Estórias de amor ao som do último dos The Decemberists

O menu de hoje serve-nos o som de I’ll Be Your Girl, o ultimo dos The Decemberists, de quem eu confesso ja tinha algumas saudades. Este álbum é, claramente, uma reviravolta na carreira da banda, embora me pareça que não é maduro o suficiente para os fazer mudar de ritmo. E ainda bem.

Encontramos, enquanto o ouvimos imensas referencias a outros sons, sem que isso os faça perder a identidade: em “Once in My Life”, há referencias aos sintetizadores dos New Order, "Everything is Awful" tem qualquer coisa dos ABBA e “Rusalka, Rusalka/The Wild Rushes” leva-me a “While My Guitar Gently Weeps” de George Harrison, sem que em momento se colem ao que os inspira, e podendo ser só mesmo uma sensação minha.


Acontece-me o mesmo quando ouço “Starwatcher”. Aquele inicio tem qualquer coisa que me leva aos Oasis, mas é só até Colin Meloy começar a cantar. Aquela voz entra em contraste com a languidez da melodia. Isto até entrar o refrão e a percussão que o acompanha. É uma musica de ordem, onde a sonoridade tem qualquer coisa de suave, sem nunca o ser na realidade.

Na verdade, os The Decemberists de “I’ll Be Your Girl” tentam ir em várias direcções, com várias influencias, não se comprometendo a sério com nenhuma.




“Tripping Along”, com o seu jeito “lalala”, e com muita repetição de palavras, o que faz com que a própria letra se integre com a melodia formando um único organismo. Será talvez a musica que mais se aproxima àquilo que se espera dos The Decemberists e das suas historias mirabolantes de piratas e de um universo fantástico.

Os The Decemberists continuam a adaptar-se ao ambiente que os envolve, sem perderem a mística e o charme que os caracteriza. No entanto foram ambiciosos o suficiente para sair da sua zona de conforto, o que, à partida, quer dizer que vão continuar a fazer musica boa.




No entanto, o sitio onde os meus ouvidos se sentem mais confortáveis aparece em “Your Ghost” e em “Sucker’s Prayer”, a primeira num rock carregado de percussão e com qualquer coisa que me remete aos Pogues e à musica celta, com direito a um coro que traz a musica uma dimensão mais humana e que ajuda a trazer partes da historia que não podem ser catadas de nenhuma outra forma. “Sucker’s Prayer” aparece mais em jeito blues, quase que traçando a perna ao gospel lembra-me muito a musicalidade do rock dos anos 70 e se Janis Joplin. É uma daquelas musicas que se ouve em repeat e muito alto, e que eu acho que deve soar ainda melhor quo vivo.

I’ll Be Your Girl é um álbum algo esquizofrénico: tem momentos muito bons e tem outros sofríveis que roçam o mau. Se bem que, os muito bons consigam anular a mediocridade dos outros. Mas, vamos ver uma coisa, os The Decemberists ao fim de 8 álbuns também ja não tem nada a provar a ninguém, verdade seja dita.



Este é um álbum cheio de momentos marcantes e que se tornam relevantes, desde a primeira audição, mas que ganham mais “volume” quantas mais vezes o ouvirmos. Sair da zona de conforto nem sempre é fácil, na verdade. E continuar a tentar isto ao fim de 8 álbuns, e depois de ja não haver mais nada a provar a ninguém, é ainda mais corajoso. Embora I’ll Be Your Girl seja um álbum onde ainda se sentem algumas incoerências, a mim faz me querer continuar a esperar que eles não sejam sempre iguais, e assim ficar a espera de mais.

"... and at your final end, When you are free again, No longer long to be, You will be belong to me, Your ghost, oh your ghost, Oh your ghost, oh your ghost..." em Your Ghost. 

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