Oczy Mlody, o regresso dos Flaming Lips (unicórnios incluídos!)

Eis que é dia de falar nos Flaming Lips, em Oczy Mlody, o mais novo deles.

Começo já por dizer que concordo com a Rolling Stone quando eles dizem que os Flaming Lips são uma das bandas que toda a gente devia ver antes de morrer. 
Não é só por causa de Wayne Coyne, o enigmático e mágico vocalista, mas por toda a noção de espetáculo que caracteriza a banda.

Sobre Oczy Mlody, o que dizer?
Dizer que Wayne Coyne continua brilhante, que a sua colaboração com Miley Cyrus o trouxe de volta ao que ele sabe fazer melhor, que é cantar estórias. (Sim, isto não é um erro do corrector, eu disse mesmo "cantar estórias".)
E que este álbum vem carregado de mensagens sobre aquilo que os Flaming Lips fazem de melhor: estórias sobre o humano, a dor, a tragédia e a magia de se ser humano.





Volta-se em Oczy Mlody aos confettis, aos balões, aos unicórnios, a um universo de personagens quase infantis, mas cheias de coisas de adultos, com um som cada vez mais longe de “Yoshimmi battles the Pink Robbot” e mais "operático", se é que podemos considerar as composições deles mais como "happenings" (que é a forma como a mim mais me suscita pensar nisto tudo.)

Músicas preferidas? Ora bem, sou da opinião que toda a gente deveria ouvir “There Should Be Unicorns”, não só pela participação de Reggie Watts, que,  lá pelo meio,  nos embala em jeito de contador de historias, mas porque a letra é simplesmente genial. E o som? O som faz-me oscilar entre dançar muito e cantar tudo.
Melhor, acho que não dava para ser. Ah! pois! e tem os unicórnios, lá está.



Inspirado em A$AP Rocky, Syd Barret e numa tradução polaca de Erskine Caldwell de Close to Home, "Oczy Mlody", que podemos traduzir como “Pelos olhos dos mais novos”, não podia ser mais alegórico. 

“Listening to Frogs With Deamon Eyes” é quase uma opereta de 7 minutos, e “The Castle” é a metáfora perfeita da alma humana e dos seus processos de evolução. Isto tudo claro com personagens infantis, castelos e contos de fadas. Que, se formos a ver bem são tudo menos isto. 



Melodicamente, Oczy Melody é muito coerente: elimina quase a bateria, substituindo-a por sintetizadores, as guitarras do inicio dos Flaming Lips são transformadas em pianos e em sons electronicos e a única coisa que nos lembra que continuamos a ouvir os Flaming Lips acaba por ser mesmo Coyne. 
Assim, não se estranha quando,  em “One Night”,  vamos a um universo mais techno, ou quando em “Do Glowy” ou em “We a Family” cantamos (eles, nós e a Miley!) refrães meio non-sense e dançamos. 
Muito.
Porque, realmente, não há mais nada que se possa fazer.



Oczy Mlody é um album muito mais conceptual do que outro qualquer dos Flaming Lips, que nos leva a nós, ouvintes, a mil interpretações, a sonhar com contos infantis, unicórnios e magia, com as loucuras de Coyne (que continua a ser impagável e a não ter medo de ser exactamente quem ele é!), e nos leva a rir, mas que nos leva à magia. A muitas horas de magia, conforme o vamos ouvindo. E isso é impagável. Especialmente num mundo com cada vez menos magia, como este em que vivemos hoje.


"...Her Brain was the castle, and the castle can't be build again..." em "The Castle".

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