella é qualquer coisa.... 

A fechar um álbum impressionante, "By The Evening", que vai crescendo até à explosão final. A voz mistura-se com os instrumentos e faz parte do «barulho».


"Benjamin Booker", o disco, é um trabalho em que a energia e a paixão de Benjamin Booker, o músico, se misturam.
Transmite uma força tal que só podemos imaginar o quão roqueiro deve ser o seu live act.
E por isso, vale bem a pena a escuta.


«did you love me or was it just...»
(Benjamin Booker, em "I Thought I Heard You Screaming")

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