Todos os dias deviam ser assim felizes como quando a Maria João toca com os Budda Power Blues

(Aviso à Navegação: este post é altamente faccioso e não é recomendado para pessoas mais susceptíveis, imparciais e/ou que não sejam do Rock. Temos pena.)


4 de Dezembro, Quinta-Feira, mais uma noite fria típica do Porto (ou seja, com menos de 10 graus na rua), sem chuva. 
Isto foi o resumo da noite de toda a gente que não foi à Casa da Música.


A minha foi muito diferente.



Algures na Sala Suggia da Casa da Musica houve uma outra noite, uma em que aconteceu magia, onde houve calor, e uma amalgama grande de emoções. 
De forma simples diria que foi uma noite de Blues. Mas para mim também foi uma noite de Soul, e de Rock. Na verdade foi uma noite em que houve tudo a que uma Chavininha tem direito: amigos, guitarras mágicas, momentos fofinhos de por a malta de lágrima ao canto do olho... e sim, claro, muitos Blues.


                                     Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues

E porquê?

Porque foi dia de ir ver os Budda Power Blues. (E, se fosse só por isso, tudo o que eu já disse era pouco.) A questão aqui é que, desta vez, eles não vieram sozinhos, e trouxeram a Maria João, "a" senhora do Jazz. (Não me pareceu bem dizer "A grande", ou "A maravilhosa", ou seja lá o que fosse. Fica sem adjectivos que são sempre muito limitadores, e neste caso pouco assertivos.)
E, se isto só por si já era coisa de abrir o apetite, digo-vos eu que, passado quase uma semana, continuo a ficar de "sorrisinho nos lábios" só de pensar no que ali aconteceu. Porque tudo o que eu possa dizer é pouco. Aviso já.

                                          
                                        Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues

E não é só porque os Budda Power Blues são assim para lá de muito bons, e dão concertos que podem mudar a vida das pessoas (acreditem! E podem perguntar à Concertina.)
É porque naquele momento, naquela sala, ali na Casa da Musica, tive, mais uma vez, a certeza que a música é uma daquelas formas de arte que chega à perfeição mais completa quando existe, como foi o caso, uma comunhão tão grande entre pessoas (que até podem ser de áreas diferentes) e que se juntam com o objectivo tão simples de criar a felicidade. A nossa, do público, sem de esquecerem o facto que de nós ficaremos tão felizes quanto mais felizes eles estiverem e conseguirem ficar. Quanto mais emoções nos conseguirem transmitir. Quanto mais entrega houver.


                                      Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues

Porque, no fundo, a melhor forma de definir o que ali se passou, naquelas duas horas e qualquer coisa (que passaram a correr!) é dizer que aquilo foi mágico. E, acreditem, que ando desde Quinta-Feira a tentar explicar isto de outra forma e não consigo.





Maria João é, claramente (e como eu já disse), para mim, "A" voz feminina deste país. Já o defendo há muito tempo. Talvez porque lhe tenho associadas memórias muito felizes com algumas das minhas pessoas preferidas, mas de certeza que para isso contribui também a entrega que ela tem para com a música (e aqui, deixo de lado quaisquer contemplações mais técnicas que não só não me competem, mas que são mais do que óbvias.)

E, sinceramente, eu confesso, que quando soube que este encontro ia acontecer fiquei com "um pé meio atrás" quanto a esta incursão dela pelos Blues, mas, desde o momento em que ela pisou o palco que isto se dissipou por completo: sim, Maria João tem os Blues dentro dela, e nem imaginam quanto.







Desde um maravilhoso "I'd Rather Go Blind" de Etta James, passando por momentos menos "clássicos" como "Still Crazy After All These Years" de Paul Simon, pegando em musicas dos próprios Budda Power Blues e do seu ultimo álbum "One in a Million" como "She's Gone", tivemos até direito a uma música composta pela própria Maria João que foi brilhante, vibrante, divertida, atrevida... no fundo mágica. (Ou vá, como eu disse ao Nico no fim do concerto, "uma fada".)


                                      Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues

Dizia eu à Concertina quando falámos sobre o concerto: "Sabes quando eu fico com cara de parva e sorriso de orelha a orelha e nada mais interessa? Pronto, foi mais grave". E é que foi mesmo. E, honestamente, eu ainda estou a processar tudo o que aconteceu.




