O ouro das sessões de fogo de Miss Santigold

Foi com espanto, e muita alegria, que soube que Santigold tinha voltado. E que, sem avisar lançou I Don’t Want: The Gold Fire Sessions num destes dias.

O álbum novo combina o passado de Santigold, todas as influencias do seu trabalho com Major Lazer, MIA ou com Diplo, por exemplo, com a sua paixão pelo experimental. I Don’t Want: The Gold Fire Sessions é um álbum sem barreiras e sem fronteiras, com muito de mundo dentro dele, e nem os 10 anos que nos separam do seu primeiro álbum fazem com que o seu som tenha ficado lá atrás: Santigold continua a fazer musica com um som actual e coerente.




Tudo começa aqui ao som de “Coo Coo Coo” e com os seus ritmos que nos levam ao Calipso e ao Dancehall (e que nos dão a entrada para um álbum que vagueia muito por entre estes ritmos).

Que bom que temos Santigold de volta! Já tinha saudades de dançar tanto. É uma abordagem muito mais World Music do que no album anterior, que era muito mais do mundo do Hip Hop, e era, para mim, muito menos apelativo.



I Don’t Want: The Gold Fire Sessions é um regresso às origens de Santigold, ainda que a voz dela nunca nos deixe esquecer quem a canta. Longe vão os tempos de "Freak Like Me" ou "Lights Out", verdade seja dita, e, Santigold, continua impagável: sem avisar ninguém lançou este I Don’t Wait: The Gold Fire Sessions, numa especie de Mixtape, meio em jeito de gravação de estúdio, sem grande produção, mas com muita intenção, que me pôs a dançar desde que a ouvi pela primeira vez.




Lá no meio aparece a que, para mim, é a pérola do álbum: “Wha’ You Feel Like”, cheia das influencia iniciais que ela nos mostrou, e das dos seus trabalhos com muitas das estrelas do Hip Hop mundial, sempre cheia de sons tribais dos vários cantos da World Music. Santigold vem fazer-me mexer a anca com os seus beats. Alias, ela sempre teve esse efeito em mim.



Todas as musicas tem qualquer coisa de tropical, quer seja o tom mais dancehall de “I Don’t Want” ou “Crashing Your Party”, quer o reggae dançável de “Valley of The Dolls” ou “A Perfect Life”, mas, a verdade é que, eu acho que Santigold faz melhor quando vai mais para os ritmos tribais, como em “Why Me” ou em “Gold Fire”.

A história de ser uma mixtape também faz com que o álbum tenha uma coesão ao nível da continuidade entre as musicas, o que às vezes não acontece quando se passa para a produção mais cuidada: a sessão de gravação é um todo, feita de uma vez, e saem, musica atrás de musica, de forma mais orgânica.



Gosto sempre muito das entradas das musicas, acho-as sempre muito conseguidas. As guitarras são sempre muito acutilantes e a própria voz de Santigold dá às musicas a potencia que elas pedem.
Sempre tive alguma dificuldade com musicas mais lentas e sempre precisei de beats fortes e determinados para me porem a dançar (não sei se é defeito ou feitio), Santigold sempre esteve na minha lista correspondendo a estes quesitos na perfeição, e sempre fez isto de uma forma muito especial. 
E, esta nova abordagem, em modo mixtape, sem artifícios, parece-me uma boa viragem no caminho.

Santigold regressa assim ao melhor que sabe fazer: musicas com ritmo e cheias de si.

"...don’t want to be a fake, I didn’t want to beg, I don’t want to be a waste, I don’t want to be a lie, It ain’t sincere if I hold it back..."

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.