A pop viciante dos Everything Everything


Ouvir uma banda sem conhecer o seu disco de estreia pode ter o seu lado bom, até porque, como se diz no meio, o segundo é sempre o mais difícil. Foi o que aconteceu com os Everything Everything, uma banda indie britânica (mais uma!), que há poucas semanas lançou "Arc", o seu segundo.

Sim, já tinha ouvido falar deles, quando fizeram parte da lista da BBC Sound of 2010, e o álbum de estreia "Man Alive" foi um dos nomeados para o Mercury Prize em 2011, mas até hoje não os tinha ainda escutado.

E descobri que são uma banda simpática para ouvir num passeio pelo bairro à caça do sol de inverno. Porque as músicas têm uma batida contagiante, animada por vezes, mais emocional noutras tantas. Como se se moldassem ao nosso próprio ritmo.




Com a voz de Jonathan Higgs a transportar-nos para um universo futurista, nem sempre risonho, “Cough Cough”, o tema que abre o álbum e também o single de apresentação, é viciante, com um refrão - "but i'm coming alive / i'm happening now" - que parece ter sido feito para nos acordar. “Duet” é aquele momento em que vamos percebendo o que (não) se passa à nossa volta. Um momento de descompressão, de acalmia. Ou então não, porque o último minuto tem um crescendo fantástico, a apelar ao despertar de cada um de nós, que nos dá vontade de pôr o volume no máximo!




Em “Choice Mountain” brincam com a electrónica e “Undrowned” pisca o olho à formação clássica. “Armourland” leva-nos a um universo mais romântico, com a voz de Higgs a seduzir-nos - "I wanna take you home / Take off your blindfold / and show you what I am" - e “The House is Dust” prende-nos com a sua voz de falsete.

“Radiant” traz-nos de volta à pop, eficaz e descomplicada para nos obrigar a agir e reagir - "and you could make a difference so easy / you could make a difference but you don't" .  “The Peaks” apela ao lado mais emocional dos Everything Everything, com alguns momentos à Sigur Rós, e “Don’t Try” faz notar pequenas influências de R&B que dão mais cor ao tema.




O que apenas confirma aquilo que se vai escutando ao longo dos 13 temas de “Arc”. Que a música já não é só pop ou só rock. Que os estilos e as influências misturam-se, complementam-se, fundem-se. E renovam-se.

And I’ve seen more villages burn than animals born, I’ve seen more towers come down than children grow up

(Everything Everything em "The Peaks")

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Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.