Gaz Coombes, o homem mais forte do mundo

Hoje é dia de falar em World’s Strongest Man, o ultimo álbum de Gaz Coombes (o segundo em nome individual, que, para alem de ser o segundo (e ser por si só difícil) tem a árdua tarefa de suceder a Matador, que até para os Mercury Prize esteve nomeado…).

World’s Strongest Man é um álbum que tem como foco a vulnerabilidade, a admissão de defeitos e toda a parte emocional das pessoas, especialmente dos homens, ou mesmo do próprio Gaz, que lhe dá, entre muitas outras coisas, a sua voz, que sempre foi demasiado característica para ser descartada nesta análise.




O álbum vem cheio de referencias, mais ou menos notórias, conforme o background de cada pessoa que o ouve e conforme a quantidade de vezes que o ouvimos. Vou destacar algumas musicas, sendo que as poderia destacar todas, na verdade, dada a qualidade inegável que cada uma tem.


Começo por falar em “Deep Pockets”, com a sua linha de baixo muito marcada (muito ao jeito dos Black Rebel Motorcycle Club?), e muito próxima ao trabalho de Coombes com os Supergrass. Em “Shit (I’ve Done It Again)” há influencia dos Daft Punk, no inicio dramático e há a historia de culpa e arrependimento que Coombes nos vem contar.




Eu adoro os apontamentos sonoros de todo o álbum: as pausas, as guitarras, a subtileza do baixo e a bateria sempre no sitio certo. World’s Strongest Man capta o mundo ansioso em que vivemos hoje com um Gaz Coombes mais frágil e emotivo que o puto que ha 20 anos escreveu “Alright” ou “Pumpin on Your Stereo”.

O single que saiu com o album foi “Walk The Walk” (onde lhe vejo Beck?) e traz, de facto, um bocadinho de tudo o que lá podemos encontrar, ainda que eu ache “Deep Pockets” muito mais interessante a esse nivel.
“Walk The Walk” é uma musica completa: tem pausas, tem diferentes momentos, que causam diferentes sensações, e tem uma linha condutora muito forte.




A musica que dá nome ao álbum “World’s Strongest Man”, onde vejo muitas influencias dos Radiohead, traz-nos uma guitarra solitária, que abre a musica, dando-lhe uma dimensão quase catarctica, até que chega a voz de Coombes naquele seu falsete perfeito.

O baixo só entra mais tarde e traz, junto com os pozinhos de perlimpimpim dos sintetizadores, uma nova dimensão. É uma musica construída por camadas, indie rock como já se faz pouco, sem grandes guitarradas eléctricas, mas muito bem pensado.




Tudo aqui tem um ar grandioso, e nota-se que foi muito pensado. É o trabalho de alguém que já ca anda há algum tempo e que sabe o que faz.
Gaz Coombes, apesar de ainda nos fazer remeter ao Britpop, não é só isso: é rock, é indie, é guitarras que se misturam com orquestra.

Outro dos meus destaques é “Vanishing Act”, não só pela letra, mas pela força/forma como Coombes canta.
É uma musica muito visual, onde conseguimos facilmente fazer um filme e vê-lo ali quando a musica toca. Para mim é uma das pérolas do álbum. Acaba inesperadamente assim como começou.
Também é impossível não falar em “Weird Dreams”, mais electrónica. E tenho que falar nela porque sai um tanto fora de tudo o que World’s Strongest Man nos traz. É, para mim, um bocado fora do baralho, não sendo, de todo, uma musica desinteressante.




The World’s Strongest Man é um álbum muito cuidado (e cuidadoso), com a forma como aborda os temas: inseguranças, linhas de comportamento humano, sonhos e vivências.

É uma espécie de analise da vida, dos erros e das conquistas.
Como tal, e visto por aí, parece-me muito coerente e muito conciso.

Musicalmente também o é, quer pela melodia das canções, quer pela forma , e/ou pelas diferentes camadas com que são construídas as canções que o compõe. 
Parece-me a mim que, mais uma vez, Gaz Coombes sabe muito bem o que faz, e eu já tinha saudades dele.

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