Houve também um momento em que Maria João saiu de cena e deixou o trio tocar sozinho.
E mesmo que eu faça parte daquele grupo de pessoas que "já os viu mais de 20 vezes sem se cansar", voltei a ficar maravilhada. Porque tivemos direito a um pequeno vislumbre do que costuma acontecer habitualmente: a cumplicidade entre os três, quer em "One in a Million" e, especialmente em "Verdes Anos", que a mim me arrepia sempre e, que faz com que haja uma lágrima teimosa que cisme sempre em sair, ao som da melhor versão do mundo de uma musica de Carlos Paredes.
Mesmo que Budda Guedes nos tenha avisado que o que ia acontecer era uma "escangalhação" dela, ao jeito do que fez Jimi Hendrix com o hino dos Estados Unidos.


(Nota: se toda a gente "escangalhasse" musicas assim o mundo era tão, mas tão mais bonito!)


                                       Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues


Depois de Maria João voltar ao palco, e quando achávamos que nada de mais maravilhoso nos podia surpreender... estávamos enganados. Mas, oh, tão enganados...



Quer porque a energia (e sinergia, de facto) de e entre os 4 parecia que nunca ia acabar quer porque ainda faltava o "Bolo em cima da cereja", uma das coisas mais maravilhosas a que eu assisti em muito tempo (e olhem que eu sou uma Chavininha cheiinha de sorte, porque fui ver o Paolo Nutini a Milão e foi para lá de muito bom...): um mashup a que eu já estou habituada quando vou ver os Budda Power Blues, neste caso o de "I Just Wanna Make Love To You" (de Etta James) com "A Whole Lotta Love" (dos Led Zeppelin), e que, por si só, já é genial quando são só eles a tocar, mas que, com Maria João se tornou mais do que perfeito. Uma daquelas coisas que já é muito boa mas que fica ainda melhor. A chamada Masterpiece.

Com o duelo/colagem entre as duas musicas a ganhar ainda mais aqui com a voz de Budda em contraste/complemento à voz fabulosa (Meu Deus!!!! Aqueles agudos!!!!!! Tão Perfeitos!!!!!!) de Maria João. 
Muito mais do que genial, eu repito!





Mas sim, no fundo há, de facto, uma forma mais simples de resumir isto tudo: o momento mágico (que já tinha acontecido no meio do concerto) que fez o encore: "I Fell Blessed" (que eu, na realidade nem sei se se chama mesmo assim...), uma musica que Budda escreveu para Maria João quando tocaram juntos pela primeira vez no Lisbon Blues Fest. Uma estreia. A música que nos fez ajudar na festa, a nós público, e nos fez cantar com eles "Lord, I Feel so blessed right now, for all the Love I have found"... 

Porque, no fundo, o que aconteceu ali foi Amor, muito Amor. 
Presente no ar, nos sorrisos em cima e fora do palco, na guitarra do Budda, na bateria do Nico, no baixo do Tó Barbot, na voz e nas lágrimas da Maria João... 
('Tá bem, Amor que foi devidamente acompanhado por toneladas de talento. Mas... E de que serve o talento se não houver entrega e Amor? 
Digo vos eu: não serve de nada.)



                                   Foto de Tiago Xavier, gentilmente cedida pelos Budda Power Blues

Eu sinto-me mais do que abençoada por poder ter lá estado e por ter podido assistir a isto tudo, ali na primeira fila, com direito a sentir tudo, a ver tudo com o máximo de atenção e como se o que estava ali a acontecer fosse a única coisa que de facto interessava. E agradeço à Maria João e aos Budda Power Blues por mais uma noite mágica, pelas lágrimas, pelas gargalhadas e acima de tudo pela musica (sempre a musica... a grande causadora de grande parte dos meus mais sentidos sorrisos.) 

Uma noite daquelas que daqui a 20 anos eu arrisco a dizer que nos vamos de certeza lembrar, e dizer: 
"O Concerto da Maria João com os Budda Power Blues?  
Foi tão, mas tão, tão bom!" 


E acabamos a sorrir.





(Nota Final: como eu acho que não se devem fazer vídeos e/ou tirar fotos sempre que estamos a gostar mesmo muito do que estamos a ver, especialmente da primeira fila dos concertos, e quando há gente qualificada a fazer o mesmo... e enquanto não aparecem vídeos do que realmente aconteceu, estes que eu escolhi seguem um critério muito simples: são alguns dos que eu mais gosto. Especialmente o da Maria João, de quem não poderia ter escolhido outra musica das disponíveis no youtube. E servem só para ajudar a explicar o que eu não consegui fazer por palavras, e para ajudar quem ainda não conhece os Budda Power Blues a ficar cheio de inveja por ainda não os ter visto. Quanto às fotos, essas sim, são do concerto, e foram tiradas pelo Tiago Xavier, a quem eu agradeço desde já, apesar de me terem sido cedidas pelo Nico Guedes, que mais uma vez fez questão de ser um querido e fez questão de me ajudar a ilustrar o que ali se passou. Nico, muito obrigada! E já sabes, eu quero a minha baqueta! :P)

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.