(Finalmente!!!) Os sons quentes dos Jagwar Ma
Pois é, hoje é a vez de (finalmente!!!) falarmos nos Jagwar Ma, uma banda australiana com um som particularmente peculiar, daqueles mesmo bons para aquecer o Inverno e nos fazer lembrar o Verão.
Confesso que sempre fui fã de bandas australianas, mesmo que, como sempre, no inicio não faça ideia de onde é que vêm, quer seja ao nível mais electrónico, quer seja ao nível de um som mais indie rock - sinto-me muito tentada a usar aquele cliché do "aussies do it better". Vá se lá saber porquê.
Este trio, composto por Gabriel Winterfield, Jono Ma e Jack Freeman lançou o seu primeiro single em 2011, mas só em 2013 nos presenteou com "Howlin'" o seu álbum de estreia. E é deste "Howlin'" que eu quero falar hoje. Porque, apesar do atraso, acho que é um álbum muito relevante no panorama "meio morno" das coisas que eu andei a ouvir no fim do ano que passou. Há alturas assim. Ou então é da minha memoria que anda altamente selectiva. Também pode ser.
A critica define o som dos Jagwar Ma como "Phsycadelic" e "Dance"... ora bem, eu, cá para mim, até entendo isto, a minha única questão é que eu vejo-lhes outras "cores" que não são só estas.
Claro que sim, que podemos ver um lado muito dançável, muito quase ao jeito dos prodigiosos LCD Soundsystem (que no meu caso é como quem diz que isto é muito, mas muito bom...), como podemos verificar em "Backwards Berlin", "Man I Need" ou em "What Love" - desta última destaco a entrada densa que se desenvolve quase em modo underground, com uma melodia que nos entra quase como se fosse um mantra e que nos envolve com sintetizadores muito bem conseguidos e que é um dos exemplos do que de mais dançável têm os Jagwar Ma.
Encontro também alguma coisa dos LCD Soundsystem em "Uncertainty", onde há também influencias mais indie (Foals). Ou um lado mais electrónico outra vez (e fazemos a perigosa comparação com os Metronomy, por exemplo, aqui com a voz de Winterfield a levar-nos quase de viagem a um mundo mais mágico e mais leve). "Uncertainty" é dona de uma batida muito mais poderosa que as musicas que já referi, e com a voz de Winterfield a aparecer de forma quase "colante", juntamente com a letra (que é muito, muito, muito boa) faz com que não se consiga descolar dela.
Em "The Throw" entramos num universo um bocadinho mais "trash" no inicio, sempre com um som enigmático e quase hipnotizante, muito levezinho. "The Throw" é dona de harmonias muito bem conseguidas, que nos embalam, muito longe das batidas mais synthpop com que andamos a ser invadidos ultimamente. O final é brilhantemente harmonioso e marcante, ainda que de forma quase delicada.
Destaco, em todas as músicas, a linha de baixo, que é absolutamente prodigiosa (como deve acontecer nestas coisas mais electrónicas, digo eu...), e que acaba por ser a nossa guia mais poderosa nesta viagem com os Jagwar Ma.
Para mim, o momento mais electrónico deste "Howlin'" aparece-nos com "Four", que é também muito mais enigmática e mais dançável - apesar de eu ter que admitir que, para mim é demasiado comprida, ou que provavelmente resultaria melhor se fosse um bocadinho mais curta... Sou sempre da opinião que devemos ficar com aquela sensação de "...vou ouvir outra vez porque é tão bom..." do que com aquela outra do "nunca mais acaba...".
Abandonemos agora a parte mais "psicadelica", e vamos ao que resta de "Howlin'". Correndo o risco de estar completamente errada, assim que ouvi "Exercise", "Let Her Go", "Come Save Me" ou "That Loneliness" senti-me quase transportada para os anos 60, para uma qualquer praia e para o som dos Beach Boys. Ou seja, para um som quase Old School, mas sem o ser na totalidade, como se os Beach Boys fizessem musica em 2014. E não, isto não é uma queixa; pelo menos para mim, isto é bom.
Para ultimo, deixei "Did You Have To", por mais nada a não ser porque este, para mim é o momento "Fofinho" de "Howlin'", o momento mais slow, ainda com influencias dos Beach Boys (digo eu) com o tal tom mais Old School que lhe dá um som no mínimo encantador e muito mais intimista, e que, em alguns momentos até nos faz arrepiar.
Então, e no fim, o que concluir deste "Howlin'"?
Que para mim, este é um álbum que vem recheado de imagens de bom tempo, de sol e de coisas boas daquelas do Verão, que tem um som que não se confunde neste mundo mais democratizado e onde temos acesso a milhões de coisas todos os dias, e que mesmo quando os Jagwar Ma pegam em musicas das outras bandas (como o fizeram com "Why'd You Only Call Me When You're High" dos Arctic Monkeys (obrigada pela dica Miss GindeDiscos!)) não deixamos de saber que são eles assim que os começamos a ouvir.
E isso, pelo menos para mim, é muito bom.
"...How can you, How can you look so gloomy? When you glue me, how can you look so good to me...'" em Uncertainty.
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