Edições Especiais: Paolo Nutini @ Milano

Milão, 15 de Novembro de 2014.

Um ano depois da nossa incursão a Madrid para o concerto dos Arctic Monkeys, repetimos a proeza, desta vez para ver ao vivo Paolo Nutini.

E começo já por afirmar publicamente que me rendi de vez ao encanto e talento do rapaz - sim, foi preciso ouvi-lo e vê-lo ao vivo. que às vezes, o disco não chega.
Porque o concerto foi, parafraseando a Chavininha, «para lá de muito bom».



(Eu, de cada vez que me lembro do concerto, penso sempre que há coisas simples que me fazem tão, mas tão feliz.

E reafirmo: para lá de muito bom.
Mas se calhar, a diferença é que eu já fazia parte de outro grupo de pessoas... aquele que "já queria há muito tempo ter visto o Nutini ao vivo". E já pertenço a este grupo pr'aí desde 2006, quando saiu "These Streets", com a música dos "Sapatinhos Novos", quando comecei a acreditar que aquela voz era muito mais do que uma simples voz de um puto de 18 anos. 
Mas sim, mesmo com todos os concertos que eu já vi no iTunes, no Youtube, em Montreaux, em Glastonbury e seja lá mais onde foi, eu fico sempre mais convencida depois de ter lá estado. 
E sim, eu, Chavininha, assumo que fiz "pressão" para irmos ver o rapaz. Shame on Me!)



Fotos da Chavininha.


E ainda bem, já que não foi nada fácil aguentar a cidade debaixo de chuvas torrenciais - tinha logo que chover nesse dia, só para tornar as coisas mais emocionantes... Depois de uma série de aventuras e desventuras, lá chegámos finalmente ao local do concerto, o Mediolanum Forum, em Assago, Milão (bastante parecido com o de Madrid, mas com uma acústica melhor, pareceu-me).

[E antes de continuar, uma breve nota: a primeira parte ficou a cargo de uns tipos britânicos, os Rain, acho, e só me ocorre uma palavra para caracterizar aquele momento que parecia não ter fim: sofrível. Ponto.]

(...foi na realidade muito, mas mesmo muito pior que isto. Que a Concertina é sempre muito mais politicamente correcta do que eu. E muito mais boazinha também. O que aconteceu naquela primeira parte foi muito, mas mesmo mesmo muuuuuuuuuuuito mau. E acho que eles se chamavam Rainman Band. Ou qualquer coisa tipo filme do Tom Cruise dos anos 80.)

Pouco depois das 21.30, os primeiros gritos anunciam a subida de Nutini ao palco, com o seu «casual look», capaz de levar as (muitas) miúdas à histeria plena, acompanhado por uma dezena de músicos. (Apesar de eu ter que dizer aqui desde já que a mim me pareceu muito bom que o concerto tivesse uma heterogeneidade tão grande de publico, cujas idades iam desde as dos nossos pais aos "miúdos" de 16, 17 anos. Rapazes e raparigas. AHHHH!!!!! E sim, ao contrario do que eu esperava, não só os italianos são muito mais organizados e simpáticos no que diz respeito a estes eventos, mas também são muito mais parecidos connosco no que diz respeito à participação em concertos: ali canta-se, dança-se e batem-se palmas. Portanto sim, as meninas italianas estavam rendidas aos olhos de Nutini. Mas também ninguém o manda ser tão giro!)
E o cenário, simples, resultaria num fabuloso jogo de luzes e de projecções no ecrã gigante, ao longo da noite.




Fotos da Chavininha


Os acordes de "Scream (Funk My Life Up)", um dos sucessos do último disco, "Caustic Love" - sobre o qual a Chavininha já falou aqui - dão início ao concerto.
"Let Me Down Easy" arrepia, tal é o jeito que o rapaz tem para o soul. A sua voz rouca, áspera q.b. transmite uma emoção tal que não nos deixa indiferentes.
"Jenny Don't Be Hasty" transporta-nos para o seu universo mais rock e leva-nos a recuar no tempo, ao primeiro album de Paolo Nutini. E até as canções menos interessantes como "Diana" nos soam melhor.

Algures ali no meio apareceu "Coming Up Easy", aquela música que tem um groove tão, mas tão brilhante e que é uma música com um refrão suficientemente forte para que nunca nos esqueçamos de cantar «It Was In Love I Was Created, and In Love is How I Hope I Die».
E acho que foi naquele momento que as minhas emoções começaram a levar a melhor e que eu deixei de achar que poderia ser objectiva. (Se é que algum dia tivesse achado que o ia ser ao ver um concerto destes.) Quando logo de seguida aparece "Looking for Something", então pronto, estava tudo perdido, e aquilo era claramente um concerto com as melhores músicas do "universo Nutini". Acho que ninguém consegue ficar indiferente aquelas letras, aqueles sons, aquelas luzes... E pronto à entrega do rapaz. Que esteve lá sempre a 1000%.





Fotos da Chavininha.


"Better Man" e "One Day" são pedaços de um disco que ganharam outro brilho aos meus ouvidos, depois de sentidos ao vivo.
"Cherry Blossom" mata saudades das canções «old school».
E "Iron Sky", que é de longe a minha canção favorita, emocionou-me. Mais uma vez, a voz a arrepiar até às entranhas.
Quase que me levou às lágrimas.
Foi sem dúvida o meu momento.

Não vou discordar de que "Iron Sky" foi um dos momentos daquele concerto. Não. Eu já disse que "Iron Sky" é sempre um murro no estômago. Daqueles que acorda as pessoas para a vida. Mas vou ter só que dizer que para mim é impossível ignorar "Pencil Full of Lead" e especialmente "No Other Way". Onde eu sempre me arrepio mais. Onde as influências dos grandes da Motown não são invisíveis. E onde eu ouço sempre Otis Redding. Na alma e na voz de um miúdo.
Tão, mas tão bom. 






Fotos da Chavininha


O concerto poderia terminar ali, que já teria valido a pena.
Mas felizmente, Paolo Nutini ainda nos iria surpreender.

O encore trouxe uma versão fabulosa de "Time To Pretend" dos MGMT.
(não sei se já disse isto muitas vezes, mas Paolo Nutini faz sempre versões extremamente boas das musicas dos outros. Às vezes, arrisco ainda a dizer, que são melhores que os originais...)
E depois de "Candy", um dos momentos mais aguardados e de maior explosão (... ai, ai... "Candy"... o melhor é nem dizer nada...), "Guarda Che Luna" aproximou-o ainda mais do público, resultando numa interpretação sentida da canção italiana.
Para o fim, ficou "Last Request", uma das «velhinhas», em versão acústica, um momento mágico com o público ao rubro e já rendido há muito.
Perfeito.

A Paolo Nutini não lhe falta nem alma, nem groove, muito menos talento.
Falta-lhe, sim, um concerto em território nacional.
A que nós não iremos faltar.

P.S. Para que não restem dúvidas, fica aqui o vídeo do que aconteceu :P


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