Viagens à realidade virtual patrocinadas pelos of Montreal

Hoje falo em White Relic/Irrealis Mood, o ultimo dos of Montreal, um álbum muito complexo e muito rico instrumentalmente. White Relic/Irrealis Mood é, para mim, o melhor álbum da banda até agora e quanto mais se ouve mais pormenores se lhe encontra.

Se quando falei nos The Decemberists disse que ao fim de 8 álbuns não há mais nada a provar, o que se pode dizer ao fim de 15? Que se ao fim desses mesmos 15 ainda se fazem obras como esta é porque sabemos mesmo bem o que andamos cá a fazer. E se ao fim de tantos registos ainda conseguimos analisar a realidade por outro prisma que não o que nos deixa confortáveis é porque andamos a viver a vida da forma mais produtiva possível.




O álbum é uma espécie de viagem pela realidade virtual ou por um universo paralelo, sem esquecer as mensagens mais ou menos politicas ou politizadas e todas as coisas que guiam a nossa realidade, a desta dimensão, e que é muitas vezes mais irreal do que a própria ficção.

“Soft Music/Juno Portraits of the Jovian Sky” é uma grande entrada para esta analise, meio em jeito dance, mas muito mais electrónico do que dançável. Um rock, com distorções de som e de voz, e com a voz de Kevin Barnes sempre em primeiro plano. “Paranoiac Intervals/Body Dysmorphia” é uma canção mais dançável, mas, segue o mesmo alinhamento da primeira musica. Aqui o tema é serio, mas tratado de uma forma cómica, quase parodiando tudo o que é comum ao álbum: a vida como as pessoas a vivem.


Se há uma critica aqui, no meu caso, é a de que as musicas são muito compridas. Pelo menos a uma primeira ou até segunda audição. A verdade é que, à medida que vamos ouvindo tudo começa a fazer mais sentido e isso passa a ser menos relevante, se bem que 7 minutos a mim continua me a aborrecer ainda agora.

Writing The Circles/Orgone Tropics” é um outro registo, mais downtempo, mas com mais distorções na voz e menos na melodia, o que torna a canção mais introspectiva e mais densa, explodindo no refrão e trazendo uma dimensão mais operatica à canção. Uma das vantagens de as musicas serem tão compridas é que podemos ver a sua evolução, e até onde é que os of Montreal nos querem mesmo levar. Ainda assim aborrece-me. 




Plateau Phase/No Carrerism No Corruption” é mais ritmada, mais electrónica e com mais efeitos psicadélicos. Talvez este som seja o que mais associo aos of Montreal, pelo menos tenho sempre essa mesma sensação, de cada vez que a ouço, e é a canção onde a voz aparece mais límpida. A mensagem é mais politica embora nos conte uma historia que é, mais uma vez, real.

A minha musica preferida deste White Relic/Irrealis Mood é “If You Talk To Symbol/Hostillity Voyeur”, com uma entrada é especialmente espectacular. “… if you talk to symbol tell her I’ve moved on, I’m Ghosting her ‘Cause I want it to be over…” nada mais real nos tempos que correm na tal realidade virtual que é aqui analisada. A tal realidade virtual que se mistura mesmo com a desta dimensão. “… I guess I know that I’m wrong…”, e a vida continua. E para os Of Montreal continua de uma forma descomplexados e optimista. E esta foi a forma mais perfeita de acabar o álbum. como se nos estivessem a avisar que, a seguir, eles também vão desaparecer dos meus ouvidos.




White Relic/ Irrealis Mood é um álbum que, para mim, roça o genial, daí que eu tenha precisado tanto de falar sobre ele. 
Talvez não seja um impacto imediato, ou talvez precise até de se entranhar porque foge do que é costume ouvir-se. Sendo Irreal ou não é assim que eu o vejo, o que o transforma na minha realidade. Sem reliquias de maior.


"...there is no anger, no I'm not as fragile as before I've decided not to be a voyeur of this war (hey!)..." em If You Talk To Symbol/Hostillity Voyeur.

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