Farewell to you, Ms Sharon Jones
2016 insiste em querer ficar marcado como um ano negro para a música.
Sharon Jones deixou-nos na passada sexta-feira.
Toda a gente sabe mais ou menos a sua história de vida, toda a gente sabe da sua incrível luta contra uma doença crónica. Mas o que eu não sabia, até a ter visto ao vivo, é que Sharon Jones era um verdadeiro furacão.
Tive a honra de a ver na Aula Magna a 23 de novembro de 2014. Foi uma decisão de última hora, estava aborrecida por estar em casa a um domingo à noite e dei por mim a comprar um bilhete para o concerto de Sharon Jones & The Dap Kings - sim, é verdade, uns vão ao cinema, eu vou a concertos.
Foi tudo menos aborrecido.
A sala estava mais do que composta, com gente de todas as idades para receber a «pequena» Sharon Jones e os seus The Dap Kings.
Créditos: Concertina
Só uma palavra poderia resumir o que se passou nessa noite de domingo: electrizante. Muito por culpa da qualidade indiscutível dos The Dap Kings, e uma energia sem fim de Miss Jones.
Foram gigantes em palco, ela mais do que eles, porque eles estavam ali, por ela.
Sempre - e estiveram, até à hora da sua morte.
Ao longo do concerto, sente-se que a (sua) música é um veículo, o seu equilíbrio, uma forma de exorcismo. É a (sua) luta pela vida. Aliás, a mensagem foi sempre essa: nunca desistir, e acreditar, lutar até ao fim.
E celebrar a vida.
Com a sua voz incrível, e um ritmo imenso - e intenso - não conseguimos parar de cantar, de saltar, de dançar, de mexer, de vibrar. Com ela e por ela. Por nós.
Foi o último concerto da digressão, foi «sunday night fever»
Foi uma noite incrível, foi inesquecível e memorável.
2016 está a ser um ano ruim para a música. «All the good ones are gone».
Mas se há coisa que nos deve reconfortar é o exemplo de Miss Sharon Jones: apesar de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, de todas as adversidades, há que olhar a vida em frente, sem medos.
E sempre, mas sempre com um sorriso.
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