Ao Vivo: White Lies no CCB

18 de Novembro, Centro Cultural de Belém, Lisboa.
Última data da digressão europeia.
Sala bastante composta (e entusiasta) para receber finalmente em nome próprio, os britânicos White Lies.

Por incrível que possa parecer, ainda não os tínhamos visto ao vivo - e por isso as expectativas estavam em alta. (Mais que não fosse porque os White Lies foram (e são!) responsáveis por parte da minha educação sentimental, o que fez com que isto fosse, no mínimo um daqueles concertos em que tínhamos mesmo que estar.)

A coisa poderia não ter corrido tão bem, porque as cadeiras da plateia simplesmente não desaparecem (o que é chato num concerto destes...).
Mas felizmente, as pessoas levantaram-se e, dando ao evento o ambiente que se espera, aproximaram-se o mais possível do palco.

Palco esse com ar simples, mas elegante, com um jogo de luzes que, ao longo da noite, se revelou incrível e que  acompanhou os diferentes caminhos da discografia dos White Lies e nos ajudou na viagem que eles nos levaram a fazer.

Créditos: concertina

O alinhamento deu primazia ao novo álbum "Friends", claro, mas não foram esquecidos alguns dos seus temas obrigatórios. (Mal era que tal tivesse acontecido. Era um crime que se tivessem esquecido dos 3 álbuns anteriores. Nem eu lhes desculpava tal atrocidade.)

Exemplo disso foi a sequência arrebatadora, logo a abrir, com "Take It Out On Me", que me arrepia sempre com aquela entrada de bateria ao minuto 3', "There Goes Our Love Again", de refrão perfeito para os nossos pulmões (... para os pulmões, para a garganta, para as pernas que não pararam de dançar e para os corações todos. Especialmente para o meu.); "To Lose My Life" - aquela que toda a gente se lembra! e "Hold Back Your Love", que já colou e não descola.

Estava dado o mote para uma noite inesquecível: a voz e presença inconfundíveis de Harry McVeigh - sim, ao vivo soa mesmo como em disco (o senhor que tem o dom de saber incitar multidões, a cantar em tons baixos... um sonho!), a bateria enérgica e incansável, linhas de baixo definidas e intensas e as teclas a darem aquele toque 80s que nós tanto gostamos.

Seguiram-se as velhinhas "Unfinished Business" e a «surpresa» para os fãs, "The Price Of Love" - uma das mais queridas do público, consta - das minhas passou a ser de certeza :) - ambas do disco de estreia. Tal como "Farewell To The Fairground", que se foi tornando um do meus momentos do concerto - não vos sei explicar muito bem porquê, mas há qualquer coisa de libertador no refrão «there is no place like home», que, orelhudo q.b., nos dá ânimo para enfrentar tudo.

O regresso a "Friends" faz-se com "Morning In LA" - um dos seus momentos altos, e a «catchy» "Is My Love Enough", que precede uma sequência «regresso ao passado». que nos manteve a dançar:  a enérgica "E.S.T.", a melódica "Getting Even", "Streetlights", "Don't Want To Feel It All" e a incrível "Death".

Estava a ser denso e intenso, como se o que sentimos ao escutá-los em disco se estivesse a replicar ao vê-los em palco. e a chegar ao fim. Estava a ser um daqueles concertos de que nos vamos lembrar sempre, porque de tão simples, estava a ser incisivo o suficiente para que, no meio de tanta cantoria e de tanto passinho de dança, aquelas palavras nos ficassem todas presas no coração. Um momento onde as letras fazem sentido, a bateria faz sentido, as teclas fazem sentido, o baixo também, e a voz de McVeigh nos obriga a sentir tudo, do principio ao fim. Assim só tão simples (ou talvez não...), mas, para mim, é isto que faz tudo valer a pena.

Ao som das vozes do público a entoar «there is no place like home», a banda regressa para o encore: "Big TV", com a sua pausa antes da entrada das guitarras que são perfeitas para o delírio colectivo, "Come On", outro dos momentos estádio, e a cereja no topo do bolo: a maravilhosa e intensa "Bigger Than Us" - que é também uma das minhas preferidas de sempre.

Final apoteótico a gerar aplausos e gritos de entusiasmo.
Toda a gente de pé da plateia aos camarotes aos balcões. sinal claro que as expectativas foram cumpridas e acredito que para muitos também excedidas.

Já aqui dissemos mais do que uma vez que para nós um concerto é uma experiência mais pessoal que social, porque nós estamos sempre lá pela música. (E continuamos a não acreditar em qualquer outra forma de se estar num concerto.) E, na passada sexta-feira, no CCB, acho que se sentiu isso. como há muito não se via. (E não, isto não é uma crise de mau feitio.)
Quem lá esteve, esteve para ver os White Lies. Para cantar com eles, para se mexer ao ritmos das suas canções, para vibrar com a sua energia ao vivo, para sentir tudo o que eles foram dizendo, cantando e mostrando com as suas músicas.

Se os mais sossegados murmuravam as letras no seu cantinho, os mais enérgicos pareciam possuídos.
E nós, dançámos como se não houvesse amanhã. Como tem que ser. Pelo menos num concerto dos White Lies.

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